Autores: Michael Hjorth & Hans Rosenfeldt
Título Original: Det Fördolda (2010)
Tradução: Jorge Pereirinha Pires
ISBN: 978-989-8775-53-5
Nº de páginas: 544
Nº de páginas: 544
Editora: Suma de Letras Portugal
Sinopse
Sebastian Bergman é um homem à deriva. psicólogo de formação, trabalhava como profiler para a polícia e era um dos grandes especialistas do país em serial killers. Perdeu tudo quando o tsunami no continente indiano lhe levou a mulher e a filha.
Tudo muda com uma chamada para a polícia. Um rapaz de dezasseis anos, Roger Eriksson, desapareceu na cidade de Västerås. Organiza-se uma busca e um grupo de jovens escuteiros faz uma descoberta macabra no meio de um pântano: Roger está morto e falta-lhe o coração.
É o momento de Sebastian se confrontar com um mundo que conhece demasiado bem. O Departamento de Investigação Criminal pede ajuda a Sebastian. Os modos bruscos e revoltados do psicólogo não impedem a investigação de avançar. E as descobertas sobre a escola que Roger frequentava são aterradoras.
Este exemplar foi-me gentilmente cedido pela Suma de Letras em troca de uma opinião sincera
Opinião
A expectativa e a ânsia por este livro foram sendo cultivadas, progressivamente, através das imagens e das mensagens misteriosas publicadas, esporadicamente, na página do Facebook da Suma de Letras. Primeiramente, eram apenas frases soltas que acompanhavam imagens em composição, preparando-nos para a publicação de um novo livro pela editora. Seguidamente, foi-nos revelado que seria um policial nórdico. Era com muita curiosidade e entusiasmo que atualizava constantemente a página da editora, com esperança de que houvessem novas pistas sobre esta recente aposta. E, depois, um primeiro vislumbre do livro.
Assim que chegou o meu exemplar, confesso que não tive coragem de o abrir de imediato. Em vez disso, examinei cada canto da capa, cada pormenor, cada detalhe. Cada segredo. Olhei para ele durante muito tempo. Já há muito que o desejava. Desde o momento em que li a sinopse. E agora, ele estava ali, nas minhas mãos. Abri-o, folheei-o. Uma ilustração. Continuei a desfolhá-lo até ao fim. Na última página, outra ilustração. A imagem completa. Na altura, não entendi completamente o porquê das imagens. Mas, à medida que me fui embrenhando na história, entendi. A primeira ilustração representa a origem, a ignorância, o princípio. Porém, assim que vamos penetrando mais a fundo, começamos a ligar os pormenores, a construir na nossa cabeça o perfil do assassino. A transição de uma gravura para a outra, a transição da ignorância para o conhecimento, do início para o fim. Apesar destas imagens estarem muito bem pensadas e apelativas, estou bastante certa de que bastaria a primeira frase do livro para me prender inteiramente - "O HOMEM não era um assassino.".
Sebastian Bergman, o protagonista desta coleção, é um homem complexo. É um psicólogo criminal que perdeu a mulher e a filha no tsunami de 2004. Desde aí, tem sido atacado por pesadelos todas as noites, e tem-se refugiado essencialmente no sexo. Aquando do falecimento da mãe, vê-se obrigado a ir até Västerås, para tratar da venda da casa dos seus pais. Descobre, entre arrumações, umas cartas que a sua mãe trocou com uma Anna Eriksson, que afirmava estar grávida dele. É atrás da miragem de ter outro filho seu no mundo, que Sebastian decide entrar na investigação do assassinato de Roger Eriksson, um rapaz de 16 anos que foi encontrado morto, num lago, sem o coração. Um caso que, inicialmente, tinha reunidas todas as condições para o fracasso, é deixado nas mãos da Riksmord, uma equipa especializada. As provas, escassas, apontam sempre para diversas direções, levando-nos por buscas infrutíferas, e dei por mim a duvidar de tudo e de todos. São-nos apresentados alguns pontos de vista do "homem que não era um assassino", mas nunca é possível descobrir através deles quem é o nosso homem. No entanto, servem para fomentar a curiosidade, pois podemos vislumbrar o caso pela perspetiva de um homem em negação, incapaz de sentir remorsos.
O livro oferece-nos dois grandes mistérios: quem é o "homem que não era um assassino" e quais as suas motivações; e quem é o(a) filho(a) de Sebastian. Todavia, toda a história está repleta de pequenos segredos obscuros e de grandes revelações que nos aprisionam desde a primeira até à última página. Narrado a partir de diferentes perspetivas, oferece-nos o ponto de vista das várias personagens, o que enriquece o nosso conhecimento da obra, e que nos incute ainda mais a necessidade de não parar.
Vê-mo-nos atacados por sentimentos de amor/ódio para com o protagonista: Sebastian consegue ser extremamente egoísta e autocentrado, mas não deixa de ser um homem inteligente e solitário. Não gostei dele automaticamente, contrariamente à maioria de outros protagonistas, principalmente devido ao facto de ele esquecer os seus problemas e descarregar as suas frustrações em sexo, e também resultante da questionabilidade da sua ética profissional. Mas, assim que vamos conhecendo melhor a personagem, vamos compreendendo um pouco melhor a sua personalidade.
Gradualmente, vamos conhecendo Roger, o jovem assassinado. Um rapaz com poucos amigos, vítima de bullying, desejoso de se sentir integrado e amado. Embora estivesse morto, este foi um dos personagens de que mais gostei, não pelo seu carácter, que nos foi dado a conhecer pelos que o rodeavam, mas pela construção da identidade deste desconhecido. É ele a chave de tudo.
O livro tem a particularidade de ser muito fiel à realidade: as personagens são muito humanas. Têm os seus defeitos e as suas virtudes, medos e sonhos, vivem momentos bons, tal como experienciam situações mais complicadas. Mas são pessoas comuns. Não têm poderes mágicos, não leem mentes nem têm um carácter particularmente extraordinário. Cometem erros. E, na minha opinião, isso aproxima o livro com o leitor, porque facilmente nos conseguimos rever em algumas das ações protagonizadas.
Este livro é intrigante, desde o início até ao fim. Extraordinariamente bem pensado, e igualmente bem escrito. Arrisco-me a dizer que é um dos melhores policiais que já li. Prolonguei ao máximo a leitura, não queria que acabasse. Espero inquietamente pelos restantes volumes desta coleção. Recomendo!
Assim que chegou o meu exemplar, confesso que não tive coragem de o abrir de imediato. Em vez disso, examinei cada canto da capa, cada pormenor, cada detalhe. Cada segredo. Olhei para ele durante muito tempo. Já há muito que o desejava. Desde o momento em que li a sinopse. E agora, ele estava ali, nas minhas mãos. Abri-o, folheei-o. Uma ilustração. Continuei a desfolhá-lo até ao fim. Na última página, outra ilustração. A imagem completa. Na altura, não entendi completamente o porquê das imagens. Mas, à medida que me fui embrenhando na história, entendi. A primeira ilustração representa a origem, a ignorância, o princípio. Porém, assim que vamos penetrando mais a fundo, começamos a ligar os pormenores, a construir na nossa cabeça o perfil do assassino. A transição de uma gravura para a outra, a transição da ignorância para o conhecimento, do início para o fim. Apesar destas imagens estarem muito bem pensadas e apelativas, estou bastante certa de que bastaria a primeira frase do livro para me prender inteiramente - "O HOMEM não era um assassino.".
Sebastian Bergman, o protagonista desta coleção, é um homem complexo. É um psicólogo criminal que perdeu a mulher e a filha no tsunami de 2004. Desde aí, tem sido atacado por pesadelos todas as noites, e tem-se refugiado essencialmente no sexo. Aquando do falecimento da mãe, vê-se obrigado a ir até Västerås, para tratar da venda da casa dos seus pais. Descobre, entre arrumações, umas cartas que a sua mãe trocou com uma Anna Eriksson, que afirmava estar grávida dele. É atrás da miragem de ter outro filho seu no mundo, que Sebastian decide entrar na investigação do assassinato de Roger Eriksson, um rapaz de 16 anos que foi encontrado morto, num lago, sem o coração. Um caso que, inicialmente, tinha reunidas todas as condições para o fracasso, é deixado nas mãos da Riksmord, uma equipa especializada. As provas, escassas, apontam sempre para diversas direções, levando-nos por buscas infrutíferas, e dei por mim a duvidar de tudo e de todos. São-nos apresentados alguns pontos de vista do "homem que não era um assassino", mas nunca é possível descobrir através deles quem é o nosso homem. No entanto, servem para fomentar a curiosidade, pois podemos vislumbrar o caso pela perspetiva de um homem em negação, incapaz de sentir remorsos.
O livro oferece-nos dois grandes mistérios: quem é o "homem que não era um assassino" e quais as suas motivações; e quem é o(a) filho(a) de Sebastian. Todavia, toda a história está repleta de pequenos segredos obscuros e de grandes revelações que nos aprisionam desde a primeira até à última página. Narrado a partir de diferentes perspetivas, oferece-nos o ponto de vista das várias personagens, o que enriquece o nosso conhecimento da obra, e que nos incute ainda mais a necessidade de não parar.
Vê-mo-nos atacados por sentimentos de amor/ódio para com o protagonista: Sebastian consegue ser extremamente egoísta e autocentrado, mas não deixa de ser um homem inteligente e solitário. Não gostei dele automaticamente, contrariamente à maioria de outros protagonistas, principalmente devido ao facto de ele esquecer os seus problemas e descarregar as suas frustrações em sexo, e também resultante da questionabilidade da sua ética profissional. Mas, assim que vamos conhecendo melhor a personagem, vamos compreendendo um pouco melhor a sua personalidade.
Gradualmente, vamos conhecendo Roger, o jovem assassinado. Um rapaz com poucos amigos, vítima de bullying, desejoso de se sentir integrado e amado. Embora estivesse morto, este foi um dos personagens de que mais gostei, não pelo seu carácter, que nos foi dado a conhecer pelos que o rodeavam, mas pela construção da identidade deste desconhecido. É ele a chave de tudo.
Para aliviar um pouco da tensão do enredo principal, os autores presenteiam-nos com diversos momentos de humor, que nos permitem recuperar o fôlego para prosseguir na investigação. Esses momentos são essencialmente vividos por Sebastian e por Haraldsson. Haraldsson é uma personagem que nos consegue, facilmente, inspirar pena pelas suas diversas tentativas falhadas de tentar contrariar a estagnação da sua carreira na polícia de Västerås; tal como, ao mesmo tempo, consegue despertar raiva por estar constantemente a empatar a investigação.
Este livro é intrigante, desde o início até ao fim. Extraordinariamente bem pensado, e igualmente bem escrito. Arrisco-me a dizer que é um dos melhores policiais que já li. Prolonguei ao máximo a leitura, não queria que acabasse. Espero inquietamente pelos restantes volumes desta coleção. Recomendo!
Música que aconselho para acompanhar a leitura: Do I Wanna Know_Arctic Monkeys
Desde já felicito o blogue pelo excelente artigo e pelo sucesso já alcançado.
ResponderEliminarAcho que neste artigo o Dream Pages fez um trabalho brilhante. Motivou o leitor a 100%, e estou ansiosa e muito curiosa de ler este livro. Quando tiver oportunidade é um livro que, sem dúvida, irei comprar. Pareceu-me bastante interessante e cativante. Além disso, também me deixou curiosa as imagens que vão aparecendo ao longo do livro...mal posso esperar para ler!