Carla Lima é natural de Ponta Delgada, S. Miguel, Açores. Com 18 anos foi para Lisboa estudar Psicologia, mas passados dois anos mudou para Cinema, Televisão e Publicidade. Estagiou e trabalhou como assistente de produção em diversas produtoras audiovisuais. Em 2007 tirou o curso de Argumento na Restart, Instituto de criatividade, artes e novas tecnologias.Posteriormente, estagiou nas Produções Fictícias. Fez um curso de escrita de ficção com a escritora Rita Ferro de onde nasceu este livro. Actualmente reside em Ponta Delgada com a sua gata Nelly e já trabalha num novo livro.
Começo por deixar aqui o meu agradecimento à Carla por ter aceite responder a esta entrevista, por ter partilhado o seu livro comigo e por toda a simpatia e sinceridade com que enfrentou este pequeno desafio.
Entrevista:
Dream Pages (D.P.): 1_Quando começou a escrever?
Carla Lima (C.L.): Sempre gostei de escrever. Quando era criança inventava histórias que escrevia no meu diário ou apresentava nas aulas de Português. Na adolescência escrevia poemas. Lia muito Florbela Espanca e Fernando Pessoa e deixei-me influenciar. Quando fui para a Universidade deixei de escrever. Não completamente. Porque sempre andei com caderninhos onde anotava pensamentos, frases e ideias. Quando mudei de curso e fui para Cinema descobri a minha paixão por escrita de guiões, o que me levou a frequentar o curso de escrita de Argumento na Restart e vários workshops de escrita. Devido ao curso de Argumento consegui um estágio nas Produções Fictícias onde escrevi para vários formatos. Mas a vontade de escrever ou tentar escrever um livro levou-me a um curso de Escrita Literária com a escritora Rita Ferro. E foi nesse curso que nasceu o meu primeiro romance “O Baloiço Vazio”.
D.P.:2_Em que contexto surgiu o seu livro "O Baloiço Vazio"? Como é que surgiu a oportunidade de o publicar?
C.L.: Como referi na questão anterior, o livro “O Baloiço Vazio” nasceu no curso de Escrita Literária com a Rita Ferro. Mas foi um rascunho. Devido a um problema de saúde tive de deixar Lisboa e voltar à minha terra, Ponta Delgada em S. Miguel nos Açores. Foi em Ponta Delgada que terminei o livro e onde surgiu a oportunidade de o publicar. Tinha enviado o manuscrito para algumas editoras e até tive algumas propostas mas de Portugal Continental. Entretanto apareceu uma oportunidade de publicar com uma editora de Lisboa mas que tinha contactos em Ponta Delgada. E optei por essa.
D.P.: 3_ De onde
vêm as suas personagens? Identifica-se com alguma delas?
C.L.: As minhas personagens vêm de vários sítios. Do meu imaginário. De pessoas reais que já passaram pela minha vida. Da mistura de várias pessoas. E outras nascem a pedido da própria história do livro. Não me identifico totalmente com nenhuma delas mas a Ana, uma das personagens principais do livro, tem algumas características minhas.
D.P.: 4_Como lida com as críticas ao seu trabalho?
C.L.: Tenho de ser honesta e dizer que não lido muito bem. Não porque seja arrogante ou convencida mas porque a maioria das críticas negativas são maliciosas e não têm fundamento. É “falar mal por falar mal”. Gosto das críticas construtivas e quando vêm de pessoas que percebem do que estão a falar. Porque tenho a noção de que ainda tenho muito a melhorar algumas dessas críticas construtivas têm sido muito proveitosas agora que estou a escrever o segundo livro. Mas felizmente que a maioria das críticas são positivas e estou muito agradecida por todo o carinho e apoio que tenho recebido.
D.P.: 5_O que sente quando escreve? O que lhe dá mais prazer na escrita? Qual é a maior dificuldade que sente quando está a escrever?
C.L.: O que sinto quando escrevo é uma dor intensa e uma felicidade imensa. Não consigo perceber as pessoas que escrevem sem dor. Para mim é fundamental sentir o que as personagens sentem senão a história soa-me a falso. O maior prazer é conseguir chegar às pessoas e saber que as minhas palavras lhes tocaram de algum modo. A minha maior dificuldade neste momento é espaço. Para escrever preciso de espaço mental e de silêncio.
D.P.: 6_Tem algum ritual de escrita?
C.L.: Só escrevo se sei que vou ter um espaço e tempo livre durante algumas horas. Se não, nem vale a pena começar. Só escrevo com um ambiente de pouca claridade e a ouvir música de bandas sonoras de filmes. E para começar um capitulo, normalmente recorro a uma frase de um livro ou um pensamento ou uma frase de um filme como motivo inspirador.
D.P.: 7_Para além de escrever, qual é o seu maior talento?
C.L.: Escrever “ainda” não é um talento. Esta é uma pergunta engraçada. Quando era mais nova andei muitos anos na dança e até entrei em alguns espectáculos. Não sei se poderei considerar um talento mas mesmo trintona gosto de acreditar que “domino” qualquer pista de dança. (risos)
D.P.: 8_Considera a escrita uma necessidade ou um passatempo?
C.L.: Escrever é uma necessidade. Para mim é um desabafar da alma. Gostava de poder escrever mais e de ter mais oportunidades mas infelizmente a vida é como é.
D.P.: 9_Prefere ler ou escrever?
C.L.: Ler é um vício saudável e escrever é uma necessidade, como disse na questão anterior.
D.P.: 10_O que pensa que seria do mundo sem livros?
C.L.: Não consigo conceber um mundo sem livros. Os livros são a base de todo o conhecimento ou transmissão de conhecimento. Os livros levam-nos para mundos imaginários. Os livros fazem-nos sonhar, chorar, rir, sentir. Custa-me muito a banalização do livro a que assistimos agora. Qualquer um pode escrever um livro. Não conseguimos fazer a diferenciação do bom ou do mau. É tudo uma questão de marketing ou cunhas ou sorte. E custa-me mais ainda a quantidade de jovens que tem o prazer em dizer que não lêem como se fosse algo “fixe”. Espero que o mundo continue cheio de “livroólicos” como eu.
D.P.: 11_Qual é o seu escritor favorito?
C.L..: É muito difícil escolher um, mas posso mencionar dois nomes. Nacional é o Pedro Paixão e internacional é o Haruki Murakami.
C.L.: Tenho muitos, mas possivelmente será “A insustentável leveza do ser” de Milan Kundera.
D.P.: 13_Houve algum livro que a tenha feito olhar o mundo de forma diferente?
C.L.: “A metamorfose” de Franz Kafka. Pode ser um livro pequeno, mas é tão grande em conteúdo.
D.P.: 14_Prefere o livro ou o filme?
C.L.: O livro. Sempre.
D.P.: 15_Qual é a sua música preferida?
C.L.: “Dancing queen” dos Abba.
D.P.: 16_Costuma ouvir música quando está a escrever?
C.L.: Sempre. Mas só de bandas sonoras de filmes e instrumentais.
D.P.: 17_É fácil conciliar a escrita com o seu trabalho e a sua vida?
C.L.: Neste momento estou desempregada, mas mesmo assim é difícil escrever quando não estão reunidas as condições que referi antes para isso.
C.L.: Neste momento estou desempregada, mas mesmo assim é difícil escrever quando não estão reunidas as condições que referi antes para isso.
D.P.: 18_Qual é a sua citação favorita?
C.L.: “A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso, cante, chore, dance, ria e viva intensamente, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos.”, Charles Chaplin
D.P.: 19_Quem/Qual é a sua fonte inspiração?
C.L.: A minha maior fonte de inspiração é a vida. Tudo o que me rodeia.
D.P.: 20_Qual é o seu maior sonho?
C.L.: Tenho tantos. Um era conseguir viver só da escrita e ser respeitada enquanto escritora. Outro era a paz no mundo mas este é uma utopia. E outro era que houvesse mais respeito para com o outro e com os animais.
D.P.: 21_Qual é o seu lema de vida?
C.L.: O meu lema de vida tem como base o respeito. Respeito todas as pessoas e exijo ser tratada com o mesmo respeito. E baseada nisto, tento eliminar da minha vida quem me falta ao respeito ou as pessoas que me fazem mal ou que me fazem sentir mal propositadamente. Como o meu pai diz: “Com amigos desses quem precisa de inimigos?”
D.P.: 22_Está a trabalhar em novos projetos? O que podem os leitores esperar para o futuro?
C.L.: Estou a tentar escrever o segundo romance. Espero até ao final deste ano ter alguma novidade.
D.P.: 23_Onde podem os leitores adquirir o seu livro?
C.L.: O livro está à venda na Livraria Ler Devagar em Lisboa. E no site da editora: http://www.pastelariastudios.com/
Quem quiser um livro autografado e com dedicatória envie mensagem privada através do facebook: https://www.facebook.com/baloicovazio
Quem quiser um livro autografado e com dedicatória envie mensagem privada através do facebook: https://www.facebook.com/baloicovazio
D.P.: 24_Alguns conselhos para os novos escritores?
C.L.: Não tenham pressa em editar. Leiam e releiam o vosso manuscrito antes de enviar para as editoras. Cuidado na escolha da editora. E depois é saberem lidar com o que vier.
D.P.: 25_E, por fim, qual é para si o maior segredo do Universo?
C.L.: O maior segredo continua a ser o ser-humano e a sua complexidade. Com o passar dos anos pensei que fosse compreender melhor as pessoas e as suas acções, mas a realidade é que ainda não consigo compreender certos actos.
Opiniões do blogue a obras de Carla Lima:
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