(Artigo de Opinião)
Autora: Talulah Riley
Título Original: Acts of Love (2016)
Tradução: Elsa T. S. Vieira
ISBN: 978-989-23-3771-5
Nº de páginas: 288
Nº de páginas: 288
Editora: ASA
Sinopse
Bernadette St John é uma mulher implacável. Jornalista famosa pelas confissões embaraçosas que consegue arrancar aos ricos e poderosos, é mimada, manipuladora e não olha a meios para atingir os seus fins. E o que ela mais deseja agora é conquistar Tim Bazier, o seu agente literário. Não lhe interessa nem um pouco que ele esteja noivo de Elizabeth, uma mulher pura e amorosa.
Radley Blake é um homem temido. Além disso, magnata de Silicon Valley não só é imune aos encantos da jornalista como tem o dom de adivinhar os seus pensamentos e esquemas mais maléficos. E não vai permitir que ela destrua a relação de Elizabeth, que é a sua mais querida amiga.
Quando conhece Radley, Bernadette percebe imediatamente que encontrou um homem à sua altura. Não fosse a irritante capacidade do milionário para ver aquilo que mais ninguém consegue e talvez ele pudesse ser o homem dos seus sonhos. Ela não é a única com algo a esconder... Mas é certamente quem tem mais a perder.
Versão moderna do romance icónico "E Tudo o Vento Levou", este livro coloca uma questão pertinente às mulheres de hoje: será que podemos ser totalmente independentes e ao mesmo tempo acreditar na força do Destino?
Este exemplar foi-me gentilmente cedido pela ASA em troca de uma opinião sincera
Opinião
Começo por agradecer à ASA pelo gentil envio do livro.
"As Boas Raparigas Não Ganham Ao Amor" é o romance de estreia de Talulah Riley, e apresenta uma história que, a par da componente romântica, levanta questões e leva a importantes reflexões sobre a ainda presente objetificação da mulher na sociedade atual.
Bernadette St John é uma jovem e conceituada jornalista, famosa pela sua capacidade de extrair embaraçosos segredos e confissões de famigerados políticos e celebridades. É uma mulher atraente, habituada a lutar pelo que quer, mas também algo mimada e manipuladora, não se importando particularmente com os sentimentos das outras pessoas se estas se interpuseram no caminho que a leva à concretização dos seus objetivos. Idealista e sonhadora, foi magoada diversas vezes na sua busca pelo amor, o que a tornou numa mulher amargurada que, numa tentativa de se proteger, desenvolveu um sólido ódio contra os homens.
Mas há uma exceção, um homem que escapa à cólera de Bernadette e por quem esta nutre uma paixão platónica: o seu agente literário, Tim Bazier. Tim é o homem perfeito - é delicado, compreensivo, brincalhão, inteligente -, só que está noivo de Elizabeth, uma mulher boa, mas que a Bernadette parece tão vulgar que não compreende como pode Tim preteri-la em seu favor. Disposta a tudo para fazer ver a Tim que é consigo que deve ficar, Bernadette aproveita todas as oportunidades para lhe mostrar e declarar o seu amor. E é aí que conhece Radley Blake...
Radley Blake é o melhor amigo de Elizabeth. É um milionário que tem tanto de sedutor como de inteligente, e que criou uma bem sucedida empresa com um conceito inovador na área da genética; e é também o homem que não se deixa afetar pelo charme de Bernadette, prevendo as suas jogadas e impedindo-a de estragar o casamento de Elizabeth.
Quando se conhecem, em circunstâncias pouco favoráveis, Bernadette está convicta de que Radley será um inconveniente nos seus planos por conseguir antecipar as suas jogadas. Radley, por sua vez, deixa-se encantar pela jovem, gorando as suas tentativas cruéis e mostrando-lhe um outro lado de si própria que ela tentava não ver. No entanto, as marcas do passado ainda estão bem presentes em Bernadette, e ela tem medo de se voltar a apaixonar e de ser magoada, para além da sua sempre presente dedicação a Tim. Será Radley suficientemente paciente e perspicaz para passar as barreiras dela e fazê-la esquecer Tim? Ou irá a ligação entre eles morrer antes de sequer nascer?
Este foi um livro que me surpreendeu, não tanto pela história em si, que é muitas vezes previsível, mas pelas reflexões sobre a objetificação da mulher e sobre o amor. Bernadette é uma mulher independente, que luta pelo seu lugar no mundo e que não permite que os homens a vejam como apenas um corpo bonito. Apesar de a história ser narrada na terceira pessoa, temos acesso aos pensamentos dela e, principalmente, a episódios do seu passado que contribuíram - positiva ou negativamente - para que se tornasse na pessoa que hoje é, e gostei especialmente dessa parte.
Como referi, encontramos muitos aspetos clichês, como o triângulo amoroso - o poderoso e empedernido magnata versus o sensível e reservado Tim - ou a vulnerabilidade escondida da protagonista, que aparenta ser invencível quando na verdade é apenas insegura, mas são-nos apresentados de uma forma bonita e suave, quase reinventados. Para tal contribui, sem dúvida, a escrita extremamente agradável de Talulah, que tem a capacidade de embalar a leitura e nos faz virar páginas e páginas sem darmos conta.
Bernadette, inicialmente, é particularmente irritante na sua atitude arrogante e descomprometida face aos sentimentos, não se preocupando minimamente com a felicidade dos outros e desculpando-se em nome do bem maior que era o seu amor por Tim. Faz algumas escolhas erradas e engana-se por diversas vezes no caminho a seguir, mas também, de forma algo inconsciente, enceta uma jornada de autoconhecimento e vai aprendendo mais sobre a amizade e o amor à medida que vai evoluindo como pessoa.
Radley é um homem algo misterioso que cativa pela sua inteligência. Gostei da personagem pois, apesar de ceder ao charme de Bernadette logo de início, trava as suas investidas e vai mudando a dela - e até a sua - forma de encarar os relacionamentos e o amor. É um homem fiel e honrado, que nutre verdadeira preocupação pelos seus amigos e que está disposto a tudo para os proteger.
Gostei de Elizabteh, apesar de ter achado que era demasiado bondosa para ser real. Já a minha opinião sobre Tim vai variando ao longo da trama. Se, numa fase inicial, admirei a sua firmeza ao negar os avanços de Bernadette, mais tarde acabei por tomá-lo como um homem indeciso e aborrecido.
Tenho apenas um pequeno reparo a fazer, que se prende com o trabalho de revisão de obra: apesar de o livro estar extremamente bem escrito e traduzido, o nome de Tim aparece por repetidas vezes trocado por "Tom" o que, apesar de não ser significativo para a leitura, acaba por fazer alguma confusão.
O final é deixado algo em aberto, o que, surpreendentemente, me agradou, pois é o culminar de um processo de maturação das personagens, o resultado de uma evolução de carácter.
Em suma, "As Boas Raparigas Não Ganham Ao Amor" é um romance ligeiro e agradável, uma leitura fácil e fresca, ideal para quem procura uma história bonita e que exija pouco esforço de concentração. Cativante, lê-se rapidamente e, no final, fica a sensação de que cumpriu o seu dever: entreteve. Gostei bastante!
"As Boas Raparigas Não Ganham Ao Amor" é o romance de estreia de Talulah Riley, e apresenta uma história que, a par da componente romântica, levanta questões e leva a importantes reflexões sobre a ainda presente objetificação da mulher na sociedade atual.
Bernadette St John é uma jovem e conceituada jornalista, famosa pela sua capacidade de extrair embaraçosos segredos e confissões de famigerados políticos e celebridades. É uma mulher atraente, habituada a lutar pelo que quer, mas também algo mimada e manipuladora, não se importando particularmente com os sentimentos das outras pessoas se estas se interpuseram no caminho que a leva à concretização dos seus objetivos. Idealista e sonhadora, foi magoada diversas vezes na sua busca pelo amor, o que a tornou numa mulher amargurada que, numa tentativa de se proteger, desenvolveu um sólido ódio contra os homens.
Mas há uma exceção, um homem que escapa à cólera de Bernadette e por quem esta nutre uma paixão platónica: o seu agente literário, Tim Bazier. Tim é o homem perfeito - é delicado, compreensivo, brincalhão, inteligente -, só que está noivo de Elizabeth, uma mulher boa, mas que a Bernadette parece tão vulgar que não compreende como pode Tim preteri-la em seu favor. Disposta a tudo para fazer ver a Tim que é consigo que deve ficar, Bernadette aproveita todas as oportunidades para lhe mostrar e declarar o seu amor. E é aí que conhece Radley Blake...
Radley Blake é o melhor amigo de Elizabeth. É um milionário que tem tanto de sedutor como de inteligente, e que criou uma bem sucedida empresa com um conceito inovador na área da genética; e é também o homem que não se deixa afetar pelo charme de Bernadette, prevendo as suas jogadas e impedindo-a de estragar o casamento de Elizabeth.
Quando se conhecem, em circunstâncias pouco favoráveis, Bernadette está convicta de que Radley será um inconveniente nos seus planos por conseguir antecipar as suas jogadas. Radley, por sua vez, deixa-se encantar pela jovem, gorando as suas tentativas cruéis e mostrando-lhe um outro lado de si própria que ela tentava não ver. No entanto, as marcas do passado ainda estão bem presentes em Bernadette, e ela tem medo de se voltar a apaixonar e de ser magoada, para além da sua sempre presente dedicação a Tim. Será Radley suficientemente paciente e perspicaz para passar as barreiras dela e fazê-la esquecer Tim? Ou irá a ligação entre eles morrer antes de sequer nascer?
Este foi um livro que me surpreendeu, não tanto pela história em si, que é muitas vezes previsível, mas pelas reflexões sobre a objetificação da mulher e sobre o amor. Bernadette é uma mulher independente, que luta pelo seu lugar no mundo e que não permite que os homens a vejam como apenas um corpo bonito. Apesar de a história ser narrada na terceira pessoa, temos acesso aos pensamentos dela e, principalmente, a episódios do seu passado que contribuíram - positiva ou negativamente - para que se tornasse na pessoa que hoje é, e gostei especialmente dessa parte.
Como referi, encontramos muitos aspetos clichês, como o triângulo amoroso - o poderoso e empedernido magnata versus o sensível e reservado Tim - ou a vulnerabilidade escondida da protagonista, que aparenta ser invencível quando na verdade é apenas insegura, mas são-nos apresentados de uma forma bonita e suave, quase reinventados. Para tal contribui, sem dúvida, a escrita extremamente agradável de Talulah, que tem a capacidade de embalar a leitura e nos faz virar páginas e páginas sem darmos conta.
Bernadette, inicialmente, é particularmente irritante na sua atitude arrogante e descomprometida face aos sentimentos, não se preocupando minimamente com a felicidade dos outros e desculpando-se em nome do bem maior que era o seu amor por Tim. Faz algumas escolhas erradas e engana-se por diversas vezes no caminho a seguir, mas também, de forma algo inconsciente, enceta uma jornada de autoconhecimento e vai aprendendo mais sobre a amizade e o amor à medida que vai evoluindo como pessoa.
Radley é um homem algo misterioso que cativa pela sua inteligência. Gostei da personagem pois, apesar de ceder ao charme de Bernadette logo de início, trava as suas investidas e vai mudando a dela - e até a sua - forma de encarar os relacionamentos e o amor. É um homem fiel e honrado, que nutre verdadeira preocupação pelos seus amigos e que está disposto a tudo para os proteger.
Gostei de Elizabteh, apesar de ter achado que era demasiado bondosa para ser real. Já a minha opinião sobre Tim vai variando ao longo da trama. Se, numa fase inicial, admirei a sua firmeza ao negar os avanços de Bernadette, mais tarde acabei por tomá-lo como um homem indeciso e aborrecido.
Tenho apenas um pequeno reparo a fazer, que se prende com o trabalho de revisão de obra: apesar de o livro estar extremamente bem escrito e traduzido, o nome de Tim aparece por repetidas vezes trocado por "Tom" o que, apesar de não ser significativo para a leitura, acaba por fazer alguma confusão.
O final é deixado algo em aberto, o que, surpreendentemente, me agradou, pois é o culminar de um processo de maturação das personagens, o resultado de uma evolução de carácter.
Em suma, "As Boas Raparigas Não Ganham Ao Amor" é um romance ligeiro e agradável, uma leitura fácil e fresca, ideal para quem procura uma história bonita e que exija pouco esforço de concentração. Cativante, lê-se rapidamente e, no final, fica a sensação de que cumpriu o seu dever: entreteve. Gostei bastante!
Música que aconselho para acompanhar a leitura: Maggie Lindemann_Pretty Girl
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