(Artigo de Opinião)
Autor: Eça de Queiroz
ISBN: 978-989-702-159-6
Nº de páginas: 600
Nº de páginas: 600
Editora: Guerra e Paz Editores
Sinopse
«É um Portugal realmente presente que ele interroga e que o interpela. É a sua província, a sua capital, os seus pasmosos habitantes, os costumes, os sonhos medíocres hipertrofiados, a inenarrável pretensão de tudo quanto é ou parece ser "gente" num país sem termos de comparação que possam equilibrar essa doce paranóia de grandezas engendradas a meias pelo tédio e pela falta de imaginação, que Eça pinta, caricaturalmente sem dúvida, mas para melhor reduzir a massa confusa do detalhe proliferante à sua verdade palpável. E fá-lo, não para cumprir, como se sugeriu, um programa de experimentador literário, nem de sociólogo artista, mas para descobrir, com mais paixão do que a sua ironia de superfície o deixa supor, a face autêntica de uma pátria que talvez ninguém tenha tão amado e detestado.»
Este exemplar foi-me gentilmente cedido pela Guerra e Paz Editores em troca de uma opinião sincera
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“A casa que os Maias vieram habitar em Lisboa, no Outono de 1875, era conhecida na vizinhança da Rua de S. Francisco de Paula, e em todo o bairro das Janelas Verdes, pela casa do Ramalhete, ou simplesmente o Ramalhete." - assim começa uma das mais belas e célebres obras portuguesas, "Os Maias". Estas palavras, que ficam no ouvido e ecoam na cabeça ao longo dos anos, servem de abertura a um livro genial, caracterizador de uma sociedade de finais do século XIX. Eça serve-se de uma família portuguesa, "Os Maias", em torno da qual gira a ação, para caricaturar os costumes, os vícios e a vilania da sociedade do seu tempo (em muito ainda semelhante à sociedade atual).
Apesar de ser de leitura obrigatória, este é um livro que se lê por gosto. Mesmo que criticado por muitos devido às extensas descrições que apresenta, sou da opinião que, mesmo que atrasem e cansem um pouco a leitura, são fundamentais para a compreensão geral da obra e para o seu embelezamento natural.
Repartida por três gerações, a família Maia é-nos apresentada, primeiramente, através de Afonso e da sua relação conflituosa com seu pai, Caetano da Maia. De seguida, os amores de Pedro e a grande tragédia que foi o seu suicídio depois da fuga da sua mulher. E, por fim, a época presente é a de Carlos da Maia, filho de Pedro e neto de Afonso, um jovem promissor formado em Medicina em Coimbra e com muitos planos para o futuro.
Carlos é um rapaz bem parecido, com muitos sonhos mas pouca vontade de trabalhar. Praticante da vida boémia e amante dos prazeres da vida, passa grande parte do seu tempo em festas, eventos e soirées literárias.
A parte inicial de "Os Maias" tem um ritmo um pouco lento. É com a chegada de Maria Eduarda que o leitor ganha um novo ímpeto para a leitura. O romance sórdido entre Carlos Eduardo e Maria Eduarda leva o leitor a ficar agarrado às páginas e à escrita inteligente de Eça. Eça tem a capacidade de nos permitir visualizar os cenários que tão bem descreve, transportando-nos para a cena em questão e envolvendo-nos nesse ambiente.
Existe toda uma outra variedade de personagens secundários que entretêm facilmente - o divertido "e podre de chique" Dâmaso Salcede; os Gouvarinho; o poeta Alencar; "a besta do Cohen" - carinhosamente assim apelidado pelo respeitável João da Ega, o melhor amigo de Carlos - e muitos outros personagens que nos acompanham ao longo destas 600 páginas.
Com uma capa apelativa e convidativa, esta edição de "Os Maias" não segue o novo acordo ortográfico, agradando aos mais conservadores. No final do livro é possível encontrar um posfácio muito interessante de António Eça de Queirós, bisneto do escritor, e ainda alguns elementos extra - como uma árvore genealógica e um breve roteiro dos personagens e dos locais mais importantes da obra - que serão, sem dúvida, muito úteis aos estudantes.
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Com uma capa apelativa e convidativa, esta edição de "Os Maias" não segue o novo acordo ortográfico, agradando aos mais conservadores. No final do livro é possível encontrar um posfácio muito interessante de António Eça de Queirós, bisneto do escritor, e ainda alguns elementos extra - como uma árvore genealógica e um breve roteiro dos personagens e dos locais mais importantes da obra - que serão, sem dúvida, muito úteis aos estudantes.
Termino a minha crítica com a frase que se encontra na contracapa desta edição de "Os Maias" e que descreve perfeitamente esta magnífica obra - "A face autêntica de uma pátria que talvez ninguém tenha tão amado e detestado". "Os Maias" é um livro que deve ser lido e relido, apreciado pela sua magniloquência e objeto de reflexão. Recomendo!
Música que aconselho para acompanhar a leitura: O Pastor_Madredeus
Opinião 5*
ResponderEliminarLido e relido, sem dúvida!
Opinião 5*
ResponderEliminarLido e relido, sem dúvida!
"esta edição de "Os Maias" não segue o novo acordo ortográfico, agradando aos mais conservadores."
ResponderEliminarCorrecção: agradando às pessoas que respeitam a Língua Portuguesa e a sua diversidade ;)