(Artigo de Opinião)
Autora: Shari Lapena
Título Original: The Couple Next Door (2016)
Tradução: Maria João Lourenço
ISBN: 978-972-23-6048-7
Nº de páginas: 296
Nº de páginas: 296
Editora: Editorial Presença
Sinopse
Cynthia disse a Anne que não levasse a filha Cora, a bebé de seis meses, para sua casa na noite do jantar para que ela e o marido Marco tinham sido convidados. Não era nada de pessoal. Ela simplesmente não suportava o choro de crianças. Marco não se opõe. Afinal, eles vivem no apartamento do lado. Têm consigo o intercomunicador e irão alternadamente, de meia em meia hora, ver como está a filha. Cora dormia da última vez que Anne a tinha ido ver. Mas, ao subir as escadas da casa em silêncio, ela depara-se com a imagem que sempre a aterrorizou. A menina desapareceu. Anne nunca tivera de chamar a polícia, antes disso. Mas agora eles estão lá, e quem sabe o que irão descobrir...
Do que seremos capazes, quando levados além dos nossos limites? O Casal do Lado é um thriller que nos leva de reviravolta em reviravolta até à última página.
Do que seremos capazes, quando levados além dos nossos limites? O Casal do Lado é um thriller que nos leva de reviravolta em reviravolta até à última página.
Este exemplar foi-me gentilmente cedido pela Editorial Presença em troca de uma opinião sincera
Opinião
Começo por agradecer à Editorial Presença pelo gentil envio do livro.
"O Casal do Lado", livro de estreia de Shari Lapena, tem recebido muitas e boas críticas, não só no estrangeiro como também a nível nacional, motivo pelo qual me chamou desde logo a atenção. Além disto, a temática abordada pelo livro - o rapto de crianças - é um tema bastante delicado, e senti curiosidade em ver o modo como a autora decidira abordar o tema neste thriller.
Marco e Anne Conti são um jovem casal que, pela primeira vez, deixam Cora, a filha de apenas seis meses, em casa, sozinha, enquanto vão jantar a casa dos vizinhos. A babysitter desmarcou à última da hora e eles acabaram por decidir que era de mau tom declinarem o convite tão em cima do acontecimento. Assim, apesar da hesitação de Anna, acabam por ir se dirigir à casa do lado, de Cynthia e Graham, combinando ir alternadamente verificar se estava tudo bem com a bebé em intervalos regulares.
Apesar de alguns percalços durante o jantar, tudo parece correr bem até que, quando regressam a casa, Marco e Anne percebem que a filha já não está no berço, onde a deixaram. Em pânico, ligam para a polícia, e assim começa a investigação do desaparecimento da pequena Cora, em que, como em muitas outras, os pais parecem ser os principais suspeitos. Terão Anne e Marco Conti alguma coisa a ver com o rapto da filha? Conseguirá a polícia encontrar alguma coisa nas parcas pistas e recuperar a bebé ainda com vida? Ou será já demasiado tarde?
A premissa deste livro é cativante e, ao mesmo tempo, provoca algum receio por abordar a temática do rapto de crianças. Sendo este um tema tão sensível, receei encontrar descrições demasiado cruas ou violentas, mas o que acaba por chocar neste livro é, de facto, imaginar o desespero dos pais.
Anne foi a personagem de que mais gostei, porque rapidamente se percebe que é uma mulher com várias camadas. Assomada por uma depressão pós-parto, abdicou do trabalho para cuidar da filha, mas ainda assim sente que faz um péssimo trabalho como mãe. As inseguranças e os problemas do passado, aliados à má relação entre os seus pais e o marido e à culpa por ter deixado a filha sozinha, exercem sobre ela uma enorme pressão, e achei interessante ver o efeito que isso começou a surtir na sua perceção dos factos.
Marco foi uma personagem que inicialmente me suscitou pena, mas que acabou por me irritar por se afogar constantemente em autocomiseração, e por não ser capaz de assumir as suas falhas. A minha opinião sobre ele variou bastante, à medida que íamos sabendo mais sobre a sua vida, mas chocaram-me algumas das suas atitudes. No entanto, admiro o trabalho que a autora teve em criar a densidade psicológica não só desta personagem, como também das restantes.
De facto, o núcleo de personagens é bastante pequeno, mas todas elas estão muito bem construídas. Consoante vamos mergulhando na trama e temos oportunidade de as ir conhecendo melhor, vamos descobrindo os seus segredos mais negros e percebendo que nem tudo é tão simples como possa parecer, e eu gostei bastante de ir construindo e modificando o meu ponto de vista de cada uma delas.
Só houve um aspeto do livro que me desagradou ligeiramente: penso que a autora revela as coisas demasiado rápido, em vez de manter o suspense até ao momento certo. Se, no início, dei por mim surpreendida e ansiosa com a direção que os acontecimentos estavam a tomar, mais para o final do livro o elemento surpresa começou a perder o efeito. Penso que a autora queria dar uma oportunidade ao leitor de tirar as suas próprias ilações, mas gostava que tivesse conseguido gerir melhor o fator suspense.
Apesar disso, os acontecimentos finais surpreenderam-me imenso, principalmente os das últimas páginas, que me deixaram sem palavras. Ainda precisei de um bocadinho para digerir e para ter a certeza se tinha lido bem. Foi, sem dúvida, um reviravolta com que não contava e que adorei.
A escrita de Shari é fácil de acompanhar, mas houve momentos em que senti que era um pouco pesada, sendo que a curiosidade era a única coisa a impelir a leitura. Penso que algumas expressões que se repetem demasiadas vezes poderá contribuir para esta situação, pois acabaram por quebrar um pouco o ritmo. Ainda assim, não foi motivo suficiente para pousar o livro, pois estava realmente embrenhada na teia de mentiras.
Esta é uma leitura que nos leva a tecer alguns juízos de valor relativamente às atitudes e à moralidade de Anne e Marco, por deixarem sozinha uma criança tão pequena. Além disso, faz-nos pensar como, por vezes, o desespero pode levar a atos mal pensados, de que não seríamos capazes se não estivéssemos em determinada situação, e como é fácil sermos manipulados sem darmos conta, até ser demasiado tarde para evitar os danos.
"O Casal do Lado" é um livro com um título que se revela bastante ambíguo, com uma trama angustiante cheia de reviravoltas e personagens bastante complexas. Explora o desespero humano e faz-nos refletir sobre até que ponto somos vulneráveis quando estamos numa situação complicada, e questionarmo-nos sobre aquilo de que somos capazes quando somos levadas além dos nossos limites. É um livro de que gostei muito e que aconselho!
"O Casal do Lado", livro de estreia de Shari Lapena, tem recebido muitas e boas críticas, não só no estrangeiro como também a nível nacional, motivo pelo qual me chamou desde logo a atenção. Além disto, a temática abordada pelo livro - o rapto de crianças - é um tema bastante delicado, e senti curiosidade em ver o modo como a autora decidira abordar o tema neste thriller.
Marco e Anne Conti são um jovem casal que, pela primeira vez, deixam Cora, a filha de apenas seis meses, em casa, sozinha, enquanto vão jantar a casa dos vizinhos. A babysitter desmarcou à última da hora e eles acabaram por decidir que era de mau tom declinarem o convite tão em cima do acontecimento. Assim, apesar da hesitação de Anna, acabam por ir se dirigir à casa do lado, de Cynthia e Graham, combinando ir alternadamente verificar se estava tudo bem com a bebé em intervalos regulares.
Apesar de alguns percalços durante o jantar, tudo parece correr bem até que, quando regressam a casa, Marco e Anne percebem que a filha já não está no berço, onde a deixaram. Em pânico, ligam para a polícia, e assim começa a investigação do desaparecimento da pequena Cora, em que, como em muitas outras, os pais parecem ser os principais suspeitos. Terão Anne e Marco Conti alguma coisa a ver com o rapto da filha? Conseguirá a polícia encontrar alguma coisa nas parcas pistas e recuperar a bebé ainda com vida? Ou será já demasiado tarde?
A premissa deste livro é cativante e, ao mesmo tempo, provoca algum receio por abordar a temática do rapto de crianças. Sendo este um tema tão sensível, receei encontrar descrições demasiado cruas ou violentas, mas o que acaba por chocar neste livro é, de facto, imaginar o desespero dos pais.
Anne foi a personagem de que mais gostei, porque rapidamente se percebe que é uma mulher com várias camadas. Assomada por uma depressão pós-parto, abdicou do trabalho para cuidar da filha, mas ainda assim sente que faz um péssimo trabalho como mãe. As inseguranças e os problemas do passado, aliados à má relação entre os seus pais e o marido e à culpa por ter deixado a filha sozinha, exercem sobre ela uma enorme pressão, e achei interessante ver o efeito que isso começou a surtir na sua perceção dos factos.
Marco foi uma personagem que inicialmente me suscitou pena, mas que acabou por me irritar por se afogar constantemente em autocomiseração, e por não ser capaz de assumir as suas falhas. A minha opinião sobre ele variou bastante, à medida que íamos sabendo mais sobre a sua vida, mas chocaram-me algumas das suas atitudes. No entanto, admiro o trabalho que a autora teve em criar a densidade psicológica não só desta personagem, como também das restantes.
Estava à espera que a autora explorasse também a história do detetive Rasbach, pois acho que é uma personagem que, se devidamente aprofundada, contribuiria bastante para a diversidade da história. Passei grande parte do livro curiosa, a ver se chegava o momento em que Shari iria partilhar com o leitor um pouco mais sobre a vida do detetive, até que percebi que a autora preferiu não desviar o foco do tema principal, que era o rapto da criança. Ainda assim, como referi, acho que a história teria saído a ganhar se o tivesse feito.
Só houve um aspeto do livro que me desagradou ligeiramente: penso que a autora revela as coisas demasiado rápido, em vez de manter o suspense até ao momento certo. Se, no início, dei por mim surpreendida e ansiosa com a direção que os acontecimentos estavam a tomar, mais para o final do livro o elemento surpresa começou a perder o efeito. Penso que a autora queria dar uma oportunidade ao leitor de tirar as suas próprias ilações, mas gostava que tivesse conseguido gerir melhor o fator suspense.
Apesar disso, os acontecimentos finais surpreenderam-me imenso, principalmente os das últimas páginas, que me deixaram sem palavras. Ainda precisei de um bocadinho para digerir e para ter a certeza se tinha lido bem. Foi, sem dúvida, um reviravolta com que não contava e que adorei.
A escrita de Shari é fácil de acompanhar, mas houve momentos em que senti que era um pouco pesada, sendo que a curiosidade era a única coisa a impelir a leitura. Penso que algumas expressões que se repetem demasiadas vezes poderá contribuir para esta situação, pois acabaram por quebrar um pouco o ritmo. Ainda assim, não foi motivo suficiente para pousar o livro, pois estava realmente embrenhada na teia de mentiras.
Esta é uma leitura que nos leva a tecer alguns juízos de valor relativamente às atitudes e à moralidade de Anne e Marco, por deixarem sozinha uma criança tão pequena. Além disso, faz-nos pensar como, por vezes, o desespero pode levar a atos mal pensados, de que não seríamos capazes se não estivéssemos em determinada situação, e como é fácil sermos manipulados sem darmos conta, até ser demasiado tarde para evitar os danos.
"O Casal do Lado" é um livro com um título que se revela bastante ambíguo, com uma trama angustiante cheia de reviravoltas e personagens bastante complexas. Explora o desespero humano e faz-nos refletir sobre até que ponto somos vulneráveis quando estamos numa situação complicada, e questionarmo-nos sobre aquilo de que somos capazes quando somos levadas além dos nossos limites. É um livro de que gostei muito e que aconselho!
Música que aconselho para acompanhar a leitura: Do You No Wrong_Richie Campbell
(https://www.youtube.com/watch?v=avVV-icjLi0)
Para mais informações sobre o livro O Casal do Lado, clique aqui.
Para mais informações consulte o site da Editorial Presença aqui
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