terça-feira, 18 de abril de 2017

Opinião sobre "Gravar as Marcas" (Gravar as Marcas #1) - Veronica Roth

Gravar as Marcas
(Gravar as Marcas #1)
(Artigo de Opinião)



Autora: Veronica Roth
Título Original: Carve The Mark (2017)
Tradução: Ana Filipa Velosa
ISBN: 978-844-913-911-11
Nº de páginas: 464
Editora: Harper Collins


Sinopse


    CYRA é a irmã do tirano cruel que governa o povo de Shotet. O dom-corrente de Cyra confere-lhe dor e poder, que o irmão explora, usando-a para torturar os seus inimigos. Mas Cyra é muito mais do que uma arma nas mãos do irmão; é resistente, veloz e mais inteligente do que ele pensa.

AKOS é filho de um agricultor e do oráculo de Thuvhe, a nação-planeta mais gelada. Protegido por um dom-corrente invulgar, Akos possui um espírito generoso e a lealdade que dedica à família é infinita. Após a captura de Akos e do irmão, por soldados Shotet inimigos, Akos tenta desesperadamente libertar o irmão, com vida, custe o que custar. Então, Akos é empurrado para o mundo de Cyra, onde a inimizade entre ambas as nações e famílias aparenta ser incontornável. Ajudar-se-ão mutuamente a sobreviver ou optarão por se destruir um ao outro?

Da autoria de Veronica Roth, Gravar as Marcas é um retrato deslumbrante do poder da amizade e do amor, numa galáxia repleta de dons inusitados.


Este exemplar foi-me gentilmente cedido pela Harper Collins em troca de uma opinião sincera

Opinião

      Começo por agradecer à Harper Collins pelo gentil envio do livro.

    Depois da trilogia Divergente, Veronica Roth traz-nos uma nova duologia, que se inicia com "Gravar as Marcas". Tendo gostado muito da história da Tris e do Four, foi com grandes expetativas - e também com algum receio - que iniciei a leitura deste novo livro. Apesar de, inicialmente, ter temido que autora seguisse uma linha demasiado semelhante, a verdade é que Roth traz-nos um mundo completamente diferente!

      Akos Kereseth  é o filho do oráculo de Thuvhe - uma das nove nações-planeta reconhecidas pela Assembleia - e pertence a uma das apenas três famílias predestinadas de Thuvhe, o que significa que tem um destino traçado. Com apenas catorze anos, é forçado a atravessar a Divisória - um campo de esparto que separa os Thuvhesit dos Shotet, os dois povos que habitam Thuvhe e que são inimigos - e é obrigado a tornar-se um servente dos Noavek, a família que comanda o povo Shotet.

     Cyra Noavek, a irmã mais nova do atual soberano de Shotet, Ryzek, vive atormentada por um dom-corrente que lhe provoca imenso sofrimento e que é cruelmente explorado pelo irmão. Entregue à sua dor, Cyra vive isolada e dedica o seu tempo à obtenção de conhecimento e à manutenção das aparências necessárias para que o irmão consiga os acordos que quer com os outros povos. E eis um dia em que Cyra conhece Akos, um rapaz Thuvhesit que Ryzek mantém sob o seu controlo e que tem a capacidade de atenuar a sua dor.

     Assim, Akos e Cyra acabam a partilhar o mesmo espaço e, apesar de pertencerem a culturas diferentes vão, aos poucos, desenvolvendo uma forte amizade e talvez algo mais... Mas o peso dos seus destinos e da guerra que se faz anunciar paira sobre as suas cabeças e chegará o momento em que terão de escolher de que lado estão e pelo que lutar. Numa galáxia em que, na busca da sobrevivência, não há lugar para a honra, há importantes decisões a serem tomadas e graves consequências para cada passo mal calculado. Terão os dois jovens uma oportunidade de sobreviverem e ficarem juntos ou estarão fadados à derrota?

    "Gravar as Marcas" é um livro que se passa no espaço, numa nova galáxia e, no início, é um pouco difícil entrar neste novo mundo criado por Veronica Roth, pois são vários os termos estranhos que temos de associar a realidades diferentes. Os saltos temporais deveriam estar melhor assinalados, e, na primeira parte do livro, penso que a autora se foca em pormenores que não importam realmente - e a ação torna-se um pouco lenta - quando preferia que se tivesse debruçado mais sobre o mundo que criou, explicando melhor a sua origem e os dons-correntes. Acho que Roth se deveria ter preocupado um pouco mais com facultar ao leitor elementos que o ajudassem a inteirar-se mais facilmente da trama.

   Foi mais ou menos a meio do livro que me comecei a sentir realmente viciada na história de Cyra e Akos, não só por já me sentir suficientemente à-vontade com o universo criado para poder desfrutar da leitura sem recear deixar escapar algum pormenor importante, mas também pelo facto de a ação ganhar um novo ímpeto com o desenrolar de certos acontecimentos. A aproximação do perigo, aliada à conexão já estabelecida com os protagonistas, levou-me a não conseguir pousar o livro na reta final da leitura, pois havia sempre novas coisas a decorrer.

   Encontramos capítulo narrados por Cyra, na primeira pessoa, e capítulos com a perspetiva de Akos, na terceira pessoa. Se os de Cyra facilitam a conexão com a protagonista, pois temos acesso direto aos seus pensamentos, os pontos de vista de Akos oferecem uma visão mais objetiva e um panorama mais geral das personagens. Gostei das personalidades dos protagonistas. Cyra é uma rapariga corajosa, apesar de, chantageada pelo irmão devido a um erro do passado, se ver obrigada a usar o seu dom-corrente para provocar sofrimento aos outros. Primeiramente, não compreendi o porquê de se deixar manipular pelo seu irmão, e não percebia a razão pela qual não se opunha a usar o seu dom para magoar os outros, mas o avançar dos acontecimentos trouxe as devidas explicações. O carácter forte e determinado que demonstrou ao longo da história conquistou-me; mesmo assim, acho que deveria ter arranjado forças para lutar contra o controlo de Ryzek mais cedo.

    Akos tem uma lealdade enternecedora para com a família, e principalmente para com o irmão. É um jovem mais tímido do que Cyra, mas não teme sofrer em lugar daqueles que ama. O facto de os capítulos de Akos serem narrados na terceira pessoa levou a que criasse maior empatia com Cyra. Gostei bastante dos capítulos em que os dois jovens se conheciam melhor, mas apreciei o facto de a relação dos protagonistas não se tornar o tema principal do livro.

    Todavia, apesar de gostar das personagens, por vezes achei que lhes faltava alguma complexidade e gostava que tivessem sido melhor trabalhadas. Refiro-me, principalmente, ao vilão, Ryzek, cujos motivos nem sempre são os mais plausíveis.

    Gostei da caracterização que a autora fez dos povos, bem como das suas culturas e tradições, e achei interessante o facto de cada povo ter associado uma habilidade ou um elemento caracterizador que o distingue dos restantes. Como já disse, gostava que fosse melhor explicado o que é e como funciona a corrente - bem como as implicações desta na vida das pessoas - e ainda o modo como é gerida a galáxia pela Assembleia.

   Veronica Roth tem uma escrita singular, porém fácil de acompanhar. Em momentos de maior tensão ou perigo, consegue realmente agarrar o leitor num ritmo frenético de ação. Porém, achei realmente o início bastante longo e lento. Tenho ainda a acrescentar que acho que deveria ter sido feito um melhor trabalho de revisão pois, por vezes, há pontuação mal colocada e algumas frases que não fazem muito sentido, o que acaba por prejudicar a leitura.

   Em suma, "Gravar as Marcas" é um início interessante de uma duologia que tem como cenário uma nova galáxia povoada por dons invulgares. Apesar dos aspetos menos positivos que referi, penso que, na parte final, a história conseguiu redimir-se e cativar-me verdadeiramente, pelo que foi uma boa leitura. Fiquei curiosa com a forma como o livro terminou, pois deixou-me a sensação de que o próximo volume irá  melhorar e surpreender. Gostei bastante!



   
 Música que aconselho para acompanhar a leitura: The Cure_Lady Gaga

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