(Artigo de Opinião)
Autor: Andy Jones
Título Original: The Two of Us (2015)
Tradução: Ester Cortegano
ISBN: 978-989-665-048-23
Nº de páginas: 368
Nº de páginas: 368
Editora: Suma de Letras
Sinopse
Fisher e Ivy vivem uma relação idílica durante dezanove dias, durante a qual são inseparáveis. Os dois sentem intimamente que estão destinados a ficar ligados para sempre. E o facto de saberem tão pouco sobre o outro é apenas um pormenor. Nos doze meses seguintes, período em que as suas vidas mudam radicalmente, Fisher e Ivy vão perceber que apaixonar-se é uma coisa, mas manter uma relação é outra completamente diferente.
Nós os dois é um romance muito honesto e transparente sobre vida, amor e a importância de não se tomar nada nem ninguém por garantido.
Este exemplar foi-me gentilmente cedido pela Suma de Letras em troca de uma opinião sincera
Opinião
Antes de mais, agradeço à Suma de Letras pelo gentil envio de "Nós os Dois".
A capa deste livro prima pela simplicidade. Apresenta o desenho dos pés de um homem e de uma mulher em cores fortes mas ligeiramente desbotadas - o exemplo perfeito de que o simples pode ser belo.
"Nós os Dois" é um romance atípico. A história inicia-se depois do usual "e viveram felizes para sempre" e propõe-se a contar os dramas e os obstáculos que se seguem à união de duas pessoas.
Fisher e Ivy são um recém casal que decide aproveitar ao máximo os primeiros dias de paixão louca, próprios da novidade de uma relação, passando todo o tempo possível juntos e, de preferência, isolados do mundo. Começando por se conhecerem fisicamente, veem-se obrigados a constatar - com a chegada de uma notícia que vem acentuar o vínculo que os une - que, na verdade, pouco sabem um sobre um outro.
O livro é narrado na primeira pessoa por William Fisher, um jovem realizador de anúncios publicitários com uma carreira a caminho da estagnação. Senti uma grande empatia pela personagem - inteligente e com uma personalidade forte, vamos vendo a sua aprendizagem com os erros ao longo da história. Fisher vê-se forçado a colocar o orgulho e o egocentrismo de parte e a aprender que, numa relação saudável, por vezes é preciso ceder. É notório, desde o início do livro e apesar dos momentos de dúvidas, o amor que sente por Ivy, apesar de nem sempre o conseguir demonstrar convenientemente.
Ivy foi uma protagonista que não me prendeu particularmente. Confesso que a achei um pouco mimada, misteriosa, egoísta e, inclusive, intolerante. Embora, com o decorrer dos acontecimentos, compreendamos parte dos motivos que suscitaram algumas das suas atitudes mais frias, não conseguiu cativar-me na mesma medida que Fisher - claro que, o facto de a história ser narrada sob a perspetiva dele, também favorece a adoção do seu ponto de vista sobre as diversas situações.
Apreciei particularmente a capacidade do autor nos fazer oscilar entre momentos de riso e de seriedade. Foram múltiplas as cenas caricatas que me fizeram soltar umas boas gargalhadas; em contrapartida, Andy Jones surpreende-nos, a caminho do final, com o conjugar de sentimentos de comiseração e comoção, aliados à sensação de impotência, provocados no leitor relativamente às personagens.
O livro não se foca apenas no casal protagonista. Existem outras personagens que desempenham um papel muito importante no decorrer da história e que enriquecem bastante a leitura. El é o melhor amigo de infância de Fisher e sofre de Huntington, uma doença degenerativa que leva a uma drástica limitação física e psicológica. A sua relação com Phill, o seu altruísmo, o seu défice de comportamentos socialmente corretos e a sua vocação para encarar a vida de uma forma mais positiva conseguem transmitir importantes lições de vida. Suzi, Joe, Esther e Nino também acabam por se revelar peças valorosas no panorama geral da obra.
Outro tópico que valorizo especialmente neste género de livro é a humanização dos personagens. A grande semelhança à realidade contribui significativamente para a aproximação do livro e do leitor, sendo as suas imperfeições que conferem um toque belo à história.
Andy Jones tem uma escrita leve e envolvente, capaz de facilmente transmitir emoções. Ainda que Fisher exprima alguma dureza nas suas palavras e, por vezes, exiba uma visão crua dos acontecimentos, o contrabalançar entre cenas humorísticas e momentos de reflexão algo profundos oferece um equilíbrio perfeito e dinâmico ao livro.
"Nós os Dois" relata a descoberta mútua de Ivy e Fisher, e todos os riscos e contrapartidas que acarreta - o conhecer do outro, o testar limites, o egoísmo e a individualidade a serem superados, as divergências, as discussões e os pequenos amuos do quotidiano - todo um conjunto de circunstâncias e atitudes que podem matar uma relação... ou reforçá-la. Um romance honesto e enternecedor que aborda a construção de um relacionamento e o quão difícil - mas gratificante - pode ser mantê-lo. Gostei muito!
Música que aconselho para acompanhar a leitura: Bad Day_Daniel Powter
(https://www.youtube.com/watch?v=gH476CxJxfg)
(https://www.youtube.com/watch?v=gH476CxJxfg)
Sem comentários:
Enviar um comentário