Os Maias
De Eça de Queiroz
A face autêntica de uma pátria que talvez ninguém tenha tão amado e detestado
Sinopse:
«É um Portugal realmente presente que ele interroga e que o interpela. É a sua província, a sua capital, os seus pasmosos habitantes, os costumes, os sonhos medíocres hipertrofiados, a inenarrável pretensão de tudo quanto é ou parece ser "gente" num país sem termos de comparação que possam equilibrar essa doce paranóia de grandezas engendradas a meias pelo tédio e pela falta de imaginação, que Eça pinta, caricaturalmente sem dúvida, mas para melhor reduzir a massa confusa do detalhe proliferante à sua verdade palpável. E fá-lo, não para cumprir, como se sugeriu, um programa de experimentador literário, nem de sociólogo artista, mas para descobrir, com mais paixão do que a sua ironia de superfície o deixa supor, a face autêntica de uma pátria que talvez ninguém tenha tão amado e detestado.»
Eça de Queiroz nasceu a 25 de Novembro de 1845 na Póvoa do Varzim. por não ser reconhecido pela mãe, viveu até aos 4 anos em Vila do Conde, com a madrinha. Em 1849, os pais casaram-se e Eça mudou-se para casa dos avós paternos, em Aveiro. Só aos 10 anos regressou ao Porto e se juntou aos pais. Concluídos os estudos liceais no Colégio da Lapa, ruma a Coimbra em 1861 para cursar Direito. É aí que conhece Antero de Quental e Teófilo Braga. Já formado, vai de malas e bagagens para Lisboa em 1866, e é na capital que se dedica à advocacia, mas também ao jornalismo, dirigindo o Distrito de Évora e publicando folhetins na Gazeta de Portugal, que seriam reunidos anos mais tarde em Prosas Bárbaras. Depois de viajar pela Palestina, Síria e Egipto e assistir à inauguração do Canal do Suez, em 1869 - viagem que desaguaria, mais tarde, em títulos como O Egipto e A Relíquia - envolve-se nas Conferências do Casino e começa a espalhar As Farpas, em 1871, um ano depois de ter publicado O Mistério da Estrada de Sintra, no Diário de Notícias, ambos a quatro mãos, com Ramalho Ortigão.
Ingressa depois na carreira diplomática, e é em Leiria, como administrador do concelho, que escreve O Crime do Padre Amaro. Entre 1873 e 1875, exerce o cargo de cônsul em Havana, Cuba, e é depois transferido para Inglaterra. Durante os dois anos que se seguem, envia textos de Bristol e Newcastle para a imprensa nacional e brasileira, inicia a escrita de O Primo Basílio e faz os primeiros esboços para Os Maias, e O Mandarim. Regressa à pátria com 40 anos e casa-se, em 1886, com Emília de Castro Pamplona, onze anos mais jovem. Em 1888, é enviado para o consulado de Paris. Segue-se a publicação d'Os Maias e, nos periódicos, da Correspondência de Fradique Mendes e A Ilustre Casa de Ramires. Fundador da Revista de Portugal, de que é também director, visita frequentemente o país, aproveitando as estradas para jantar com os Vencidos da Vida. É no Paris de Jacinto, de A Cidade e as Serras - título que, como muitos da sua obra, só viria a ser publicado postumamente -, que vem a falecer a 16 de Agosto de 1900, vítima de doença prolongada.
A edição apresenta uma nova fixação do texto, da responsabilidade de Helder Guégués, actualizando o texto do romance segundo os mais rigorosos critérios ortográficos e tipográficos. Esta nova aposta da Guerra e Paz está ainda enriquecida com posfácio do bisneto de Eça, António Eça de Queiroz.
Com capa de Ilídio Vasco, a obra faz parte do Plano Nacional de Leitura e inclui alguns preciosos auxiliares para o leitor: uma árvore genealógica da "família Maia", uma caracterização das principais personagens, a lista das personagens secundárias, e um descritivo dos principais locais em que se desenrola a acção.
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