Nuno Nepomuceno nasceu em 1978, nas Caldas da Rainha.
É licenciado em Matemática pela Universidade do Algarve e reside na região Oeste.
No ano letivo 2000/2001, recebeu o Prémio do Senado da Universidade do Algarve para melhor média final de curso e a Bolsa de Estudo por Mérito.
Em 2003, ingressou na empresa NAV E.P.E. - a prestadora de serviços de tráfego aéreo em Portugal.
Até 2008, trabalhou na Torre de Controlo de Ponta Delgada, e atualmente, na do Aeroporto de Lisboa.
Em 2012, venceu o Prémio Literário Note! com O Espião Português, o seu primeiro romance. É também autor dos contos «Redenção» e «A Cidade», este último incluído na coletânea Desassossego da Liberdade. A Espia do Oriente é o seu novo livro, o segundo da série Freelancer. Encontra-se a trabalhar na conclusão da trilogia, que em breve será publicada pela TopBooks.
Em 2003, ingressou na empresa NAV E.P.E. - a prestadora de serviços de tráfego aéreo em Portugal.
Até 2008, trabalhou na Torre de Controlo de Ponta Delgada, e atualmente, na do Aeroporto de Lisboa.
Em 2012, venceu o Prémio Literário Note! com O Espião Português, o seu primeiro romance. É também autor dos contos «Redenção» e «A Cidade», este último incluído na coletânea Desassossego da Liberdade. A Espia do Oriente é o seu novo livro, o segundo da série Freelancer. Encontra-se a trabalhar na conclusão da trilogia, que em breve será publicada pela TopBooks.
(Biografia retirada do site oficial do autor: http://www.nunonepomuceno.com/)
Começo por deixar aqui o meu agradecimento ao Nuno por ter partilhado comigo os seus livros, por ter aceite responder a esta entrevista e por toda a simpatia e sinceridade com que enfrentou este pequeno desafio.
Entrevista:
Dream Pages (D.P.): 1_Quando começou a escrever?
Nuno Nepomuceno (N.N.): Há quinze
anos. Fiz uma primeira incursão durante um período de férias da universidade,
mas acabei por não a concluir. Voltei a tentar três verões depois, altura em que
iniciei a redacção do manuscrito que mais tarde se veio a tornar em O Espião
Português.
D.P.: 2_Em que contexto surgiu a trilogia "Freelancer"? Porque decidiu participar no concurso da Note!?
N.N.: O
desejo da escrita é algo que acalentava há imenso tempo. Quando a minha vida profissional
estabilizou, há doze anos, decidi que iria fazer uma nova tentativa. Acabei por
ficar bloqueado com apenas um terço do livro redigido e voltei a desistir. Dois
anos mais tarde, alterei o tempo verbal e recomecei outra vez. Foi um processo
longo, que se estendeu até 2011, altura em que terminei o livro. A partir daí,
procurei uma editora. Achava que tinha uma boa história em mãos e queria
publicá-la de forma a que chegasse ao público de modo abrangente. No fim desse
mesmo ano vi o anúncio da Note!. Decidi concorrer e acabei por vencer. Foi
durante essa época que comecei a escrever A
Espia do Oriente. A ideia da trilogia foi algo que sempre tive desde o
início. Foi assim que imaginei o que queria contar – em três estádios. O último
volume será publicado em breve.
D.P.: 3_De onde vêm as suas personagens? Identifica-se com alguma delas?
N.N.: André,
o protagonista da trilogia, tem alguns pontos de contacto comigo, embora de
forma marginal. Achei que seria mais fácil, tendo em conta que era a minha
primeira experiência. As restantes personagens foram construídas em torno dele,
ou do que desejava fazer com o livro. Também gosto muito de Anna, a heroína de A Espia do Oriente, por ser extremamente
carismática, e de Elena, a vilã. Dá-me mais liberdade, porque não estou tão
preso a um código moral convencional.
N.N.: Aceito-as
com naturalidade. É impossível agradar a todas as pessoas. Eu próprio, enquanto
leitor, também não gosto de tudo o que compro. Felizmente, o retorno que tenho
tido de ambos os livros tem sido extremamente positivo, algo mais do que
esperava, até, mas quando alguém faz reparos negativos, não é um problema,
desde que não tenha o intuito de ofender de forma deliberada. O direito de
expressão existe e deve ser utilizado.
D.P.: 5_O que sente quando escreve? O que lhe dá mais prazer na escrita? Qual é a maior dificuldade que sente quando está a escrever?
N.N.: O
que me agrada mais no acto de escrever é o poder viver e pensar como a
personagem, ou seja, segundo o mundo de outra pessoa. Tento envolver o leitor,
transportá-lo para o universo que estou a criar, colocá-lo a ver aquilo que eu imaginei.
Esse é o meu maior prazer. Tocar e emocionar quem se encontra do outro lado. A
maior dificuldade é manter o ritmo de trabalho. Não escrevo de forma tão
regular quanto desejo.
D.P.: 6_Tem algum ritual de escrita? Visitou fisicamente todos os locais sobre os quais escreve, ou faz apenas pesquisa?
N.N.: Normalmente,
começo sempre por rever e muitas vezes reescrever o capítulo anterior antes de
começar um novo. Também não escrevo se não tiver pelo menos três horas livres
para o fazer. E é raro iniciar algo com uma página completamente em branco.
Redijo algumas ideias, esboço outras tantas frases, visualizo o início e o fim,
e só depois avanço.
No
que concerne aos cenários que utilizo nos livros, a pesquisa que faço é mista.
Conheço algumas cidades, para as quais viajei de propósito com o intuito de as
incluir na trilogia. É o caso de Budapeste e Praga, por exemplo. Mas às vezes
também acabo por recorrer a revistas de viagens e outra imprensa especializada,
pois a acção decorre em alguns locais extremamente distantes e algo caros. É o
caso do Dubai, ou da estância de inverno em Courchevel. E há ainda a gestão do
tempo a fazer. Já escrevo de forma profissional e conciliar esta carreira com a
outra que mantenho não tem sido fácil. Utilizo com frequência as férias do meu
primeiro emprego para conseguir progredir de forma mais substancial no romance
em que me encontro a trabalhar, razão pela qual a disponibilidade para viajar
não é maior.
D.P.: 7_Para além de escrever, qual é o seu maior talento?
N.N.: Perseverar.
Acho que foi isso que me fez conseguir publicar a trilogia.
D.P.: 8_Considera a escrita uma necessidade ou um passatempo?
N.N.: Conseguia
viver sem escrever. Podia dizer o contrário para transmitir uma outra imagem de
mim, mas é a verdade. Contudo, enquanto me der prazer, vou continuar a fazê-lo,
porque gosto. E mesmo no início, quando comecei O Espião Português, nunca o encarei como um passatempo. Sim uma
experiência, algo que queria tentar. Foi por isso que fiz três ensaios até
chegar ao manuscrito final.
D.P.: 9_Prefere ler ou escrever?
N.N.: É um misto
de ambos. Eu comecei a escrever porque gostava de ler e queria saber como seria
estar do outro lado, ter o poder de criar um imaginário, decidir o destino das
personagens. Agora, já sei como é, mas o sentimento mantém-se. Escrevo e também
leio, infelizmente não tanto quanto desejaria, dada a falta de tempo.
D.P.: 10_O que pensa que seria do mundo sem livros?
N.N.: Extremamente
aborrecido. A nossa imaginação é muito poderosa. É possível sorrir, chorar e
viajar a ler um bom livro. Seria uma grande perda para a humanidade se não
existissem.
D.P.: 11_Qual é o seu escritor favorito?
N.N.: Daniel
Silva. Considero-o o maior autor da actualidade dentro do género da espionagem
e vejo a longevidade da série Allon como um exemplo.
D.P: 12_Qual é o seu livro preferido?
N.N.: Os Pilares da Terra, de Ken Follett. É o
romance histórico perfeito.
D.P.: 13_Houve algum livro que o tenha feito olhar o mundo de forma diferente?
N.N.: O Estranho Caso do Cão Morto, de Mark
Haddon. Apresenta o tema do autismo de uma forma extremamente divertida, mas ao
mesmo tempo humana e sensível. É um livro que recomendo a qualquer pessoa.
D.P.: 14_Prefere o livro ou o filme?
N.N.: Os livros são mais ricos, porque têm mais informação e descrição, mas
há filmes muito bem feitos e interessantes. A minha memória é essencialmente
visual. Retenho mais imagens do que nomes, por exemplo. Desde que tenham
qualidade, gosto tanto de um, como do outro.
N.N.: Kissing a Fool, de George Michael. Fomos
apresentados durante as minhas viagens entre Ponta Delgada e Lisboa, numa
altura em que residi em S. Miguel. Apanhei-a a tocar algumas vezes durante o
embarque, mas não sabia quem a cantava e não desisti até o descobrir. Tem
algumas influências de jazz, que é um
género musical que ouço pouco, mas que aplicado a este registo funciona bem. E
a melodia é lindíssima.
D.P.: 16_Costuma ouvir música quando está a escrever?
N.N.: Por
vezes, sim, desde que o volume esteja baixo e não seja algo novo e que me
desperte a atenção. Desconcentro-me com facilidade.
D.P.: 17_É fácil conciliar a escrita com o seu trabalho e a sua vida? Como é que um homem da ciência convive com a literatura e com a escrita?
N.N.: Há dias bons e maus. Sinto-me abençoado por ter a oportunidade de ter
duas carreiras das quais gosto bastante e que escolhi livremente. E isso torna
os sacrifícios que tenho de fazer muito mais fáceis. Portanto, é só uma questão
de equilíbrio, algo que também considero que deve existir na nossa formação.
Sou licenciado em Matemática, mas, enquanto português que sou, tenho a
obrigação de conhecer e utilizar correctamente a minha língua.
D.P.: 18_Qual é a sua citação favorita?
N.N.: «A
vida é como uma caixa de chocolates. Nunca sabemos o que vamos encontrar quando
a abrimos.» (Forrest Gump, 1994)
D.P.: 19_Quem/Qual é a sua fonte inspiração?
N.N.: Varia um pouco. Pode ser uma música, uma fotografia, algo que leio, um
local, ou mesmo uma pessoa com quem me cruzo pontualmente. Tudo poderá
despoletar uma imagem e isso é suficiente para mim. Por exemplo, o último livro
da trilogia é inspirado num discurso de guerra de Winston Churchill.
D.P.: 20_Qual é o seu maior sonho?
N.N.: Conseguir
o respeito dos leitores.
D.P.: 21_Qual é o seu lema de vida?
N.N.: Trabalhar.
Acredito no valor do trabalho.
D.P.: 22_Sei que o último livro da trilogia está para breve. Planeia trabalhar em novos projetos? O que podem os leitores esperar para o futuro?
N.N.: Sim, uma
vez publicada toda a trilogia, o passo seguinte será iniciar um novo romance
policial. Tratar-se-á de um livro sem qualquer espécie de continuidade, ou
seja, isolado, onde espero manter a evolução que tenho feito. Para já, irei ficar
dentro deste género literário durante alguns anos.
D.P.: 23_Onde podem os leitores adquirir os seus livros “O Espião Português” e "A Espia do Oriente"?
N.N.: Em
qualquer livraria, bem como o terceiro volume, cuja data de publicação deverá
ser anunciada em Outubro. Já Desassossego
da Liberdade, a colectânea de autores em que participei com o conto «A Cidade», só através do site da Livros de Ontem.
D.P.: 24_Alguns conselhos para os novos escritores?
N.N.: Que levem o
seu tempo e não se deixem condicionar por pressões, mesmo quando auto-impostas.
O mercado livreiro é muito exigente e complexo, e mais vale aperfeiçoar o que
estão a escrever do que ceder à tentação de o apresentar de imediato às
editoras.
D.P.: 25_E, por fim, qual é para si o maior segredo do Universo?
N.N.: A
felicidade. É o que todos desejamos.
Opiniões do blogue a obras de Nuno Nepomuceno:
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