Nascida e criada em Braga, Andreia Ferreira orgulha-se muito do seu sotaque. Escreve nos cafés, rodeada de pessoas que a inspiram.Licenciou-se em Línguas e Literaturas Europeias, fez o primeiro ano de dois mestrados e agora está a frequentar Direito.
É casada e tem um filho, que chamou de cão ao gato, de tão grande que ele é.
Aos 27 anos continua à espera da sua carta para Hogwarts.
É casada e tem um filho, que chamou de cão ao gato, de tão grande que ele é.
Aos 27 anos continua à espera da sua carta para Hogwarts.
Começo por deixar aqui o meu agradecimento à Andreia por ter aceite responder a esta entrevista e por toda a simpatia e sinceridade com que enfrentou este pequeno desafio.
Entrevista:
Dream Pages (D.P.): 1_Quando começou a escrever?
Andreia Ferreira (A.F.): Aos 6
anos, quando entrei para a escola primária!
Estou a brincar :P
Quando
era mais nova, gostava de elaborar umas rimas, chamando-lhes poemas.
Por
volta dos meus treze anos, escrevi uma mini narrativa em papel pautado, sobre a
uma rapariga que lia os pensamentos dos outros e que acabava num hospital
psiquiátrico.
Só aos dezoito é que me iniciei com os soberbas.
D.P.:2_Em que contexto surgiram os livros da "Trilogia Soberba"? Como é que surgiu a oportunidade de os publicar?
A.F.: Os
soberbas surgiram com um primeiro capítulo,
que explora um medo comum: a presença
no quarto. Depois, surgiram ideias para desenvolver esse ser. Os personagens
ganharam alguma consistência
e personalidade. Quando dei por mim, o primeiro soberba estava pronto. Os seguintes
vieram com as pontas que abri no primeiro, que tinham de ser fechadas.
A Alfarroba mostrou interesse nesta história.
D.P.: 3_ De onde vêm as suas personagens? Identifica-se com alguma delas?
A.F.: Eu acho
que elas sussurram-me ao ouvido a pedirem para existir.
Não me identifico com nenhuma.
Todas têm atitudes que eu não teria. Eu sou bem mais
aborrecida do que elas.
A.F.: De início, desesperava com as más críticas. Falava delas aos meus próximos e ganhava ódios
de estimação pelos
respetivos autores. Hoje, lido bem. Leio-as com calma e tento extrair o que
considero útil para alterar
em futuros projetos. Não
digo que não dói! Dói sempre um pouquinho.
As boas
críticas produzem um afago
na alma. É quase como
elogiarem-nos um filho. Quase!
D.P.: 5_O que sente quando escreve? O que lhe dá mais prazer na escrita? Qual é a maior dificuldade que sente quando está a escrever?
A.F.: Escrever
é viver outras vidas. É ver um filme em primeira mão. É brincar de Deus.
Adoro o
poder que me é concedido
para movimentar estes seres fictícios
e a reflexão que me é imposta nos momentos em que me é exigida uma decisão.
A maior
dificuldade que enfrento na escrita é
a impaciência que me
preenche quando me vejo envolvida num projeto. Fico um pouco obcecada com a
história e torna-se
complicado afastar-me para viver a minha própria vida.
D.P.: 6_Tem algum ritual de escrita?
A.F.: Gosto de
escrever em cafés, mas não me parece que seja uma condição à qual me imponha.
Com os
soberbas, não o fiz, mas
este novo projeto levou-me a desenvolver alguns apontamentos para me orientar
na escrita. Entre eles, elaborei um calendário, uma lista de personagens e as respetivas características e, por fim, um outline,
onde descrevo a história
cena a cena.
Tendo em
conta a produtividade que este “ritual” me proporcionou, não creio que tornarei a escrever
sem construir estes backgrounds primeiro.
D.P.: 7_Para além de escrever, qual é o seu maior talento?
A.F.: Não sei cantar. Tenho dois pés esquerdos. Sou míope. Não sei desenhar narizes. Sou preguiçosa e desisto de tudo que me canse fisicamente.
Acho que
o meu maior talento é ser mãe. Nisso esforço-me muito para não falhar.
D.P.: 8_Considera a escrita uma necessidade ou um passatempo?
A.F.: Eu
gostava de dizer que é um
passatempo, porque só me
posso inclinar sobre os manuscritos quando tenho tempo. Porém, venho a aperceber-me que me
sinto mais feliz quando ando enfiada numa história das minhas.
D.P.: 9_Prefere ler ou escrever?
A.F.: Preferes
o pai ou a mãe?
Senti-me
um bocado assim agora.
São paixões totalmente diferentes. Contudo, para se escrever é preciso ler!
Escrever
exige mais de mim, mais tempo e disposição.
Ler é mais natural, uma vez
que há sempre um livro a
passear comigo na bolsa e cinco minutos de espera numa fila são suficientes para pegar nele.
D.P.: 10_O que pensa que seria do mundo sem livros?
A.F.: Se nunca
tivessem existido, o mundo não
teria evoluído. Estaríamos presos num ciclo ainda mais
vicioso de erros.
Se eles
desaparecessem todos de repente, acho que um pedaço de mim definharia.
A.F.: Não tenho. Há alguns que admiro, outros que vou admirando e outros que
arrumo para o lado à primeira
tentativa.
Se tiver
de mencionar algum, evidencio a escrita de Stephen King. Faço uma vénia à capacidade
dele de elaborar personagens complexas, settings claustrofóbicos pelos sentimentos que os
preenchem. Ele explora o ser humano e o que há de melhor e pior nele. É o que tento fazer nos meus livros.
D.P: 12_Qual é o seu livro preferido?
A.F.: Tenho um
carinho especial pelo Harry Potter, como milhões de pessoas pelo mundo. Foi a minha primeira experiência de viver uma história com a alma. Desesperava pela
saída do próximo volume!
Todos os
anos, há livros que adquirem
moradia fixa na estante.
D.P.: 13_Houve algum livro que a tenha feito olhar o mundo de forma diferente?
A.F.: Livros!
Dou por mim a mudar de perspetiva em relação a assuntos que julgava ter uma opinião formada. Ler é conhecer
perspetivas. Há temas que
carecem de uma reflexão mais
profunda e que só nos
apercebemos disso quando a história
nos envolve em situações que
nunca nos surgiram na realidade. O que eu faria? Esta pergunta,
respondida na intimidade da nossa mente, procura respostas desesperantes dentro
de nós.
D.P.: 14_Prefere o livro ou o filme?
A.F.: São duas artes totalmente
distintas, que merecem ser apreciadas como tal. A literatura não lida com os mesmos orçamentos dos filmes e há mestria em certas adaptações.
Ha cenas
que funcionam melhor no papel do que no ecrã e há inúmeros pormenores a ter em conta
na passagem de um livro para filme. À
sua maneira, e respeitando o objetivo que se pretende, o cinema e a
literatura conseguem produzir ficções
maravilhosas da mesma história.
D.P.: 15_Qual é a sua música preferida?
A.F.: Não tenho nenhuma música preferida. Aliás, só ouço música no rádio, enquanto estou a conduzir. A maior parte das vezes,
prefiro estar rodeada de silêncio.
No
entanto, como qualquer pessoa, não
conseguiria viver sem música.
Inclino-me mais para bandas do género
de Linkin Park e Pearl Jam.
D.P.: 16_Costuma ouvir música quando está a escrever?
A.F.: Não. Música ambiente: pessoas a falar à minha volta.
D.P.: 17_É fácil conciliar a escrita com o seu trabalho e a sua vida?
A.F.: Infelizmente, a escrita não pode ser uma prioridade na minha vida. Entre a família, o trabalho e a universidade, a escrita fica com os restos.
A.F.: Infelizmente, a escrita não pode ser uma prioridade na minha vida. Entre a família, o trabalho e a universidade, a escrita fica com os restos.
A.F.: Não tenho nenhuma que possa dizer
que é a preferida de sempre.
Há muitas frases que,
simplesmente, caem bem!
Por exemplo:
“Be yourself; everyone else is
already taken.” de Oscar Wilde;
“Monsters are real, and ghosts are
real too. They live inside us, and sometimes, they win.” de Stephen King
D.P.: 19_Quem/Qual é a sua fonte inspiração?
A.F.: A vida.
D.P.: 20_Qual é o seu maior sonho?
A.F.: Sonho
profissional: viver da escrita.
Sonho
pessoal: que a minha família
viva para sempre!
D.P.: 21_Qual é o seu lema de vida?
A.F.: Isso de
lemas é para quem vive como
os cavalos: com duas talas na cara. Vou-me regendo pelos meus valores,
esperando estar a agir corretamente e a tomar as melhores decisões.
D.P.: 22_Está a trabalhar em novos projetos? O que podem os leitores esperar para o futuro?
A.F.: Sim.
Estou com um projeto em mãos.
Fugi à fantasia e os únicos demónios que esta nova história traz são
os que vivem dentro das pessoas.
Quem está familiarizado com a minha
escrita, poderá continuar a
contar com cenas densas e segredos obscuros.
D.P.: 23_Onde podem os leitores adquirir os seus livros?
A.F.: Em
qualquer livraria (se não os
virem expostos, façam
pedido).
Online na Wook, Betrand, Bulhosa…
Comigo
(mandem MP ou mail para d311nh4@gmail.com)
Com a
editora.
D.P.: 24_Alguns conselhos para os novos escritores?
A.F.: Leiam
livros de auxílio à escrita. Infelizmente, não existem bons livros da temática na língua portuguesa, pelo que terão de procurar entre os estrangeiros.
Aprendam
do que é que falam os vossos
autores preferidos, quando usam vocábulos
como estrutura, hook, entre outros.
Procurem vídeos deles a
falar de escrita e entendam como é que
se realiza o processo deles, para poderem encontrar o vosso.
É importante que reconheçam as técnicas inerentes à
narrativa, porque, mesmo que gostem de escrever ao sabor das ideias, na
revisão elas são aplicadas.
D.P.: 25_E, por fim, qual é para si o maior segredo do Universo?
A.F.: Deus,
estás aí?
Para mais informações e para poder seguir o trabalho da escritora, visite a sua página no Facebook: https://www.facebook.com/d314blogue
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