(Artigo de Opinião)
Autora: Rebecca James
Título Original: Sweet Damage (2013)
Tradução: Isabel Veríssimo
ISBN: 978-989-8775-43-6
Nº de páginas: 384
Nº de páginas: 384
Editora: Suma de Letras Portugal
Sinopse
Quando Tim Ellison encontra um quarto barato para alugar num dos melhores locais de Sydney, parece um golpe de sorte: estará perto do restaurante onde trabalha e ainda mais perto do seu lugar preferido para praticar surf. Mas há uma condição para que possa arrendar o quarto: Tim terá de fazer todos os recados à misteriosa dona do quarto, uma mulher muito reservada e pouco amistosa, que nunca abandona a casa.
Tim esforça-se cada vez mais por conhecer melhor a figura inquietante de Anna. A princípio muito reservada, ela começa a revelar-se aos poucos: a sua história, a sua tristeza, os seus medos paralisantes.
É então que começam a acontecer coisas estranhas na casa: golpes a meio da noite, figuras inexplicáveis nas sombras, mensagens sinistras nas paredes. Tim assusta-se porque, ao mesmo tempo que o seu desconforto em relação àquela casa vai aumentando, crescem também os seus sentimentos pela bela e misteriosa dona da casa.
Que tipo de pessoa será Anna London: alguém que merece compaixão, alguém para amar ou alguém para temer?
Inconscientemente, somos levados a desconfiar dos vivos e dos mortos, numa tentativa de encontrar uma explicação. Talvez se deva ao facto de o livro ser relatado por Tim mas, de forma quase impreterível, ficamos sempre do seu lado. As suas desconfianças e os seus receios refletem-se irremediavelmente no leitor.
Com um final surpreendente perfeito, "Doce Tortura" instala em nós um sentimento de arrependimento e é inevitável sentirmo-nos culpados por duvidarmos das pessoas erradas. A forma quase mágica como todos os pormenores se encaixam na plenamente e nos conduzem à chave do problema, traduz-se na necessidade sentida de continuar a passar as páginas e de mergulhar mais a fundo na narrativa. Rebecca James e a Suma de Letras presenteiam-nos com um livro que nos agarra e nos tortura docemente com uma constante ânsia por respostas.
Tim esforça-se cada vez mais por conhecer melhor a figura inquietante de Anna. A princípio muito reservada, ela começa a revelar-se aos poucos: a sua história, a sua tristeza, os seus medos paralisantes.
É então que começam a acontecer coisas estranhas na casa: golpes a meio da noite, figuras inexplicáveis nas sombras, mensagens sinistras nas paredes. Tim assusta-se porque, ao mesmo tempo que o seu desconforto em relação àquela casa vai aumentando, crescem também os seus sentimentos pela bela e misteriosa dona da casa.
Que tipo de pessoa será Anna London: alguém que merece compaixão, alguém para amar ou alguém para temer?
Este exemplar foi-me gentilmente cedido pela Suma de Letras em troca de uma opinião sincera
Opinião
"Doce Tortura" é uma obra muito completa. Contém drama, mistério, romance, e aborda temas como a vulnerabilidade, a duplicidade, a morte, o pânico, os distúrbios, a perda, o medo e a loucura.
A capa do livro está muito bem conseguida. As cores pálidas em degradê traduzem o desvanecimento da tristeza de Anna London, a rapariga representada na capa - que se mantém fiel à história, pois tem o cabelo atado e usa roupas cinzentas e largas. Olha por uma janela, observa o mundo, pois está fechada em casa, presa pelo próprio medo. O título é sugestivo devido ao contraste entre as palavras "doce" e "tortura" que são, de certa forma, incompatíveis. O relevo das letras também confere sofisticação à capa; porém, aquilo de que mais gostei foi o efeito dado à palavra "tortura" - assemelhando-se a vidro partido.
Tim Ellison é um rapaz que dá um sentido demasiado literal à expressão carpe diem. Para ele, o que interessa é aproveitar a vida. Vive em Sydney, onde está a passar uma temporada no sofá da casa da ex-namorada, Lilla, que vive com o namorado, Patrick, depois de ter passado uns tempos na Indonésia, com o suposto intuito de reencontrar o rumo da sua vida. Provavelmente por ter aproveitado a ida ao exterior para surfar, Tim volta ainda sem perspetivas para o futuro. Tenciona continuar a trabalhar na cozinha do restaurante do pai e aproveitar o tempo livre para se dedicar ao surf.
A trama começa quando Lilla lhe sugere que está na altura de sair lá de casa e encontrar um lugar para si. Quase que milagrosamente, surge um quarto barato para alugar numa imponente e fina casa de Fairlight, e que ainda se encontra perto do restaurante do pai e do seu lugar preferido para praticar surf.
Tim muda-se para a casa e conhece a sua nova companheira e senhoria, Anna London, uma rapariga de 20 anos que é a proprietária de Fairview, onde vive sozinha, depois de os pais terem falecido num acidente de carro. Anna é extremamente misteriosa e reservada e Tim sente algumas dificuldades na comunicação. Ela conta-lhe da sua agorafobia - medo incapacitante de sair de casa - e diz-lhe que decidiu arrendar o quarto porque precisava de ajuda nas compras, uma vez que não podia sair. Tim não vê nisso um problema.
Tudo se complica com as estranhas e macabras coisas que começam a acontecer em Fairview: a figura misteriosa que vê observá-lo durante a noite, os barulhos, a cozinha destruída, as palavras escritas na parede... Tim começa a questionar-se sobre a sanidade de Anna, que vê e ouve chorar todos os dias, e sobre a viabilidade de continuar a viver naquela casa. E quem é Benjamin, a pessoa sobre quem Anna, Marcus e Fiona falam em segredo?
Marcus e Fiona Harrow são irmãos e, aparentemente, os únicos amigos de Anna. São dois personagens misteriosos que, ao início, não fazem muito sentido mas que, com o desenrolar da história, se tornam essenciais. São enigmáticos e imperscrutáveis, e contribuem para o clima geral de intriga.
O livro é narrado na primeira pessoa por Tim , sendo que também contém alguns capítulos relatados por um narrador omnisciente, apresentando a perspetiva de Anna e algumas lembranças estruturantes. O suspense é um elemento constante, embora se vá acentuando à medida que nos aproximamos das revelações finais.
A capa do livro está muito bem conseguida. As cores pálidas em degradê traduzem o desvanecimento da tristeza de Anna London, a rapariga representada na capa - que se mantém fiel à história, pois tem o cabelo atado e usa roupas cinzentas e largas. Olha por uma janela, observa o mundo, pois está fechada em casa, presa pelo próprio medo. O título é sugestivo devido ao contraste entre as palavras "doce" e "tortura" que são, de certa forma, incompatíveis. O relevo das letras também confere sofisticação à capa; porém, aquilo de que mais gostei foi o efeito dado à palavra "tortura" - assemelhando-se a vidro partido.
Tim Ellison é um rapaz que dá um sentido demasiado literal à expressão carpe diem. Para ele, o que interessa é aproveitar a vida. Vive em Sydney, onde está a passar uma temporada no sofá da casa da ex-namorada, Lilla, que vive com o namorado, Patrick, depois de ter passado uns tempos na Indonésia, com o suposto intuito de reencontrar o rumo da sua vida. Provavelmente por ter aproveitado a ida ao exterior para surfar, Tim volta ainda sem perspetivas para o futuro. Tenciona continuar a trabalhar na cozinha do restaurante do pai e aproveitar o tempo livre para se dedicar ao surf.
A trama começa quando Lilla lhe sugere que está na altura de sair lá de casa e encontrar um lugar para si. Quase que milagrosamente, surge um quarto barato para alugar numa imponente e fina casa de Fairlight, e que ainda se encontra perto do restaurante do pai e do seu lugar preferido para praticar surf.
Tim muda-se para a casa e conhece a sua nova companheira e senhoria, Anna London, uma rapariga de 20 anos que é a proprietária de Fairview, onde vive sozinha, depois de os pais terem falecido num acidente de carro. Anna é extremamente misteriosa e reservada e Tim sente algumas dificuldades na comunicação. Ela conta-lhe da sua agorafobia - medo incapacitante de sair de casa - e diz-lhe que decidiu arrendar o quarto porque precisava de ajuda nas compras, uma vez que não podia sair. Tim não vê nisso um problema.
Tudo se complica com as estranhas e macabras coisas que começam a acontecer em Fairview: a figura misteriosa que vê observá-lo durante a noite, os barulhos, a cozinha destruída, as palavras escritas na parede... Tim começa a questionar-se sobre a sanidade de Anna, que vê e ouve chorar todos os dias, e sobre a viabilidade de continuar a viver naquela casa. E quem é Benjamin, a pessoa sobre quem Anna, Marcus e Fiona falam em segredo?
Marcus e Fiona Harrow são irmãos e, aparentemente, os únicos amigos de Anna. São dois personagens misteriosos que, ao início, não fazem muito sentido mas que, com o desenrolar da história, se tornam essenciais. São enigmáticos e imperscrutáveis, e contribuem para o clima geral de intriga.
Inconscientemente, somos levados a desconfiar dos vivos e dos mortos, numa tentativa de encontrar uma explicação. Talvez se deva ao facto de o livro ser relatado por Tim mas, de forma quase impreterível, ficamos sempre do seu lado. As suas desconfianças e os seus receios refletem-se irremediavelmente no leitor.
Com um final surpreendente perfeito, "Doce Tortura" instala em nós um sentimento de arrependimento e é inevitável sentirmo-nos culpados por duvidarmos das pessoas erradas. A forma quase mágica como todos os pormenores se encaixam na plenamente e nos conduzem à chave do problema, traduz-se na necessidade sentida de continuar a passar as páginas e de mergulhar mais a fundo na narrativa. Rebecca James e a Suma de Letras presenteiam-nos com um livro que nos agarra e nos tortura docemente com uma constante ânsia por respostas.
Música que aconselho para acompanhar a leitura: Another Love_Tom Odell
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