(Artigo de Opinião)
Autora: Lauren Oliver
Título Original: Before I Fall (2010)
Tradução: Marta Mendonça
ISBN: 978-972-23-6007-4
Nº de páginas: 376
Nº de páginas: 376
Editora: Editorial Presença
Sinopse
Samantha Kingston tem tudo: o namorado com quem sonhava há anos, três grandes amigas e todos os privilégios que a sua simpatia lhe pode oferecer. Sexta-feira, 12 de Fevereiro, devia ter sido um dia igual a tantos outros. Nada faria suspeitar que seria o último…
Inesperadamente, é-lhe concedida uma segunda oportunidade. Ou melhor, são-lhe concedidas sete oportunidades. Durante uma semana, Samantha revive o último dia da sua vida, tentando perceber os mistérios que envolvem a sua morte - o que pode ou não mudar e até onde seria capaz de ir para se salvar -, descobrindo o verdadeiro valor de tudo o que está prestes a perder.
Este exemplar foi-me gentilmente cedido pela Editorial Presença em troca de uma opinião sincera
Opinião
Começo por agradecer à Editorial Presença pelo gentil envio do livro.
A premissa de "Antes de Vos Deixar" chamou-me a atenção pela singularidade, pois quantos de nós não pensamos, por vezes, no quão bom seria poder voltar atrás e fazer as coisas de maneira diferente, bem como o que poderia resultar disso? Este livro mostra-nos o impacto da nossas ações, pois somos o resultado das escolhas que fazemos e dos caminhos que seguimos.
Começamos com a morte de Samantha Kingston, uma jovem de 17 anos que está no último ano do ensino secundário, e que, aparentemente, tem tudo o que precisa e deseja para ser feliz: uma popularidade recente mas consolidada, um grupo de amigas que adora, o namorado por que suspirava há anos e a devoção de quase todos os colegas. E, então, no dia 12 de fevereiro, uma sexta-feira que apenas fugia à normalidade por ser Dia dos Namorados, um acidente inesperado ceifa-lhe a vida.
Porém, Sam acorda de manhã, intacta, na sua cama, ao som do despertador. Confusa com o desenrolar dos acontecimentos, qual não é o seu espanto quando descobre que é outra vez sexta-feira, dia 12 de fevereiro, e que deverá viver novamente o mesmo dia. Durante uma semana, é dada a Sam a oportunidade de reviver aquele que foi o último dia da sua vida, para que possa compreender os mistérios em que está envolta a sua morte e, talvez, mudar os acontecimentos e salvar a sua vida. Será ela capaz de perceber verdadeiramente aquilo que desencadeou o fim?
A história é narrada na primeira pessoa pela protagonista, e está dividida em sete capítulos - cada um correspondente a uma versão do mesmo dia -, que por sua vez se repartem em pequenos episódios ou reflexões. Inicialmente, temi que, uma vez que a protagonista iria reviver o mesmo dia sete vezes, a história se pudesse tornar repetitiva e a leitura cansativa, mas, felizmente, tal não aconteceu! O facto de alguns acontecimentos mudarem e, principalmente, a evolução da protagonista - que passa a encarar as situações de ângulos diferentes, com abordagens menos superficiais - proporcionam ao leitor uma visão mais completa da vida de Sam, tornando cada versão dos episódios mais única e autêntica. e permitindo descobrir mais sobre a sua vida, a sua personalidade, os seus amigos, a sua relação com a família, o seu passado e sobre a forma como morreu.
Sam percorre um caminho pautado por diversas reações ao que lhe acontece, correspondentes às cinco fases do luto - a negação, a raiva, a negociação, a depressão e, por fim, a aceitação - que culmina na perceção da lógica que se esconde por detrás do que lhe está a acontecer. Quando Sam finalmente percebe que tem de mudar algo para quebrar o ciclo e se poder salvar, depara-se com uma importante questão: que erros do passado conseguimos mudar se tivermos apenas um dia? Seremos capazes de, ao salvarmos os outros, resgatarmo-nos a nós próprios?
No início, senti-me bastante irritada com algumas atitudes de Sam e das amigas, pois, na sua atitude de superioridade, não se importavam minimamente com os sentimentos e as vidas das outras pessoas. Mimadas, egoístas e egocêntricas, eram as típicas "rainhas" do liceu, preocupadas com as aparências e as suas vidas sociais, e maltratando todos aqueles que estivessem abaixo do seu patamar de popularidade. Mas, graças ao "loop" temporal, percebemos várias outras facetas destas raparigas, e compreendemos os motivos e as inseguranças - ou, por vezes, mesmo a ausência deles - que desencadeiam estes comportamentos reprováveis.
As personagens são muito reais e estão muito bem construídas, uma vez que são constituídas por várias camadas que vamos observando em diferentes contextos. Além disso, o leque é muito versátil, pois cada personagem representa uma linha de ação, única e, simultaneamente, comum, pois todas desejam ser aceites. Gostei muito do Kent, um rapaz carinhoso e prestável que nutre uma paixão antiga por Sam e que consegue ver quem ela é realmente é. Também gostei muito da Izzy, a irmã mais nova da protagonista, que, apesar de não ter grande destaque na história, transmite a ideia de que sermos diferentes é o que nos torna especiais. Relativamente às companheiras de Sam, vemos um lado cruel, que muitas vezes resulta da insegurança, mas também um lado leal e divertido, e é por isso que, apesar de conseguirem ser realmente malvadas e insensíveis, não as odiei.
Gostei muito da escrita de Lauren Oliver e da forma como conseguiu encaixar várias vertentes da vida de Sam em apenas um dia. Uma vez que a história é contada por uma adolescente, é dado destaque a alguns episódios que podem pareces supérfluos ou desnecessários, mas que fazem sentido no todo, e que, ao fazerem sobressair alguns aspetos da personalidade de Sam, ressaltam a mudança que esta atravessa.
Encontramos retratados diversos temas da atualidade que devem ser sempre objeto de reflexão, tais como o bullying e as consequências que os nossos atos, por vezes irrefletidos, têm nas outras pessoas; as pequenas coisas do quotidiano que tomamos como garantidas e nas quais nem reparamos ou não damos o devido valor, mas que fazem toda a diferença quando as perdemos; a efemeridade da vida, que tão depressa nos foge das mãos sem que tenhamos tempo de nos despedirmos ou de remediarmos situações em que errámos; e as contínuas oportunidades que a vida nos oferece de recomeçarmos e fazermos a diferença. Fica ainda a ideia de que nunca é demasiado tarde para mudar, para emendar erros e para consertar relações, mesmo que pareça que já não há nada a fazer.
O final causou-me sentimentos contraditórios pois, apesar de uma parte de mim já estar à espera de algo semelhante, conseguiu mesmo assim impressionar-me.
No decorrer da história, coloquei-me por diversas vezes no lugar da protagonista, compadecendo-me com o seu desespero e a sua desorientação, e questionando-me sobre o que faria se me visse presa numa situação semelhante. Dei por mim a pensar no que faria se hoje fosse o último dia da minha vida, no que valeria a pena mudar, e percebi que era provavelmente essa a ideia que a autora queria transmitir com esta história. E, agora, pergunto-lhe a si, querido leitor: o que faria se hoje fosse o último dia da sua vida?
"Antes de Vos Deixar" é uma história que nos faz pensar sobre a repercussão de cada ato, por mais insignificante que pareça. nas vidas que nos rodeiam, evidenciando o facto de cada gesto ter significado e desencadear muitos mais, podendo ser o responsável por mudar o curso dos acontecimentos. Uma leitura envolvente e terna, onde acompanhamos uma protagonista desorientada que, por se ver presa na repetição do último dia da sua vida, vai aprendendo mais sobre si própria e descobrindo o verdadeiro valor de cada atitude, de cada pequeno gesto tomado como garantido, e que deixa a mensagem de que nunca é demasiado tarde para nos tornarmos melhores. Gostei muito!
A premissa de "Antes de Vos Deixar" chamou-me a atenção pela singularidade, pois quantos de nós não pensamos, por vezes, no quão bom seria poder voltar atrás e fazer as coisas de maneira diferente, bem como o que poderia resultar disso? Este livro mostra-nos o impacto da nossas ações, pois somos o resultado das escolhas que fazemos e dos caminhos que seguimos.
Começamos com a morte de Samantha Kingston, uma jovem de 17 anos que está no último ano do ensino secundário, e que, aparentemente, tem tudo o que precisa e deseja para ser feliz: uma popularidade recente mas consolidada, um grupo de amigas que adora, o namorado por que suspirava há anos e a devoção de quase todos os colegas. E, então, no dia 12 de fevereiro, uma sexta-feira que apenas fugia à normalidade por ser Dia dos Namorados, um acidente inesperado ceifa-lhe a vida.
Porém, Sam acorda de manhã, intacta, na sua cama, ao som do despertador. Confusa com o desenrolar dos acontecimentos, qual não é o seu espanto quando descobre que é outra vez sexta-feira, dia 12 de fevereiro, e que deverá viver novamente o mesmo dia. Durante uma semana, é dada a Sam a oportunidade de reviver aquele que foi o último dia da sua vida, para que possa compreender os mistérios em que está envolta a sua morte e, talvez, mudar os acontecimentos e salvar a sua vida. Será ela capaz de perceber verdadeiramente aquilo que desencadeou o fim?
A história é narrada na primeira pessoa pela protagonista, e está dividida em sete capítulos - cada um correspondente a uma versão do mesmo dia -, que por sua vez se repartem em pequenos episódios ou reflexões. Inicialmente, temi que, uma vez que a protagonista iria reviver o mesmo dia sete vezes, a história se pudesse tornar repetitiva e a leitura cansativa, mas, felizmente, tal não aconteceu! O facto de alguns acontecimentos mudarem e, principalmente, a evolução da protagonista - que passa a encarar as situações de ângulos diferentes, com abordagens menos superficiais - proporcionam ao leitor uma visão mais completa da vida de Sam, tornando cada versão dos episódios mais única e autêntica. e permitindo descobrir mais sobre a sua vida, a sua personalidade, os seus amigos, a sua relação com a família, o seu passado e sobre a forma como morreu.
Sam percorre um caminho pautado por diversas reações ao que lhe acontece, correspondentes às cinco fases do luto - a negação, a raiva, a negociação, a depressão e, por fim, a aceitação - que culmina na perceção da lógica que se esconde por detrás do que lhe está a acontecer. Quando Sam finalmente percebe que tem de mudar algo para quebrar o ciclo e se poder salvar, depara-se com uma importante questão: que erros do passado conseguimos mudar se tivermos apenas um dia? Seremos capazes de, ao salvarmos os outros, resgatarmo-nos a nós próprios?
No início, senti-me bastante irritada com algumas atitudes de Sam e das amigas, pois, na sua atitude de superioridade, não se importavam minimamente com os sentimentos e as vidas das outras pessoas. Mimadas, egoístas e egocêntricas, eram as típicas "rainhas" do liceu, preocupadas com as aparências e as suas vidas sociais, e maltratando todos aqueles que estivessem abaixo do seu patamar de popularidade. Mas, graças ao "loop" temporal, percebemos várias outras facetas destas raparigas, e compreendemos os motivos e as inseguranças - ou, por vezes, mesmo a ausência deles - que desencadeiam estes comportamentos reprováveis.
As personagens são muito reais e estão muito bem construídas, uma vez que são constituídas por várias camadas que vamos observando em diferentes contextos. Além disso, o leque é muito versátil, pois cada personagem representa uma linha de ação, única e, simultaneamente, comum, pois todas desejam ser aceites. Gostei muito do Kent, um rapaz carinhoso e prestável que nutre uma paixão antiga por Sam e que consegue ver quem ela é realmente é. Também gostei muito da Izzy, a irmã mais nova da protagonista, que, apesar de não ter grande destaque na história, transmite a ideia de que sermos diferentes é o que nos torna especiais. Relativamente às companheiras de Sam, vemos um lado cruel, que muitas vezes resulta da insegurança, mas também um lado leal e divertido, e é por isso que, apesar de conseguirem ser realmente malvadas e insensíveis, não as odiei.
Gostei muito da escrita de Lauren Oliver e da forma como conseguiu encaixar várias vertentes da vida de Sam em apenas um dia. Uma vez que a história é contada por uma adolescente, é dado destaque a alguns episódios que podem pareces supérfluos ou desnecessários, mas que fazem sentido no todo, e que, ao fazerem sobressair alguns aspetos da personalidade de Sam, ressaltam a mudança que esta atravessa.
Encontramos retratados diversos temas da atualidade que devem ser sempre objeto de reflexão, tais como o bullying e as consequências que os nossos atos, por vezes irrefletidos, têm nas outras pessoas; as pequenas coisas do quotidiano que tomamos como garantidas e nas quais nem reparamos ou não damos o devido valor, mas que fazem toda a diferença quando as perdemos; a efemeridade da vida, que tão depressa nos foge das mãos sem que tenhamos tempo de nos despedirmos ou de remediarmos situações em que errámos; e as contínuas oportunidades que a vida nos oferece de recomeçarmos e fazermos a diferença. Fica ainda a ideia de que nunca é demasiado tarde para mudar, para emendar erros e para consertar relações, mesmo que pareça que já não há nada a fazer.
O final causou-me sentimentos contraditórios pois, apesar de uma parte de mim já estar à espera de algo semelhante, conseguiu mesmo assim impressionar-me.
No decorrer da história, coloquei-me por diversas vezes no lugar da protagonista, compadecendo-me com o seu desespero e a sua desorientação, e questionando-me sobre o que faria se me visse presa numa situação semelhante. Dei por mim a pensar no que faria se hoje fosse o último dia da minha vida, no que valeria a pena mudar, e percebi que era provavelmente essa a ideia que a autora queria transmitir com esta história. E, agora, pergunto-lhe a si, querido leitor: o que faria se hoje fosse o último dia da sua vida?
Música que aconselho para acompanhar a leitura: Jesse Ruben_Why I Need You
(https://www.youtube.com/watch?v=C4NgsbkyeJs)
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