Carmen Silva e Maria Valente nasceram no mesmo dia, do mesmo mês do mesmo ano e à mesma hora. A paixão pelo jornalismo fez com que os seus caminhos se cruzassem no ano 2000, na Escola Superior de Comunicação Social. A partir daí as suas jornadas nunca mais se desentrelaçaram, primeiro como colegas de turma e depois de profissão. A Carmen na imprensa escrita e a Maria pelo mundo da rádio.
À margem da profissão, partilham a mesma necessidade de conhecer o mundo e são por isso muitas as viagens que já fizeram juntas. Foi precisamente numa dessas viagens, algures pelas paisagens indonésias que decidiram avançar com a vontade que ambas, mais uma vez, partilhavam: escrever um livro… um romance no feminino.
Uma vontade cuja semente lhes fora incutida pelas respetivas mães, ávidas leitoras do género, sobretudo de autoras anglo-saxónicas de renome.
Em jeito de homenagem, apoderaram-se do nome das mães, já ausentes deste mundo, e da nacionalidade das autoras que estas tanto apreciavam. Grotescamente, uniram as “peças” soltas deste furto com a letra K de Karma, um termo característico das filosofias orientais, que para Carmen e Maria simboliza o “canto” do mundo onde estavam quando decidiram que era hora de colocar no papel as histórias que lhes fervilhavam na mente.
Fruto desta mistura improvável nasceu o pseudónimo Natalie K. Lynn.
Começo por deixar aqui o meu agradecimento à Carmen e à Maria (Natalie) por terem aceite a entrevista e por toda a simpatia e sinceridade com que enfrentaram este pequeno desafio.
Entrevista:
Dream Pages (D.P.): 1_Quando começaram a escrever? O que vos
levou a decidirem escrever a “quatro mãos”?
Carmen Silva (C.S.): Começámos a escrever, mais ou menos, no início de 2014. Tudo aconteceu na primeira grande viagem que fizemos juntas. Foi em Bali, num restaurante de praia, ao final da tarde, que a meio da conversa uma lançou “olha, e se escrevêssemos um livro?” e a outra rematou “vamos a isso!”. Fazia sentido escrevermos um livro juntas porque os nossos estilos complementam-se: eu sou uma pessoa da ação e da narrativa e a Maria é mais do pormenor e da descrição.
Maria Valente (M.V.): Nós conhecemo-nos no curso de jornalismo. O facto de termos escolhido esta área já mostra alguma simpatia pelas letras. Por outro lado, Bali foi de facto um virar a página para nós porque foi como se tivéssemos uma epifania.
Maria Valente (M.V.): Nós conhecemo-nos no curso de jornalismo. O facto de termos escolhido esta área já mostra alguma simpatia pelas letras. Por outro lado, Bali foi de facto um virar a página para nós porque foi como se tivéssemos uma epifania.
D.P.: 2_Em que contexto surgiu o vosso livro “Júlia: Afinal, existem Príncipes Encantados!”? Como é que surgiu a oportunidade de o publicar?
C.S.: O “Júlia: Afinal, existem Príncipes Encantados!” foi a quarta obra que escrevemos, apesar de a ideia ou da filosofia subjacente a este livro ou, melhor, à coleção, nos acompanhar desde o início. Sabíamos que queríamos escrever contos de fadas modernos e para o público português. Mas na altura ainda não nos sentíamos preparadas para concretizar essa missão, pois a ideia, tal como nós, precisava de maturação. Afinal, nunca tínhamos escrito um livro na vida e a verdade é que quando chegávamos à frente do computador para começar a escrever, mesmo quando já tínhamos uma ideia sobre a história que queríamos contar, havia sempre aquele momento do “e agora?”, ou “como é que eu começo?”, etc. E a maneira que encontrámos para começar a ultrapassar este tipo de bloqueio inicial e a amadurecer foi realmente dar liberdade à imaginação e começar a escrever. Daí por exemplo, o nosso primeiro livro - “Odiar e Amar um Duque: Prisioneira do Destino - ser uma short story histórica ficcional ou o nosso segundo livro - “Nas Garras do Escorpião: o Deserto da Perdição” – se passar num deserto, num cenário completamente idealizado por nós. E foi assim que acabámos por ganhar maturidade para passar para o papel a ideia que tínhamos desde o início e que deu origem a este livro e à coleção que lançámos agora.
M.V.: Todas as obras que a Carmen referiu estão autopublicadas na Amazon, mas com o “Júlia: Afinal, existem Príncipes Encantados!” a ideia foi tentar publicar sob a égide de uma editora porque escrevemos esta história a pensar no público português e, por isso, o objetivo era chegar a este mesmo público. Fizemos uma pesquisa sobre editoras que publicassem livros vocacionados para o público feminino e, no meio desta pesquisa, deparámo-nos com a Chiado Editora. Enviámos a obra e uns dias depois recebemos a resposta em como iam publicar o nosso romance, o que nos deixou muito feliz.
M.V.: Todas as obras que a Carmen referiu estão autopublicadas na Amazon, mas com o “Júlia: Afinal, existem Príncipes Encantados!” a ideia foi tentar publicar sob a égide de uma editora porque escrevemos esta história a pensar no público português e, por isso, o objetivo era chegar a este mesmo público. Fizemos uma pesquisa sobre editoras que publicassem livros vocacionados para o público feminino e, no meio desta pesquisa, deparámo-nos com a Chiado Editora. Enviámos a obra e uns dias depois recebemos a resposta em como iam publicar o nosso romance, o que nos deixou muito feliz.
D.P.: 3_ De onde vêm as vossas personagens? Identificam-se com alguma delas?
C.S.: As nossas
personagens têm a sua própria identidade. No entanto, muitas vezes o ponto de
partida são características de pessoas que conhecemos e até nossas, pois um dos
nossos objetivos é tornar o romance o mais “real” possível, ou seja, queremos
que as pessoas ao lerem, se identifiquem com esta ou aquela personagem. Não me
identifico, em particular, com qualquer uma das personagens.
M.V.: Eu confesso que há umas com que me identifico mais do que outras. A Leonor é demasiado certinha por exemplo, às vezes é irritante… (risos) Mas o desafio também é esse, escrever uma resposta ou uma atitude que nós nunca teríamos! Se eu fosse amiga da Julia acho que lhe tinha dado meia dúzia de berros de vez em quando…. (risos).
M.V.: Eu confesso que há umas com que me identifico mais do que outras. A Leonor é demasiado certinha por exemplo, às vezes é irritante… (risos) Mas o desafio também é esse, escrever uma resposta ou uma atitude que nós nunca teríamos! Se eu fosse amiga da Julia acho que lhe tinha dado meia dúzia de berros de vez em quando…. (risos).
D.P.: 4_Como lidam com as críticas ao vosso trabalho?
C.S.: Lidamos
bem. Já sabemos à partida que não vamos agradar a gregos e a troianos e
portanto vai sempre haver quem goste das nossas histórias e quem não goste.
Escrevemos romances e queremos continuar a escrevê-los e para nós o importante
é mantermo-nos fiel à nossa filosofia no que toca àquilo que achamos que um
romance deve ser.
M.V.: São importantes e valorizam o nosso futuro trabalho, na minha opinião. No geral têm sido muito positivas, mas é o que a Carmen diz, aqui escrevemos romances, livros, não jornais. É ficção, é romanceada e a linha que escolhemos é essa.
M.V.: São importantes e valorizam o nosso futuro trabalho, na minha opinião. No geral têm sido muito positivas, mas é o que a Carmen diz, aqui escrevemos romances, livros, não jornais. É ficção, é romanceada e a linha que escolhemos é essa.
D.P.: 5_O que sentem quando escrevem? O que vos dá mais prazer na escrita? Qual é a maior dificuldade que sentem quando estão a escrever?
C.S.: Estas
questões que nos coloca não têm uma resposta “simples” porque dependem de
múltiplos fatores. Por exemplo, da nossa mood naquele dia, do ponto da história
em que estamos… Às vezes a maior dificuldade que sinto quando escrevo é
conseguir acompanhar com as mãos o raciocínio, porque a história na minha mente
desenvolve-se a uma velocidade mais rápida do que aquela a que consigo
escrever. Mas outras vezes, a dificuldade é quase oposta, ou seja, chega-se a
um ponto na história em que se fica ali uns momentos a pensar “e agora?”.
M.V.: Eu “vejo” muito os locais que descrevemos, os tiques das personagens, às vezes dou por mim com um sorriso porque estou completamente dentro da história.
M.V.: Eu “vejo” muito os locais que descrevemos, os tiques das personagens, às vezes dou por mim com um sorriso porque estou completamente dentro da história.
A
maior dificuldade é que às vezes a inspiração chega a horas impróprias… não escrevo quando tenho tempo na agenda, é
impossível. É preciso haver um “clique” para começar.
D.P.: 6_Tem algum ritual de escrita?
C.S.: Não.
M.V.: Tenho de estar sozinha e sem barulho.
M.V.: Tenho de estar sozinha e sem barulho.
D.P.: 7_Para além de escrever, qual é o vosso maior talento?
C.S.: Essa
é uma boa pergunta!
M.V.: … mas a que não sabemos a resposta!
M.V.: … mas a que não sabemos a resposta!
D.P.: 8_Consideram a escrita uma necessidade ou um passatempo?
C.S.: Uma
necessidade porque dou por mim a ter a mente povoada com várias histórias e
algumas acho que vale a pena passar para o papel.
M.V.: Um pouco de cada.
M.V.: Um pouco de cada.
D.P.: 9_Preferem ler ou escrever?
C.S.: Escrever.
M.V.: Ai… posso escolher os dois?
M.V.: Ai… posso escolher os dois?
D.P.: 10_O que pensam que seria do mundo sem livros?
C.S.: Um
mundo sem livros seria um mundo muito condicionado porque todas as vezes que
lemos um livro, seja ele qual for, viajamos ou, melhor, o nosso espírito viaja,
o nosso espírito alimenta-se, o nosso espírito vive, inclusive, algumas emoções
que de outra maneira seria difícil de as experienciar.
M.V.: Não é concebível. Não haveria histórias, sonhos, informação…
M.V.: Não é concebível. Não haveria histórias, sonhos, informação…
D.P.: 11_Qual é o vosso escritor favorito?
C.S.: Jane
Austen.
M.V.: Não consigo escolher só um.
M.V.: Não consigo escolher só um.
D.P: 12_Qual é o vosso livro preferido?
C.S.: “Orgulho
e Preconceito”, de Jane Austen.
M.V.: Também não tenho só um. “A Insustentável Leveza do Ser” de Milan Kundera, “O Retrato de Dorian Gray” de Oscar Wilde e “O Perfume” de Patrick Süskind são alguns dos meus preferidos.
M.V.: Também não tenho só um. “A Insustentável Leveza do Ser” de Milan Kundera, “O Retrato de Dorian Gray” de Oscar Wilde e “O Perfume” de Patrick Süskind são alguns dos meus preferidos.
D.P.: 13_Houve algum livro que vos tenha feito olhar o mundo de forma diferente?
C.S.: Sim, a
“Profecia Celestina”.
M.V.: Muitos… O “Ensaio sobre a Cegueira”, por exemplo.
M.V.: Muitos… O “Ensaio sobre a Cegueira”, por exemplo.
D.P.: 14_Preferem o livro ou o filme?
C.S.: Livro.
M.V.: Livro, sem dúvida, 90 % das vezes acho que o filme não vai ao encontro do cenário que construí ao ler o livro e acabo por ficar desapontada.
M.V.: Livro, sem dúvida, 90 % das vezes acho que o filme não vai ao encontro do cenário que construí ao ler o livro e acabo por ficar desapontada.
D.P.: 15_Qual é a vossa música preferida?
C.S.: Tenho
várias e também depende muito do estado de espírito. Mas uma das minhas músicas
preferidas é o “Get By” do Talib Kweli.
M.V.: Só uma?!! Depende muito… tenho um carinho especial pelo “Cry me a River” cantado pela Ella Fitzgerald.
M.V.: Só uma?!! Depende muito… tenho um carinho especial pelo “Cry me a River” cantado pela Ella Fitzgerald.
D.P.: 16_Costumam ouvir música quando estão a escrever?
C.S.: Sim.
M.V.: Não.
M.V.: Não.
D.P.: 17_É fácil conciliar a escrita com o vosso trabalho e a vossa vida?
C.S.: Sim, para mim, é relativamente fácil.
M.V.: Não, nada mesmo. Mas quem corre por gosto…
C.S.: Sim, para mim, é relativamente fácil.
M.V.: Não, nada mesmo. Mas quem corre por gosto…
D.P.: 18_Qual é a vossa citação favorita?
C.S.: "Dá a quem
amas: asas para voar, raízes para voltar e motivos para ficar”, Dalai
Lama.
M.V.: “Aqueles que passam por nós, não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós.” Antoine de Saint-Exupéry.
M.V.: “Aqueles que passam por nós, não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós.” Antoine de Saint-Exupéry.
D.P.: 19_Quem/Qual é a vossa fonte inspiração?
C.S.: A
realidade.
M.V.: Um pouco de tudo o que me rodeia, mas é difícil bater uma boa gargalhada.
D.P.: 20_Qual é o vosso maior sonho?
C.S.: Poder escrever romances a tempo inteiro.
M.V.: Dar a volta ao mundo num barco à vela!
M.V.: Dar a volta ao mundo num barco à vela!
D.P.: 21_Qual é o vosso lema de vida?
C.S.: “Não
faças aos outros aquilo que não gostas que te façam a ti”.
M.V.: “Se não tentares nunca vais saber”.
M.V.: “Se não tentares nunca vais saber”.
D.P.: 22_Estão a trabalhar em novos projetos? O que podem adiantar sobre o próximo volume de "Amor, Amigas e Garrafas de Vinho"? O que podem os leitores esperar para o futuro?
C.S.: Sim,
estamos sempre a escrever “qualquer coisa”. Neste momento, para além de
estarmos a acabar o segundo volume desta coleção, também temos outro romance
quase terminado. Que será o primeiro volume de outra coleção que estamos a
pensar iniciar relacionada com amor/romance em viagem.
M.V.: Quanto ao próximo volume da coleção “Amor, Amigas e Garrafas de Vinho”, posso adiantar que durante o desenrolar do enredo do “Júlia: Afinal, existem Príncipes Encantados!” é apresentado o ponto de partida da próxima história a ser contada, que é a da Marta. Além disso, também há um vislumbre da história da Rita. Aquilo que podemos desvendar, de uma maneira muito sintética, é que a Marta vai apaixonar-se por um bad boy.
D.P.: 23_Onde podem os leitores adquirir o vosso livro?
M.V.: Para
além de o poderem adquirir no site da Chiado Editora, o “Júlia: Afinal Existem
Príncipes Encantados!” pode ser adquirido, pelo menos, na Fnac e na Wook.
D.P.: 24_Alguns conselhos para os novos escritores?
C.S.: Não
desistam do vosso sonho!
M.V.: “Se não tentares nunca vais saber”
M.V.: “Se não tentares nunca vais saber”
D.P.: 25_E, por fim, qual é para vocês o maior segredo do Universo?
C.S.: O
pensamento positivo. Se pensarmos positivo e focarmos naquilo que realmente
queremos, os pensamentos terão força para se tornarem realidade.
M.V.: É segredo ;)
M.V.: É segredo ;)
Opiniões do blogue a obras de Natalie K. Lynn:
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