quinta-feira, 4 de maio de 2017

Opinião sobre "Paixão Mortal" (Ninfas #1) - Sari Luhtanen e Miikko Oikkonen

Paixão Mortal
(Ninfas #1)
(Artigo de Opinião)



Autores: Sari Luhtanen e Miikko Oikkonen
Título Original: Nymfit - Montpellierin Legenda (2013)
Tradução: Cristina Silva
ISBN: 978-989-657-869-5
Nº de páginas: 384
Editora: Editorial Planeta


Sinopse


    Didi é uma ninfa, de uma beleza extraordinária, mas nunca se questionou de onde vinha a beleza.

     Sente-se como qualquer rapariga de dezassete anos.

    Numa noite de lua cheia, Didi decide fazer amor pela primeira vez e o namorado morre-lhe nos braços, aí percebe que não é como as outras raparigas e não percebe o que originou a tragédia.

    No dia seguinte, duas misteriosas mulheres procuram-na e revelam que Didi de facto não é como as outras... ela é uma ninfa.

    Enquanto aprende a sobreviver como ninfa fica a saber que o sexo é fundamental para se manter viva, mas o preço a pagar é muito elevado.

    Há poucas regras na vida das ninfas e são simples, a mais importante é não se apaixonar, mas Didi não quer renunciar ao amor.


Este exemplar foi-me gentilmente cedido pela Editorial Planeta em troca de uma opinião sincera

Opinião

      Começo por agradecer à Editorial Planeta pelo gentil envio do livro.

      A beleza da capa, aliada à singularidade prometida pela sinopse, levou-me a iniciar a leitura de "Ninfas - Paixão Mortal" com elevadas expectativas, às quais infelizmente a história não correspondeu.

     Didi é uma rapariga finlandesa de dezassete anos que decide fazer amor pela primeira vez e acaba com o amado morto nos braços. É esse acontecimento trágico o responsável por desencadear grandes mudanças na vida da jovem, assim que esta descobre que é uma ninfa - e que, como tal, precisa de sexo para sobreviver, mesmo que isso a torne a causadora de várias mortes de inocentes.

      É quando descobre a verdade sobre si mesma que Didi é obrigada a fugir, não só para se esconder da polícia, mas também porque é parte de uma importante profecia que a proclama como a salvadora das ninfas, ou seja, é a única capaz de as libertar do controlo dos sátiros. Para a proteger, Kati e Nadia, duas ninfas mais velhas encarregues de cuidar e de ensinar Didi, levam a jovem para um lugar seguro e criam-lhe uma nova identidade.

     Todavia, o reencontro recente com Samuel, um grande amigo de infância que já não via há alguns anos, despertou em Didi sentimentos antigos - e que, descobriu, são recíprocos. No entanto, as regras das Ninfas e a sua natureza não permite a existência de amor entre elas e humanos, e Didi sabe que, mesmo sem querer, pode magoar ou até matar Samuel.

     Perseguida por um sátiro que a quer desposar, controlada por duas ninfas que têm mais a esconder do que se possa pensar, obrigada a matar para sobreviver, condenada a um amor proibido com o rapaz que a faz sentir-se especial e alvo central de uma profecia que pode garantir a emancipação das ninfas, Didi terá de fazer as escolhas certas se quiser salvar-se e àqueles que ama.
   
   O que mais gostei neste livro foi, sem dúvida, a base mitológica. Sendo eu uma pessoa que adora mitologia, tudo o que esteja relacionado com ela suscita a minha curiosidade, e foi exatamente o facto de esta ser uma história com ninfas e sátiros que me despertou a vontade de ler para descobrir o modo como os autores optaram por descrever a vida destas criaturas. E, apesar de esperar uma abordagem diferente - não só ao nível dos seres como indivíduos e como espécie, mas também na relação entre ninfas e sátiros -, achei interessante que os autores tenham elegido esta vertente da mitologia grega como suporte da história.

   Geralmente, aprecio quando os capítulos são curtos, pois facilitam a leitura ao torná-la mais leve. Porém, neste livro, penso que os autores não deveriam ter optado por este modelo, uma vez que não só cortam ações a meio como ainda introduzem saltos temporais e novas personagens sem grande cuidado em garantir a contextualização necessária para que o leitor compreenda. Este é, sem dúvida, um dos aspetos pelos quais o livro peca.

    Falando em pontos negativos, tenho de apontar a escrita dos autores e a construção do enredo, que são extremamente confusos. Por diversos momentos, durante a leitura, senti que Sari e Miikko não tinham planeado devidamente alguns aspetos, pois faltava profundidade e nexo. Acho que apressavam momentos que deveriam ter sido melhor explicados - ao não despenderem a atenção necessária para que o leitor compreendesse verdadeiramente as implicações de alguns atos ou revelações -, e, em contrapartida, alongavam algumas descrições de momentos que em nada contribuíam para a riqueza da história - pelo contrário, tornavam até a leitura um pouco aborrecida. Além disto, tenho ainda a referir que, para além da confusão provocada pela falta de contextualização e de encadeamento da narrativa, encontrei por vezes alguns diálogos e passagens sem grande sentido.

    O facto de não ter gostado da protagonista também contribuiu para que não conseguisse desfrutar devidamente da leitura. Não consegui compreender certas atitudes de Didi e confesso que também não gostei particularmente do seu carácter. É muitas vezes mimada, superficial e até egoísta, com as prioridades erradas, tendo-me irritado por diversas vezes a sua indecisão relativamente a Samuel. Também não percebo a leviandade com que aceitou a sua natureza e as mudanças impostas, quando estas implicaram uma transformação tão significativa da sua vida.

    Os capítulos de que mais gostei foram aqueles que nos desvendaram um pouco sobre o passado das ninfas que tomam conta de Didi, Kati e Nadia: as esperanças, os sonhos, as convicções, as histórias de amor, de sobrevivência e de sacrifício. De facto, achei mais interessante conhecer estas duas ninfas do que a própria protagonista, apesar de também não concordar com algumas das suas atitudes.

   Mesmo no final, uma reviravolta inesperada levanta uma ponta do véu sobre o que poderá acontecer no próximo livro. Admito que não esperava esta mudança, o que me agradou, e que fiquei curiosa para saber que rumo os autores vão dar à história de Didi e das ninfas. Apesar de ter ficado algo desiludida com a narrativa - e, principalmente, com a escrita dos autores -, gostava de dar uma nova oportunidade às ninfas e perceber o que poderá seguir-se à misteriosa cena final deste livro.

 Música que aconselho para acompanhar a leitura: When You're Gone_Avril Lavigne

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