(Artigo de Opinião)
Autor: Blake Crouch
Título Original: Wayward (2013)
Tradução: Isabel Veríssimo
ISBN: 978-989-8775-40-5
Nº de páginas: 392
Nº de páginas: 392
Editora: Suma de Letras Portugal
ATENÇÃO: esta opinião pode conter spoilers de livros anteriores
Sinopse
Aninhada entre montanhas perfeitas, a idílica cidade de Wayward Pines é um paraíso... se esquecermos a vedação electrificada e o arame farpado, os franco-atiradores que vigiam tudo permanentemente e a vigilância atenta que detecta cada palavra e cada gesto.
Nenhum dos residentes sabe como chegou aqui. É-lhes dito onde trabalhar, como viver e com quem casar. Alguns acreditam que estão mortos, que isto é a vida depois da morte. Outros acreditam que estão presos numa comunidade experimental. Em segredo, todos sonham com a fuga, mas os poucos que se atrevem a tentar têm uma surpresa aterradora.
Ethan Burke viu o mundo do outro lado. Ele é o xerife da comunidade e um dos poucos que conhecem a verdade.
Este exemplar foi-me gentilmente cedido pela Suma de Letras em troca de uma opinião sincera
Opinião
Depois de um primeiro volume arrebatador, "Paraíso", Wayward Pines regressa com uma surpreendente "Revolta".
A capa mantém a imagem inferior do primeiro livro, a floresta, mas em tons mais escuros. As cores garridas do fogo que emana das janelas da imagem superior conferem à capa a ideia de agitação e desordem.
No final de "Paraíso", Pilcher revela a Ethan a verdade sobre o que é Wayward Pines e sobre o que há do outro lado da vedação, e este junta-se ao grupo dos poucos que sabem o que significa realmente aquela cidade idílica rodeada de montanhas. Ethan Burke é agora o xerife da cidade e está novamente reunido com a sua mulher, Theresa, e com o filho, Ben.
Numa primeira fase, a sua vida decorre normalmente. Ethan esforça-se por encarar a sua nova situação com naturalidade, tentando extrair o melhor de Wayward Pines. Porém, não é fácil viver rodeado de pessoas infelizes e reprimidas.
O assassinato de uma jovem mulher surge para dar nova emoção à história. Cabe a Ethan solucionar o caso e, à medida que vai avançando nas suas investigações, apercebe-se de novos pormenores que vão mudar o curso da história.
Neste livro, surgem episódios relacionados com a concepção de Pines - o projeto, os colaboradores e a construção da cidade e da superestrutura. É revelado um pouco do passado de David Pilcher e de Pam, o que contribui para o panorama mental destes personagens. A obsessão e a incapacidade de definir limites são duas das características a apontar nas personalidades destes dois indivíduos.
Existem também alguns capítulos narrados sob a perspetiva de um personagem desconhecido, Tobias, cuja identidade apenas nos é revelada no final. Tobias encontra-se em missão, do outro lado da vedação, há já vários anos. É um personagem que provoca uma sensação empática com o leitor, e dei por mim a torcer para que ele conseguisse derrotar as aberrações e voltar para casa em segurança.
Não é possível formar uma opinião concreta em relação aos habitantes de Wayward Pines, pois as condições de opressão em que se encontram não permitem ao leitor conhecer as suas verdadeiras intenções ou o seu carácter. São personagens contidos, subordinados e, na sua maioria, emocionalmente esgotados. Theresa, a mulher de Ethan, e Kate, a ex-amante, assumem um papel de maior destaque nesta segunda parte da trilogia.
Ao longo da trama, é notória a divisão do protagonista em relação à atitude correta a tomar: uma parte de si compreende as motivações de Pilcher, o seu desejo de fazer perdurar um resto da humanidade, garantir a sobrevivência da sua espécie; todavia, a vigilância constante, a violência e a ignorância impostas aos habitantes de WP são condenáveis, e Ethan interroga-se se valerá a pena viver naquelas condições. Zelar pela paz ou procurar liberdade?
A escrita de Blake Crouch é acessível, fluída e, como já referi na opinião do primeiro volume, quase cinematográfica. À semelhança de "Paraíso", também neste livro predominam cenas de ação excecionalmente bem descritas. O enredo e o mistério evoluem com o desfolhar das páginas, captando o leitor. Há toda uma problemática bem conseguida: somos levados a questionarmo-nos sobre qual seria a conduta a adotar se nos encontrássemos na posição de Ethan. O ritmo aumenta progressivamente à medida que nos aproximamos do final, criando uma dependência livro-leitor.
Esta é uma coleção que me tem vindo a manter cativa. A ligação entre ficção científica, terror, policial e thriller psicológico cria uma atmosfera esfuziante, e torna-se complicado abandonar WP e os seus personagens para voltar ao mundo real. O desfecho de "Revolta" é empolgante, radical e entusiasmante, fazendo prever grandes mudanças no último volume de Wayward Pines - "Caos". O fim das personagens permanece ainda uma incógnita, e é emocionante tentar adivinhar as surpresas que nos reserva o último livro. É uma trilogia que aconselho!
Opinião sobre outros livros de Blake Crouch:
Música que aconselho para acompanhar a leitura: Demons_Imagine Dragons
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