(Artigo de Opinião)
Autora: Ruth Ware
Título Original: The Woman in Cabin 10 (2016)
Tradução: Eugénia Antunes
ISBN: 978-989-724-380-6
Nº de páginas: 344
Nº de páginas: 344
Editora: Clube do Autor
Sinopse
Uma jornalista faz a cobertura da viagem inaugural de um cruzeiro de luxo.
O que parecia uma grande oportunidade profissional revela-se um pesadelo quando ela testemunha um possível crime no camarote ao lado do seu. Porém, para sua surpresa, todos os passageiros continuam a bordo. Não falta ninguém e ninguém pode sair do navio…
Tudo começa com um convite inesperado para uma viagem de sonho. Lo Blacklock, jornalista, recebe um convite irrecusável: acompanhar a primeira viagem do cruzeiro de luxo Aurora Borealis. O serviço é exclusivo e a bordo estão vários empresários e pessoas influentes da sociedade. No entanto, a viagem ganha outros contornos para jornalista. Certa noite, testemunha aquilo que acredita ser um crime no camarote ao lado do seu.
Desesperada, denuncia o ocorrido aos responsável pela embarcação. Ninguém acredita na sua versão pois todos os passageiros continuam no navio. Blacklock decide investigar o crime por conta própria. Colocando a carreira e a própria vida em risco, ela não vai descansar enquanto não encontrar resposta para o mistério do camarote 10.
Este exemplar foi-me gentilmente cedido pela Clube do Autor em troca de uma opinião sincera
Opinião
Começo por agradecer à Clube do Autor pelo gentil envio do livro.
Os livros de Ruth Ware têm sido tão bem recebidos pela crítica que a autora foi já até apontada como uma provável sucessora de Agatha Christie. Apesar de não ter lido "Numa Floresta Muito Escura", estava muito curiosa com este novo livro publicado em Portugal, "A Mulher do Camarote 10", e tenho a dizer que é um thriller fantástico!
Conhecemos Laura Blacklock - mais conhecida pelo diminutivo Lo -, uma jornalista com uma carreira à beira da estagnação, que trabalha para uma revista de viagens, quando a casa dela é assaltada. Perante a ameaça de se ver ferida, Lo tranca-se e fica sem reação, o que acaba por gerar um trauma, que se reflete em pesadelos e no medo de ficar sozinha em casa.
Surge então uma oportunidade que Lo há muito deseja: ir, como substituta da sua chefe, à viagem inaugural do navio boutique, o Aurora Borealis, num cruzeiro de uma semana pelos mares escandinavos. Simultaneamente uma chance de subir na carreira e de se afastar da sensação de perigo que tem vivido nos últimos tempos, Lo embarca nesta luxuosa viagem, juntamente com estranhas personalidades do mundo dos negócios e da imprensa.
No entanto, há algo que corre muito mal. Certa noite, acaba por presenciar o que pensa ser um crime no camarote 10 - a cabina ao lado da sua -, mas que, supostamente, está vazia desde que o barco partiu. Não há provas nem qualquer indício de que algo tenha realmente acontecido: o camarote está vazio, não falta nenhum membro da tripulação e ninguém corresponde à descrição da mulher com que Lo afirma ter falado. Terá realmente ocorrido um crime no camarote 10? Ou não passará tudo isto de uma projeção dos medos de Lo? É possível encontrar um assassino se ninguém acredita que houve um crime?
Este livro prendeu-me desde o início. Em primeiro lugar, é muito fácil a conexão com a protagonista: o facto de a história ser narrada por ela, na primeira pessoa, e de a conhecermos num momento de vulnerabilidade, contribui para que se estabeleça um laço de proximidade entre Lo e o leitor. Mas o que me cativou realmente foi o lado extremamente humano da personagem, que se reflete nos seus pensamentos, receios e modos de atuação. Talvez por estar a passar uma fase em que se sente tão sozinha e exposta ao perigo, facilmente senti empatia e, apesar da dúvida constante - não será tudo o mero fruto da imaginação de uma mulher assustada, com queda para a bebida e um passado de depressão? - senti que tinha quase o dever de ficar do seu lado.
A premissa deste livro é extremamente cativante, principalmente pela forte componente psicológica. Há não só a questão que define a trama - terá realmente ocorrido um crime? -, mas também o quotidiano de Lo a bordo do cruzeiro, com pessoas estranhas e importantes - e entre as quais poderá estar um assassino.
A escrita de Ruth Ware é muito envolvente e propicia o clima certo para a ação. O ritmo é acelerado e a leitura rapidamente se torna compulsiva. Se estes não fosse elementos já capazes de, por si só, prender a atenção do leitor, contamos ainda com um ambiente extremamente sombrio e claustrofóbico - ou não se passasse o enredo numa pequena embarcação no meio do mar - e com uma ação crescente e cheia de reviravoltas.
Temos um leque de personagens relativamente pequeno, mas bastante diversificado. Uma vez que a trama decorre a bordo de um navio boutique, o núcleo de personagens gira somente à volta dos passageiros e da tripulação, o que acaba por permitir ao leitor conhecê-las melhor. Na verdade, talvez por termos um grupo tão eclético, ao longo da leitura, dei por mim a mudar várias vezes o objeto das minhas suspeitas. Ainda assim, no final a autora conseguiu surpreender-me: não estava nada à espera do desfecho e agradou-me imenso!
"A Mulher do Camarote 10" é um thriller misterioso, envolvente e cativante, que decorre num ambiente fechado e isolado e que conta com personagens singulares. Com um enredo interessante e um ritmo acelerado, vamos montando as peças do puzzle, até termos por fim a desejada resposta à questão: o que aconteceu à mulher do camarote 10? Fiquei com vontade de ler mais da autora e resta-me desejar que a Clube do Autor continue a apostar nos livros de Ruth Ware. Gostei muito e é um livro que recomendo!
Os livros de Ruth Ware têm sido tão bem recebidos pela crítica que a autora foi já até apontada como uma provável sucessora de Agatha Christie. Apesar de não ter lido "Numa Floresta Muito Escura", estava muito curiosa com este novo livro publicado em Portugal, "A Mulher do Camarote 10", e tenho a dizer que é um thriller fantástico!
Conhecemos Laura Blacklock - mais conhecida pelo diminutivo Lo -, uma jornalista com uma carreira à beira da estagnação, que trabalha para uma revista de viagens, quando a casa dela é assaltada. Perante a ameaça de se ver ferida, Lo tranca-se e fica sem reação, o que acaba por gerar um trauma, que se reflete em pesadelos e no medo de ficar sozinha em casa.
Surge então uma oportunidade que Lo há muito deseja: ir, como substituta da sua chefe, à viagem inaugural do navio boutique, o Aurora Borealis, num cruzeiro de uma semana pelos mares escandinavos. Simultaneamente uma chance de subir na carreira e de se afastar da sensação de perigo que tem vivido nos últimos tempos, Lo embarca nesta luxuosa viagem, juntamente com estranhas personalidades do mundo dos negócios e da imprensa.
No entanto, há algo que corre muito mal. Certa noite, acaba por presenciar o que pensa ser um crime no camarote 10 - a cabina ao lado da sua -, mas que, supostamente, está vazia desde que o barco partiu. Não há provas nem qualquer indício de que algo tenha realmente acontecido: o camarote está vazio, não falta nenhum membro da tripulação e ninguém corresponde à descrição da mulher com que Lo afirma ter falado. Terá realmente ocorrido um crime no camarote 10? Ou não passará tudo isto de uma projeção dos medos de Lo? É possível encontrar um assassino se ninguém acredita que houve um crime?
Este livro prendeu-me desde o início. Em primeiro lugar, é muito fácil a conexão com a protagonista: o facto de a história ser narrada por ela, na primeira pessoa, e de a conhecermos num momento de vulnerabilidade, contribui para que se estabeleça um laço de proximidade entre Lo e o leitor. Mas o que me cativou realmente foi o lado extremamente humano da personagem, que se reflete nos seus pensamentos, receios e modos de atuação. Talvez por estar a passar uma fase em que se sente tão sozinha e exposta ao perigo, facilmente senti empatia e, apesar da dúvida constante - não será tudo o mero fruto da imaginação de uma mulher assustada, com queda para a bebida e um passado de depressão? - senti que tinha quase o dever de ficar do seu lado.
A premissa deste livro é extremamente cativante, principalmente pela forte componente psicológica. Há não só a questão que define a trama - terá realmente ocorrido um crime? -, mas também o quotidiano de Lo a bordo do cruzeiro, com pessoas estranhas e importantes - e entre as quais poderá estar um assassino.
A escrita de Ruth Ware é muito envolvente e propicia o clima certo para a ação. O ritmo é acelerado e a leitura rapidamente se torna compulsiva. Se estes não fosse elementos já capazes de, por si só, prender a atenção do leitor, contamos ainda com um ambiente extremamente sombrio e claustrofóbico - ou não se passasse o enredo numa pequena embarcação no meio do mar - e com uma ação crescente e cheia de reviravoltas.
Temos um leque de personagens relativamente pequeno, mas bastante diversificado. Uma vez que a trama decorre a bordo de um navio boutique, o núcleo de personagens gira somente à volta dos passageiros e da tripulação, o que acaba por permitir ao leitor conhecê-las melhor. Na verdade, talvez por termos um grupo tão eclético, ao longo da leitura, dei por mim a mudar várias vezes o objeto das minhas suspeitas. Ainda assim, no final a autora conseguiu surpreender-me: não estava nada à espera do desfecho e agradou-me imenso!
"A Mulher do Camarote 10" é um thriller misterioso, envolvente e cativante, que decorre num ambiente fechado e isolado e que conta com personagens singulares. Com um enredo interessante e um ritmo acelerado, vamos montando as peças do puzzle, até termos por fim a desejada resposta à questão: o que aconteceu à mulher do camarote 10? Fiquei com vontade de ler mais da autora e resta-me desejar que a Clube do Autor continue a apostar nos livros de Ruth Ware. Gostei muito e é um livro que recomendo!
Música que aconselho para acompanhar a leitura: The Script_Rain
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