S. Formigo, natural de Lisboa, licenciou-se em Psicologia no ano de 2006. Desde muito cedo que adquiriu o gosto pela escrita dedicando grande parte do seu tempo a escrever pequenos poemas e contos. Leitora ávida de livros de fantasia, a ideia para “In loving memory of” surgiu de uma revisão de textos antigos reflexo de parte da sua própria história de vida aliada à sua paixão por histórias de magia e fantasia. O projecto, que começou como um entretenimento, depressa se transformou num desafio que abraçou e do qual surge este livro.Actualmente reside na Figueira da Foz e prepara já o delineamento para a sua próxima história de ficção.
Começo por deixar aqui o meu agradecimento à Sónia por ter aceite a entrevista, por ter partilhado comigo o seu livro e por toda a simpatia e sinceridade com que enfrentou este pequeno desafio.
Entrevista:
Dream Pages (D.P.): 1_Quando começou a escrever?
S. Formigo (S.F.): Há já muitos anos que escrevo.
Não consigo precisar o ano mas lembro-me que foi num ano em que uma prima minha
me ofereceu um caderno em branco como prenda de Natal. Escrevia, como qualquer
adolescente, como forma de desabafo; colocar no papel situações e sentimentos
sempre me ajudou a lidar como os mesmos, como se de uma conversa mental se
tratasse a qual me ajudava a pensar. Eram, na sua maioria, pequenos textos em
prosa poética sem qualquer objectivo de edição.
D.P.: 2_Em que contexto surgiu o seu livro “In Loving Memory Of”? Como é que surgiu a oportunidade de o publicar?
S.F.: In Loving Memory Of surgiu da mesma forma que surge tudo o que
escrevo, da necessidade exteriorizar situações e sentimentos pessoais; começou
por ser um projecto para mim, sem qualquer intenção de publicação. A ideia era
escrever um livro só pelo prazer e pelo desafio de o fazer mas, há medida que a
história se ia desenvolvendo, o que inicialmente pensei que teria cerca de 50
ou 60 páginas, transformou-se num projecto muito maior. De facto, e por
estranho que isto possa parecer, foi como se as personagens que criei não
quisessem que eu as largasse até que elas mesmas terminassem o que tinham para
dizer.
A
oportunidade de publicação surgiu por acaso, ainda o texto não estava sequer
acabado. Uma noite lembro-me de estar a ler algures um artigo sobre escrita e
publicação de obras de autores desconhecidos; por impulso e curiosidade,
procurei o contacto de algumas editoras das quais me lembrei na altura e
contactei as mesmas. A partir daí o processo desenvolveu-se de forma natural se
bem que inesperada.
D.P.: 3_ De onde vêm as suas personagens? Identifica-se com alguma delas?
S.F.: As minhas personagens surgem,
acima de tudo, de sentimentos e também como forma de alcançar objectivos.
Contudo, não poderei negar que grande parte delas se baseiam, de alguma forma,
em pessoas reais as quais são ou foram importantes para mim. Quanto à questão
da identificação pessoal, penso ser inevitável, em qualquer trabalho escrito, o
autor fugir a um relacionamento pessoal de empatia e identificação com todas as
personagens que cria mas, acima de todas as outras, com o personagem principal.
Assim, reconheço que sim, a Bianca tem nela muito de mim embora não seja, de
forma alguma, uma projeção calculada. Enquanto se escreve, é impossível, não
existir um relacionamento vincado e apaixonante entre o escritor e as suas
personagens.
D.P.: 4_Como lida com as críticas ao seu trabalho?
S.F.: In Loving Memory Of é o meu
primeiro trabalho editado, a expectativa é muita e, desta forma, críticas,
desde que construtivas, são sempre muito bem vindas. De facto, uma das coisas
que pedi a todos os meus amigos que leram o texto foi que, no final, me dessem
a sua opinião sincera ainda que esta não fosse muito, ou de todo, positiva.
Quando escrevo faço-o o melhor que posso mas sei que tenho ainda muito para
melhorar e a forma mais fácil de o fazer é ouvir o que os leitores têm para me
dizer. Até à data, as opiniões que tenho recebido têm sido, no geral, bastante
positivas o que, obviamente, me deixa extremamente feliz. Contudo, acima de
tudo, peço que sejam sinceros.
D.P.: 5_O que sente quando escreve? O que lhe dá mais prazer na escrita? Qual é a maior dificuldade que sente quando está a escrever?
S.F.: Escrever é um exercício
complicado; ao longo das páginas, o escritor acompanha as suas personagens no
percurso de um caminho que o leva ao mais íntimo de si. Partilhamos as suas
alegrias e choramos as suas mágoas como parte de nós mesmos. O maior prazer
será talvez a construção deste percurso imaginário que, passo a passo, nos
transporta e nos carrega como se de “um filho” e de “uma mãe” se tratasse; a maior dificuldade será a persistência necessária à construção de uma história
sem “pontas soltas” ou contradições. No final, deveria ficar um sentimento de alegria
mas o que fica é uma sensação de vazio, sinto-me esgotada, como se houvesse
dado tudo de mim àquele texto e necessitasse de tempo para recuperar.
D.P.: 6_Tem algum ritual de escrita?
S.F.: Não sei se lhe chamaria
propriamente um ritual; a maior parte das vezes escrevo de noite, no
escritório, a ouvir rádio muito baixinha e acompanhada do meu gato. Escrevo
sempre em papel, não sei precisar porquê mas não gosto de escrever directamente
no computador.
D.P.: 7_Para além de escrever, qual é o seu maior talento?
S.F.: Mais uma vez, não sei se lhe
chamaria talento mas, além de escrever, gosto de desenhar, pintar e esculpir.
D.P.: 8_Considera a escrita uma necessidade ou um passatempo?
S.F.: Depende do que estou a escrever.
Se nos referirmos aos textos que escrevo para mim, estes surgem, sem dúvida, de
uma necessidade de reflexão e partilha; se pensarmos em textos como In Loving
Memory Of penso poder afirmar que é uma mistura dos dois.
D.P.: 9_Prefere ler ou escrever?
S.F.: Escrever. Adoro ler e tenho uma
predileção por literatura fantástica, adoro acompanhar outros autores nos seus
imaginários e torná-los também meus mas prefiro escrever e espero ter
conseguido, em In Loving Memory Of, transmitir um imaginário que os leitores
gostem de tornar também seu.
D.P.: 10_O que pensa que seria do mundo sem livros?
S.F.: Os livros são veículos de transmissão de informação, testemunhos e
pensamentos, transmissão essa que, nas suas variadas formas, surge como um
importante factor de aprendizagem aos mais variados níveis; através da leitura,
o leitor não só recolhe dados e informação como fomenta o seu próprio
pensamento e imaginação.
Falando em livros não baseados em acontecimentos verídicos, estes são, para mim, uma expressão artística a qual, acima de tudo, fomenta e “torna real” a imaginação e a criatividade; são textos que se baseiam, muitas vezes, em sonhos e no desenho de os tornar reais. Sem “histórias” perderíamos a capacidade de partilha destes “sonhos” e a imaginação ficaria toldada e confinada dentro de nós mesmos. O que seria do mundo sem magia, feiticeiros, vampiros, elfos, fadas, batalhas épicas e tantos outros elementos que surgiram da imaginação de uma pessoa singular e se tornaram parte do nosso imaginário colectivo, não sei responder, mas, com certeza, que o mundo seria um lugar ainda mais solitário e “sufocante”.
Falando em livros não baseados em acontecimentos verídicos, estes são, para mim, uma expressão artística a qual, acima de tudo, fomenta e “torna real” a imaginação e a criatividade; são textos que se baseiam, muitas vezes, em sonhos e no desenho de os tornar reais. Sem “histórias” perderíamos a capacidade de partilha destes “sonhos” e a imaginação ficaria toldada e confinada dentro de nós mesmos. O que seria do mundo sem magia, feiticeiros, vampiros, elfos, fadas, batalhas épicas e tantos outros elementos que surgiram da imaginação de uma pessoa singular e se tornaram parte do nosso imaginário colectivo, não sei responder, mas, com certeza, que o mundo seria um lugar ainda mais solitário e “sufocante”.
D.P.: 11_Qual é o seu escritor favorito?
S.F.: Esta é uma questão que se torna complicada de responder. Gosto de
textos dos mais variados géneros literários e parece-me que não faria grande sentido
enumerá-los exaustivamente. Autores que se destacam não só como preferência mas
também como referência são, entre outros, Anne Rice, Neil Gaiman, J. R. R.
Tolkien, J.K. Rowling, Christopher Paolini e Marion Zimmer Bradley.
A escolher apenas um, escolho Anne Rice (“The
Vampire Chronicles” e “The Mayfair Witches Series”) cuja obra é, para mim, não
só uma das minhas leituras favoritas mas também uma fonte de inspiração e
admiração.
D.P: 12_Qual é o seu livro preferido?
S.F.: Ao longo da minha
vida, tive a oportunidade de ler inúmeros livros de inúmeros géneros literários
pelo que, escolher apenas um, torna-se, mais uma vez, extremamente complicado.
Sou obrigada a
mencionar “A Floresta” de Sophia de
Mello Breyner Andresen porque foi o primeiro livro que li sozinha, porque foi o
livro que me introduziu à leitura e, ainda hoje nutro um carinho muito especial
pelo texto; igualmente não poderei esquecer “Os Filhos da Droga” de Christiane
F. porque foi um livro que, na altura em que o li, me impressionou imenso; “As
Brumas de Avalon” de Marion Zimmer Bradley que é, sem dúvida, um dos meus
livros favoritos dentro do género fantástico; e, finalmente, não poderia deixar
de mencionar “Stardust” de Neil Gaiman pela capacidade que teve de me fazer
sonhar.
D.P.: 13_Houve algum livro que a tenha feito olhar o mundo de forma diferente?
S.F.: “O Principezinho” de Antoine de Saint Exupéry pela complexidade que um texto tão simples possui, pelo “encantamento” que o texto possui. Na minha opinião, é um livro incontornável.
D.P.: 14_Prefere o livro ou o filme?
S.F.: Livro. Embora compreenda a
necessidade de adaptação e, muitas vezes, de resumo das obras para apresentação
cinematográfica, os filmes tendem a desiludem-me em relação aos livros até
porque, os livros fomentam sempre, em menor ou menor grau, a imaginação do
próprio leitor que, há medida que avança no texto, vai, a partir da descrição
do autor, construindo mentalmente as personagens e cenários nos quais se
desenvolve a história; esta é uma componente própria a cada leitor que o filme
não consegue alcançar ou reproduzir para todos. Isto não quer dizer que não goste
dos filmes, de facto admiro tanto o cinema como a literatura mas, a escolher,
escolho o livro.
D.P.: 15_Qual é a sua música preferida?
S.F.: Ouço um bocadinho de quase tudo
mas, sem dúvida, que as minhas preferências recaem sobre o Gothic Metal e o
Heavy Metal.
D.P.: 16_Costuma ouvir música quando está a escrever?
S.F.: Sim, mas rádio e muito baixinho.
Se colocar música de que gosto tendo a distrair-me.
D.P.: 17_É fácil conciliar a escrita com o seu trabalho e a sua vida?
S.F.: Não. Considero que escrever é, acima de tudo, um exercício de paciência e teimosia que requer uma grande dose de empenho e força de vontade. Exige uma total disponibilidade mental que nem sempre é fácil ou sequer possível de conseguir. Apesar disto, todos sabemos que é quase impossível ser, profissionalmente, apenas escritor; assim, escrever torna-se numa espécie de passatempo que fazemos por paixão mas que nos envolve por completo e, por isso, exige tempo, muito tempo e, mais importante do que isso, exige uma completa disponibilidade mental, física e espiritual extremamente complicada de conseguir no dia-a-dia.
S.F.: Não. Considero que escrever é, acima de tudo, um exercício de paciência e teimosia que requer uma grande dose de empenho e força de vontade. Exige uma total disponibilidade mental que nem sempre é fácil ou sequer possível de conseguir. Apesar disto, todos sabemos que é quase impossível ser, profissionalmente, apenas escritor; assim, escrever torna-se numa espécie de passatempo que fazemos por paixão mas que nos envolve por completo e, por isso, exige tempo, muito tempo e, mais importante do que isso, exige uma completa disponibilidade mental, física e espiritual extremamente complicada de conseguir no dia-a-dia.
D.P.: 18_Qual é a sua citação favorita?
S.F.: Gosto de várias e penso que o
favoritismo que atribuímos às citações depende do momento da nossa vida em que
as encontramos. “Sometimes I’ve believed in as many as 6 impossible things
before breakfast.” (Alice in Wonderland).
D.P.: 19_Quem/Qual é a sua fonte inspiração?
S.F.: Tudo aquilo que não conto a
ninguém, nem a mim própria.
D.P.: 20_Qual é o seu maior sonho?
S.F.: Que os meus impossíveis se tornem
reais.
D.P.: 21_Qual é o seu lema de vida?
S.F.: Acreditar no impossível.
D.P.: 22_Está a trabalhar em novos projetos? O que podem os leitores esperar para o futuro?
S.F: Estou, de momento, em processo de
escrita de um novo romance. Não será uma sequela de “In Loving Memory Of” mas a
temática será a mesma e os dois livros estarão relacionados. A minha ideia é
contar várias histórias dentro do universo que criei, dedicar-me a diferentes
personagens em diferentes textos os quais, embora possam ser lidos
isoladamente, se encontram e entrelaçam em algum momento. Este é o meu projecto
a longo prazo.
D.P.: 23_Onde podem os leitores adquirir os seus livros?
S.F: In Loving Memory Of está
disponível, em formato digital ou em papel, na Fnac, Wook, Bertrand, Smashwords
e Chiado online ou poderão adquiri-lo directamente comigo através de mensagem
privada para a minha página no Facebook (www.facebook.com/slformigo) ou
para o e-mail: sformigomemory@gmail.com
D.P.: 24_Alguns conselhos para os novos escritores?
S.F.: Honestamente, e visto o meu ainda curto percurso enquanto autora, não
sei se serei a pessoa indicada para dar conselhos. Escrever é um processo
moroso que, na grande maioria das vezes, não tem qualquer garantia de sucesso;
é um exercício de teimosia e crença e, por isso, o meu conselho é: sejam
teimosos! E escrevam! Acima de tudo escrevam. Não desanimem, não adiem, não
tenham receio. Se não gostam do que escreveram, revejam, alterem ou escrevam
tudo de novo até estarem satisfeitos com o resultado do vosso trabalho mas não
desistam.
Acreditem no que
escrevem e continuem mas não criem expectativas demasiado altas. É bom que se
tenha consciência do quão difícil é ser escritor. Escrever, na actualidade,
deve ser encarado como uma forma de realização pessoal e não como um meio para
um fim; parece-me que só assim seremos capazes de nos sentir realizados
enquanto autores.
D.P.: 25_E, por fim, qual é para si o maior segredo do Universo?
S.F.: O próprio universo, a noção de infinito, a
existência de vida inteligente noutros planetas.
Para mais informações e para poder seguir o trabalho da escritora, visite a sua página no Facebook: https://www.facebook.com/slformigo
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