domingo, 22 de novembro de 2015

Opinião sobre "Caos" (Wayward Pines #3) - Blake Crouch

Caos
(Wayward Pines #3)
(Artigo de Opinião)


Autor: Blake Crouch
Título Original: The Last Town (2014)
Tradução: Isabel Veríssimo
ISBN: 978-989-8775-55-9
Nº de páginas: 352
Editora: Suma de Letras Portugal

ATENÇÃO: esta opinião pode conter spoilers de livros anteriores

Sinopse
 
        Passaram três semanas desde que Ethan Burke chegou a Wayward Pines.

     Os residentes desta cidade não comandam as suas vidas: não escolhem com quem casar, onde viver e onde trabalhar. As crianças aprendem desde cedo que Deus é David Pilcher, o criador da cidade.Ninguém está autorizado a sair. E uma coisa tão simples como fazer perguntas pode significar a morte.

     Mas Ethan descobriu o surpreendente segredo que existe além da cerca electrificada que rodeia Wayward Pines e que a protege do assustador mundo exterior. É um segredo que mantém toda a população sob o controlo absoluto de um louco e do seu exército de seguidores. Um segredo que está prestes a transpor os muros de Wayward Pines e ameaça acabar com o último e frágil reduto de humanidade.

     O último volume da trilogia Wayward Pines - agora também série de sucesso na Fox - vai mantê-lo preso até à última página.


Este exemplar foi-me gentilmente cedido pela Suma de Letras em troca de uma opinião sincera

   Opinião

     Precedido por dois volumes onde nos é apresentada a idílica cidade de Wayward Pines e os segredos que esta esconde, Caos chega num sentido literal. A eletricidade da vedação foi desligada e os portões foram abertos. A cidade ficou desprotegida e os abis têm o acesso livre. Perante o cenário de morte iminente, Ethan vê-se confrontado com as consequências das escolhas que fez e assume a liderança pela sobrevivência.

    É narrada a morte de várias personagens, o medo, o pânico, o horror. Percebemos um pouco melhor o que se passava na mente dos residentes de Wayward Pines, enquanto acompanhávamos a sua destruição/salvação.

     A humanidade das personagens, em especial a do protagonista, foi algo que me cativou. A preocupação ininterrupta com as pessoas de WP, por quem se sentia responsável, e a aflição de manter a família em segurança foram duros fardos para Ethan. Enquanto se questionava sobre a assertividade das suas opções, viu-se obrigado a conduzir a população, assistindo às baixas e lutando por alcançar um local onde pudesse garantir o bem-estar de todos.

     Neste livro, é-nos permitido aceder ao passado de Pilcher, de forma a que se percebam melhor as suas decisões e os seus propósitos. Por um lado, torna-se impossível negar a sua genialidade. A planificação de uma cidade no futuro, a gestão dos recursos e a invenção de dispositivos capazes de concretizar a finalidade pretendida provam a sua inteligência superior. Porém, a sua necessidade de fazer perdurar a espécie, colocando inclusive esse objetivo acima dos seus interesses pessoais e dos das pessoas a quem impôs o seu regime de vida, demonstram a sua insensatez e até a sua insanidade. A personagem acaba por ser uma encarnação do paralelismo entre prodigiosidade e loucura.

   À semelhança dos volumes anteriores, as cenas são tremendamente bem descritas e o leitor consegue visualizá-las na perfeição. Tendo em conta o cenário catastrófico e a intensidade das emoções experienciadas pelos personagens, quem lê é assomado pela adrenalina à medida que acompanha as lutas, as fugas e as mortes... Há ainda a considerar o vício despertado pelo livro, em grande parte resultante da sensação de perigo constante e da rapidez com que tudo acontece.

     O reaparecimento de uma personagem pertencente ao passado de Burke, Hassler, com notícias algo desanimadoras do exterior, dá um novo rumo à ação. Esta é outra das personagens que me deixou dividida: sabemos dos erros que cometeu e da sua traição; mas, ao mesmo tempo, acompanhámo-la na sua luta do outro lado da vedação, ansiando para que chegasse em segurança e para que revelasse o que descobrira. A tentativa de incorporação de um triângulo amoroso resulta em mais um fator positivo, sobretudo para quem gosta de um dilema de cariz romanesco intercalado com a ação principal.

      Os abis, as criaturas presentes do outro lado da vedação e que invadem a cidade dizimando os seus habitantes, desencadearam igualmente o meu interesse. Gostei da materialização da regressão do  ser humano a um estado mais primitivo, como condição de adaptação a um novo meio. A inteligência e a racionalidade encontrada em alguns deste seres representam a expectativa da sua evolução, de modo a tornarem a Terra num lugar melhor e habitável para uma geração futura.

     Agradou-me particularmente o desfecho que o autor proporcionou à trilogia.  Embora não seja o típico final feliz é, na minha opinião, a conclusão perfeita. Com um epílogo curtíssimo que deixa muito espaço à imaginação, Caos encerra uma trilogia excelente que nos leva a refletir sobre a importância da liberdade de expressão e de pensamento, as consequências das escolhas que fazemos e a fé no acreditamos ser mais justo.  É uma coleção que recomendo!


Opinião sobre outros livros de Blake Crouch:

 Música que aconselho para acompanhar a leitura: Demons_Imagine Dragons

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