sexta-feira, 7 de fevereiro de 2020

Opinião sobre "A Rapariga Sem Nome" (Agente Especial Tess Winnett #1) - Leslie Wolfe

A Rapariga Sem Nome
(Agente Especial Tess Winnett #1)
(Artigo de Opinião)


Autora: Leslie Wolfe
Título Original: Dawn Girl (2016)
ISBN: 9789898907745
Nº de páginas: 304
Editora: Alma dos Livros


Sinopse

    Os olhos azuis vidrados, o belo rosto, inerte, coberto de cintilantes grãos de areia. Os lábios entreabertos, como que para libertar um último suspiro. Quem é a bela rapariga encontrada ao amanhecer numa praia deserta? Qual é o seu segredo?


   A agente especial Tess Winnett, do FBI, procura incessantemente respostas. A cada passo, a cada nova descoberta, desvenda factos perturbadores que conduzem à mesma conclusão: aquela não foi a única vítima. O assassino que procuram já matou antes.


   Escondendo também um terrível segredo, a agente Tess Winnett enfrenta os seus receios mais profundos, numa emocionante corrida para apanhar o assassino, que se prepara para acabar com outra vida. Descobri-lo-á a tempo? Será capaz de o deter? A que preço?


Este exemplar foi-me gentilmente cedido pela Alma dos Livros em troca de uma opinião sincera


Opinião
     
      Começo por agradecer à Alma dos Livros pelo gentil envio do livro.

    Depois da série da inspetora Erika Foster, de Robert Bryndza, a Alma dos Livros continua a apostar - e bem! - na publicação de thrillers/policiais, trazendo-nos "A Rapariga Sem Nome", de Leslie Wolfe, que vem iniciar a série protagonizada pela agente especial Tess Winnett. Tendo a sinopse despertado o meu interesse, parti para esta leitura bastante expectante, mas, apesar de ter gostado bastante, senti que ficou a faltar algo para que me arrebatasse completamente.

    Uma jovem rapariga é encontrada na praia, nua, em posição de oração, e o seu corpo apresenta marcas de que foi cruelmente torturada antes de morrer. Tess Winnett, uma agente especial do FBI, é destacada para ajudar a polícia local na investigação deste homicídio, mas rapidamente compreende que este não vai ser um caso de fácil resolução. Não há qualquer vestígio que aponte na direção do agressor, mas começa a surgir a forte suspeita de que esta jovem não foi a sua primeira vítima, e de que este poderá tratar-se de um assassino em série.

     Com uma tendência natural para irritar os seus superiores, mas com um histórico impressionante de casos resolvidos, Tess vê-se a braços com esta investigação, que parece ser uma das mais desafiantes da sua carreira, mas que vai também desenterrar um dos seus maiores traumas. Conseguirá apanhar este assassino antes que seja ceifada uma nova vida?

     Uma das  que coisas de que mais gostei neste livro foram os pormenores mórbidos e o planeamento envolvidos nos crimes. Achei os detalhes muito interessantes e fiquei surpeendida com a originalidade do caso. Isso, aliado ao facto de a escrita ser muito fluida, os capítulos serem curtos e o ritmo intenso, fez com que esta fosse uma leitura bastante rápida.

    Tess é uma mulher independente, com uma personalidade forte e vincada e um espírito de desafio, e que parece ter um talento para fazer perder as estribeiras aos seus chefes e colegas de trabalho. Habituada a trabalhar sozinha desde a morte do seu parceiro, e marcada por um acontecimento traumático do passado, Tess tem dificuldade em confiar nos outros e em mostrar o seu lado mais vulnerável, acabando por transparecer uma atitude algo arrogante e desprendida. Confesso que o feitio arisco da protagonista me atraiu, bem como o seu tom sarcástico, e estou curiosa para ver como vai ser esta personagem desenvolvida nos próximos volumes da série.

 No entanto, o enredo tem também alguns pontos que considero menos positivos, e que acabaram por, na minha opinião, afetar o potencial da história. Em primeiro lugar, penso que peca no facto de a identidade do assassino ser revelada demasiado cedo. Gostava que a autora tivesse manejado melhor a questão do suspense, prolongando durante mais tempo a curiosidade de leitor. Para além disso, sinto que havia mais a explorar na construção do assassino. Acho que a parte do método foi bem desenvolvida e achei muito interessante a parte do assassinato propriamente dito. No entanto, ficou a faltar um maior desenvolvimento das motivações do culpado, o porquê de tudo.


    Além disso, sinto que o final foi muito apressado: o contexto foi bem construído, o sumo da trama é cativante, mas a parte chave, da resolução do crime, foi demasiado rápida. E, por último, o factor que menos me convenceu, foi o facto de o segredo de Tess ser revelado logo neste primeiro volume. Sem querer entrar em grandes pormenores, para não correr o risco de fazer algum spoiler, penso que, sendo este o primeiro volume de uma série, a autora podia ter aproveitado melhor esse trunfo - que, na minha opinião, ao ser usado logo neste livro, acabou por retirar alguma a credibilidade à história.

     "A Rapariga Sem Nome" vem estrear esta série protagonizada pela agente Tess Winnett, uma personagem que me parece ter ainda muito para mostrar em livros futuros, motivo pelo qual continuo curiosa para ler o segundo volume, "A Rapariga Que Sobreviveu". Esta é uma leitura rápida, com uma premissa com potencial e um crime interessante, embora não aproveitados ao máximo, motivo pelo qual talvez saiba a pouco a leitores mais experientes no género. Ainda assim, uma boa leitura!

 Música que aconselho para acompanhar a leitura: Dermot Kennedy_Power Over Me

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