(Artigo de Opinião)
Autora: Megan DeVos
Título Original: Anarchy (2018)
ISBN: 978-989-234-564-2
Nº de páginas: 368
Editora: 1001 Mundos
Editora: 1001 Mundos
Sinopse
Após uma guerra devastadora, resta uma grande metrópole. É uma ruína entre ruínas mas é aí, entre os escombros, que a população sobrevivente se concentra. Vivem constantemente alerta, pois na ausência de regras, resta matar ou morrer…
Num ataque a uma fação rival, Hayden, o jovem líder do acampamento Blackwing, poupa a vida a Grace. Grace é linda, carismática, corajosa - mas também uma inimiga mortal.
Filha do líder do acampamento rival, Greystone, e inquestionavelmente leal ao pai, Grace sabe que não pode confiar em ninguém - muito menos no representante do povo que foi treinada para matar…
Reina o perigo. Reina o caos. Reina a… ANARQUIA.
Este exemplar foi-me gentilmente cedido pela 1001 Mundos em troca de uma opinião sincera
Opinião
Começo por agradecer à 1001 Mundos pelo
gentil envio do livro.
“Anarquia”, livro de estreia de Megan
DeVos, apresenta-nos um mundo fraturado, resultado de uma guerra que vitimou a
maior parte da população. Os poucos sobreviventes distribuem-se agora por
acampamentos, facções rivais na luta pelos poucos bens disponíveis.
Quando, com apenas 21 anos, assume a pesada responsabilidade de chefiar o acampamento de Blackwing, Hayden sabe que tem de honrar a confiança depositada nele pela sua gente e lutar pela sobrevivência da sua tribo. No entanto, uma invasão a um acampamento rival não corre como o esperado, e é a misericórdia de Grace, uma habitante da facção de Greystone, que poupa a vida a Hayden. Quando mais tarde surge a oportunidade de saldar essa dívida, Hayden salva a jovem e leva-a consigo para Blackwing, inicialmente como sua prisioneira. Mas Grace é uma rapariga inteligente e encantadora, e rapidamente cai nas graças do jovem líder, acabando por conquistar com a sua bravura e simpatia até os mais reticentes habitantes. No entanto, é também a filha do líder de Greystone, e a sua lealdade só poderá pender para um dos lados - e a questão é: qual deles?
Estava muito curiosa com o lançamento de "Anarquia", um livro inicialmente publicado na plataforma Wattpad, mas confesso que me deixou um pouco desapontada. O que por diversas vezes senti durante a leitura foi que
estava na presença de uma premissa cheia de potencial, mas que foi mal
aproveitada. Este livro é classificado como uma distopia, mas a verdade é que a
autora pouco desenvolve o mundo propriamente dito - nem é explicado sequer o porquê de ter acontecido uma guerra e de os sobreviventes se terem dividido em facções -, focando-se antes
excessivamente no relacionamento dos protagonistas, tendo ficado por explorar
imensos elementos relacionados com a construção do enredo, que sem dúvida
teriam enriquecido a trama. Fiquei especialmente desiludida com este aspeto,
pois ficou a sensação de estar a ler apenas um romance que, quase que
como por acaso, se passa num mundo pós-apocalíptico.
De facto, DeVos dá o principal enfoque do livro à relação
dos protagonistas, que, na minha opinião, acontece demasiado cedo. Este é um
daqueles casos em que as personagens têm todas as condições para serem inimigos
mortais, mas que sentem uma atração instantânea e irreprimível e acabam por “mandar
às urtigas” todas as conceções e cautelas para se entregarem à paixão. Tudo
acontece demasiado depressa e há interações que acabam por ser repetitivas, o
que torna esta componente romântica ligeiramente maçadora.
E, no entanto, a verdade é
que a leitura foi algo compulsiva. A pouca complexidade da narrativa, aliada a
uma escrita simples e fluida e a um forte predomínio da interação das personagens, fazem
deste um livro fácil e rápido de ler, e por mais que a relação de Hayden e
Grace seja imediata e previsível, acabei por me sentir envolvida e compelida a
acompanhar o romance dos protagonistas. Além disso, é fácil estabelecer uma conexão com estas duas personagens, pois temos capítulos alternados com os seus pontos de vista, o que nos permite ter uma outra visão sobre os seus sentimentos e motivações.
“Anarquia” foi, em suma, um livro que me provocou mixed feelings.
Se, por um lado, esperava uma abordagem muito diferente da vertente distópica e
um desenvolvimento do mundo e das personagens significativamente maior, por outro
foi uma leitura que entreteve e de que, apesar de não ser particularmente inovadora
ou excecional, gostei, pelo que não encontro melhor forma de descrever este
livro do que como um guilty pleasure. Apesar
de ter várias falhas, ainda assim é com curiosidade que aguardo pelo próximo
volume, “Lealdade”, para ver o rumo que a autora vai dar à história de Hayden e
Grace.
Música que aconselho para acompanhar a leitura: Imagine Dragons_Natural
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