terça-feira, 22 de dezembro de 2015

25 Questões ao Criador - Conhecendo melhor... Andreia Ferreira

Biografia:

Nascida e criada em Braga, Andreia Ferreira orgulha-se muito do seu sotaque. Escreve nos cafés, rodeada de pessoas que a inspiram.Licenciou-se em Línguas e Literaturas Europeias, fez o primeiro ano de dois mestrados e agora está a frequentar Direito.
É casada e tem um filho, que chamou de cão ao gato, de tão grande que ele é.
Aos 27 anos continua à espera da sua carta para Hogwarts.

(Biografia retirada do site da Wook: http://www.wook.pt/)

Começo por deixar aqui o meu agradecimento à Andreia por ter aceite responder a esta entrevista e por toda a simpatia e sinceridade com que enfrentou este pequeno desafio.

Entrevista:

Dream Pages (D.P.): 1_Quando começou a escrever?
    Andreia Ferreira (A.F.): Aos 6 anos, quando entrei para a escola primária! Estou a brincar :P
Quando era mais nova, gostava de elaborar umas rimas, chamando-lhes poemas.
Por volta dos meus treze anos, escrevi uma mini narrativa em papel pautado, sobre a uma rapariga que lia os pensamentos dos outros e que acabava num hospital psiquiátrico.
Só aos dezoito é que me iniciei com os soberbas.

D.P.:2_Em que contexto surgiram os livros da "Trilogia Soberba"? Como é que surgiu a oportunidade de os publicar?
   A.F.Os soberbas surgiram com um primeiro capítulo, que explora um medo comum: a presença no quarto. Depois, surgiram ideias para desenvolver esse ser. Os personagens ganharam alguma consistência e personalidade. Quando dei por mim, o primeiro soberba estava pronto. Os seguintes vieram com as pontas que abri no primeiro, que tinham de ser fechadas.
A Alfarroba mostrou interesse nesta história. 

D.P.: 3_De onde vêm as suas personagens? Identifica-se com alguma delas?
     A.F.Eu acho que elas sussurram-me ao ouvido a pedirem para existir.
Não me identifico com nenhuma. Todas têm atitudes que eu não teria. Eu sou bem mais aborrecida do que elas.

D.P.: 4_Como lida com as críticas ao seu trabalho?
    A.F.De início, desesperava com as más críticas. Falava delas aos meus próximos e ganhava ódios de estimação pelos respetivos autores. Hoje, lido bem. Leio-as com calma e tento extrair o que considero útil para alterar em futuros projetos. Não digo que não dói! Dói sempre um pouquinho.
As boas críticas produzem um afago na alma. É quase como elogiarem-nos um filho. Quase!

D.P.: 5_O que sente quando escreve? O que lhe dá mais prazer na escrita? Qual é a maior dificuldade que sente quando está a escrever?
    A.F.Escrever é viver outras vidas. É ver um filme em primeira mão. É brincar de Deus.
Adoro o poder que me é concedido para movimentar estes seres fictícios e a reflexão que me é imposta nos momentos em que me é exigida uma decisão.
A maior dificuldade que enfrento na escrita é a impaciência que me preenche quando me vejo envolvida num projeto. Fico um pouco obcecada com a história e torna-se complicado afastar-me para viver a minha própria vida.

D.P.: 6_Tem algum ritual de escrita? 
    A.F.Gosto de escrever em cafés, mas não me parece que seja uma condição à qual me imponha.
Com os soberbas, não o fiz, mas este novo projeto levou-me a desenvolver alguns apontamentos para me orientar na escrita. Entre eles, elaborei um calendário, uma lista de personagens e as respetivas características e, por fim, um outline, onde descrevo a história cena a cena.
Tendo em conta a produtividade que este “ritual” me proporcionou, não creio que tornarei a escrever sem construir estes backgrounds primeiro.

D.P.: 7_Para além de escrever, qual é o seu maior talento?
  A.F.Não sei cantar. Tenho dois pés esquerdos. Sou míope. Não sei desenhar narizes. Sou preguiçosa e desisto de tudo que me canse fisicamente.
Acho que o meu maior talento é ser mãe. Nisso esforço-me muito para não falhar.

D.P.: 8_Considera a escrita uma necessidade ou um passatempo?
   A.F.Eu gostava de dizer que é um passatempo, porque só me posso inclinar sobre os manuscritos quando tenho tempo. Porém, venho a aperceber-me que me sinto mais feliz quando ando enfiada numa história das minhas.

D.P.: 9_Prefere ler ou escrever?
   A.F.Preferes o pai ou a mãe?
Senti-me um bocado assim agora.
São paixões totalmente diferentes. Contudo, para se escrever é preciso ler!
Escrever exige mais de mim, mais tempo e disposição. Ler é mais natural, uma vez que há sempre um livro a passear comigo na bolsa e cinco minutos de espera numa fila são suficientes para pegar nele.

D.P.: 10_O que pensa que seria do mundo sem livros?
   A.F.Se nunca tivessem existido, o mundo não teria evoluído. Estaríamos presos num ciclo ainda mais vicioso de erros.
Se eles desaparecessem todos de repente, acho que um pedaço de mim definharia.

D.P.: 11_Qual é o seu escritor favorito?
    A.F.Não tenho. Há alguns que admiro, outros que vou admirando e outros que arrumo para o lado à primeira tentativa.
Se tiver de mencionar algum, evidencio a escrita de Stephen King. Faço uma vénia à capacidade dele de elaborar personagens complexas, settings claustrofóbicos pelos sentimentos que os preenchem. Ele explora o ser humano e o que há de melhor e pior nele. É o que tento fazer nos meus livros.


D.P: 12_Qual é o seu livro preferido?
    A.F.Tenho um carinho especial pelo Harry Potter, como milhões de pessoas pelo mundo. Foi a minha primeira experiência de viver uma história com a alma. Desesperava pela saída do próximo volume!
Todos os anos, há livros que adquirem moradia fixa na estante.

D.P.: 13_Houve algum livro que a tenha feito olhar o mundo de forma diferente?
   A.F.: Livros! Dou por mim a mudar de perspetiva em relação a assuntos que julgava ter uma opinião formada. Ler é conhecer perspetivas. Há temas que carecem de uma reflexão mais profunda e que só nos apercebemos disso quando a história nos envolve em situações que nunca nos surgiram na realidade. O que eu faria? Esta pergunta, respondida na intimidade da nossa mente, procura respostas desesperantes dentro de nós.

D.P.: 14_Prefere o livro ou o filme?
    A.F.: São duas artes totalmente distintas, que merecem ser apreciadas como tal. A literatura não lida com os mesmos orçamentos dos filmes e há mestria em certas adaptações.
Ha cenas que funcionam melhor no papel do que no ecrã e há inúmeros pormenores a ter em conta na passagem de um livro para filme. À sua maneira, e respeitando o objetivo que se pretende, o cinema e a literatura conseguem produzir ficções maravilhosas da mesma história.

D.P.: 15_Qual é a sua música preferida?
     A.F.Não tenho nenhuma música preferida. Aliás, só ouço música no rádio, enquanto estou a conduzir. A maior parte das vezes, prefiro estar rodeada de silêncio.
No entanto, como qualquer pessoa, não conseguiria viver sem música. Inclino-me mais para bandas do género de Linkin Park e Pearl Jam. 

D.P.: 16_Costuma ouvir música quando está a escrever?
      A.F.Não. Música ambiente: pessoas a falar à minha volta.

D.P.: 17_É fácil conciliar a escrita com o seu trabalho e a sua vida? 
    A.F.Infelizmente, a escrita não pode ser uma prioridade na minha vida. Entre a família, o trabalho e a universidade, a escrita fica com os restos.

D.P.: 18_Qual é a sua citação favorita?
   A.F.Não tenho nenhuma que possa dizer que é a preferida de sempre. Há muitas frases que, simplesmente, caem bem!
Por exemplo:
               Be yourself; everyone else is already taken. de Oscar Wilde;
               Monsters are real, and ghosts are real too. They live inside us, and sometimes, they win. de Stephen King

D.P.: 19_Quem/Qual é a sua fonte inspiração?
      A.F.A vida.

D.P.: 20_Qual é o seu maior sonho?
     A.F.Sonho profissional: viver da escrita.
Sonho pessoal: que a minha família viva para sempre!
  
D.P.: 21_Qual é o seu lema de vida?
     A.F.: Isso de lemas é para quem vive como os cavalos: com duas talas na cara. Vou-me regendo pelos meus valores, esperando estar a agir corretamente e a tomar as melhores decisões.

D.P.: 22_Está a trabalhar em novos projetos? O que podem os leitores esperar para o futuro?
    A.F.Sim. Estou com um projeto em mãos. Fugi à fantasia e os únicos demónios que esta nova história traz são os que vivem dentro das pessoas.
Quem está familiarizado com a minha escrita, poderá continuar a contar com cenas densas e segredos obscuros.

D.P.: 23_Onde podem os leitores adquirir os seus livros?
    A.F.: Em qualquer livraria (se não os virem expostos, façam pedido).
Online na Wook, Betrand, Bulhosa
Comigo (mandem MP ou mail para d311nh4@gmail.com)
Com a editora.

D.P.: 24_Alguns conselhos para os novos escritores?
    A.F.Leiam livros de auxílio à escrita. Infelizmente, não existem bons livros da temática na língua portuguesa, pelo que terão de procurar entre os estrangeiros.
Aprendam do que é que falam os vossos autores preferidos, quando usam vocábulos como  estrutura, hook, entre outros. Procurem vídeos deles a falar de escrita e entendam como é que se realiza o processo deles, para poderem encontrar o vosso.
É importante que reconheçam as técnicas inerentes à narrativa, porque, mesmo que gostem de escrever ao sabor das ideias, na revisão elas são aplicadas. 

D.P.: 25_E, por fim, qual é para si o maior segredo do Universo?
    A.F.Deus, estás aí?


Para mais informações e para poder seguir o trabalho da escritora, visite a sua página no Facebook: https://www.facebook.com/d314blogue

Sem comentários:

Enviar um comentário