(Artigo de Opinião)
Autora: Rainbow Rowell
Título Original: Fangirl (2013)
Tradução: João Seixas
ISBN: 978-989-7-10209-7
Nº de páginas: 448
Editora: Edições Chá das Cinco
Sinopse
Cath ama os seus livros e a sua família. Haverá espaço para mais alguém?
Todo o mundo é fã dos livros de Simon Snow. Mas Cath vai mais longe: ser fã desses livros tornou-se a sua vida. Ela e a sua irmã gémea, Wren, refugiaram-se na obra de Simon Snow quando eram miúdas, e na verdade foi isso que as salvou da ruína emocional que foi a perda da mãe.
Ler. Reler. Interagir em fóruns, escrever ficção baseada na obra de Simon Snow, vestir-se como as personagens dos livros. Mas essas fantasias deixam de fazer sentido quando se cresce, e enquanto Wren facilmente abandona esse refúgio, Cath não consegue fazê-lo. Na verdade, nem quer.
Agora que vão para a universidade, Wren não quer ficar no mesmo quarto de Cath. E esta fica sozinha e fora da sua zona de conforto. Partilha o quarto com uma miúda arrogante; tem um professor que despreza os seus gostos; um colega atraente mas que apenas fala sobre a beleza das palavras... e, ainda por cima, Cath não consegue parar de se preocupar com o seu pai, tão querido, frágil e solitário.
A pergunta paira no ar: será que ela consegue triunfar sem que Wren lhe dê a mão? Estará preparada para viver a vida em seu nome? Escrever as suas próprias histórias? E se isso significar deixar Simon Snow para trás?
Este exemplar foi-me gentilmente cedido pela Edições Cha das Cinco em troca de uma opinião sincera
Opinião
Começo por agradecer à Chá das Cinco pelo gentil envio do livro.
Desde que li "Anexos", a minha estreia com Rainbow Rowell, que andava com imensa vontade de ler mais livros desta autora, e a publicação em Portugal de "Carry On - A História de Simon Snow" - um livro que tem sido muito bem recebido pela crítica - foi a oportunidade perfeita. No entanto, e apesar de "Carry On" ser um livro único, os protagonistas fazem parte de uma história que podemos encontrar em "Fangirl", motivo pelo qual decidi ler este primeiro. E a verdade é que gostei!
Cath e Wren são gémeas idênticas e, desde pequenas, têm sido sempre o apoio uma da outra. Desde que a mãe as deixou, ainda crianças, que se refugiam no universo de Simon Snow - um personagem de uma história de fantasia -, tendo acabado por passar grande parte da sua adolescência a escrever fancfics sobre ele, habitando esse mundo de fantasia onde tudo faz sentido.
No entanto, chegou a hora de ir para a universidade e Wren sente que precisa de se distanciar um pouco da irmã para poder criar a sua própria identidade. Porém, Cath está habituada a viver na sombra de Wren e não sabe bem o que fazer agora que não tem a irmã para a guiar.
Como se isso não bastasse, tem de aprender ainda a lidar com a sua peculiar - e algo rabugenta - colega de quarto, bem como com o amigo desta - com o qual se cruza involuntariamente de cada vez que este vai ao seu quarto -, com um professor que não compreende os seus gostos e com um colega de escrita criativa, cujas intenções ainda não conseguiu perceber. E tudo isto enquanto se preocupa com o estado de saúde do pai.
Conseguirá Cath adaptar-se à nova vida na universidade? E se para isso tiver de deixar Simon Snow no passado?
Gostei de observar a evolução de Cath ao longo do livro, bem como acompanhá-la na descoberta de si própria. No início da história, Cath é uma rapariga introspetiva e algo dependente, muito inocente, acostumada a seguir o exemplo da irmã e refugiando-se constantemente no seu mundo de fantasia, o seu ambiente seguro. Mas a ida para a faculdade e o afastamento da sua outra metade obrigam-na a crescer e a começar a fazer decisões por si própria, bem como a encontrar um grupo de amigos fora dos livros e da internet. Com o decorrer da história, Cath vai aprender que é importante adotar pequenas mudanças que a façam feliz, mas que deve sempre manter-se fiel a si própria.
Os capítulos que narram a vida de Cath alternam com alguns excertos da história de Simon Snow ou da fanfiction que esta escreve. No início, tive alguma curiosidade na história de Simon Snow - verdade seja dita, muito semelhante à de Harry Potter -, mas confesso que, mais ou menos a meio do livro, comecei a perder algum interesse nestes capítulos, pois queria regressar rapidamente às aventuras e desventuras de Cath.
Apesar de "Fangirl" ser essencialmente sobre Cath, acabamos por também seguir alguns episódios da vida de Wren. Wren é substancialmente diferente da irmã, o que, inicialmente, me levou por múltilplas vezes a questionar como é que, durante tantos anos, as duas foram tão unidas e depois sofreram uma rutura tão abrupta na relação ao chegarem à universidade. Ao contrário de Cath, Wren é uma rapariga mais extrovertida, que gosta de ir a festas e que facilmente se destaca, mas que nem sempre faz as escolhas mais corretas. Não gostei do facto de simplesmente ter abandonado a irmã ao chegar à universidade.
Nick, o colega de "Escrita Criativa" de Cath, foi uma personagem que me irritou. Tendo algum relevo na história, Nick foi-se insinuando na vida da protagonista, mas os seus motivos não eram os mais nobres. Por mais estranho que possa parecer, gostei de "não gostar" de Nick, pois fez-me ver que Rowell também consegue criar personagens egoístas e mesquinhas.
Já Levi foi uma constante lufada de ar fresco! Melhor amigo (ou namorado?) da colega de quarto de Cath, Levi é uma personagem que eu gostava que fosse real. Sempre bem disposto e um eterno otimista, é um rapaz amoroso que consegue ver Cath como ela é: uma rapariga tímida e com dificuldades em relacionar-se com as pessoas, mas que vale a pena conhecer.
Um dos grandes pontos positivos deste livro é, sem dúvida, a escrita da autora: adoro os diálogos entre as personagens, ver a forma como estas interagem. Rainbow Rowell sabe como prender os leitores nas pequenas perfeições e imperfeições das personagens que cria, mostrando não o lado bom ou o lado mau, mas sim o lado humano.
À semelhança de "Anexos", em "Fangirl" encontramos uma história bastante divertida e envolvente, com personagens interessantes e cheias de defeitos e de qualidades, o que as torna simultaneamente únicas e comuns: em suma, reais. Com uma escrita bem disposta e fácil de acompanhar, este é não só um livro que prova que um pouco de mudança pode trazer ao de cima um lado nosso que desconhecíamos e ajudar-nos a ganhar confiança em nós próprios, mas que é também uma homenagem a todos os leitores que sonham vidas para o seus heróis literários. Gostei muito!
Desde que li "Anexos", a minha estreia com Rainbow Rowell, que andava com imensa vontade de ler mais livros desta autora, e a publicação em Portugal de "Carry On - A História de Simon Snow" - um livro que tem sido muito bem recebido pela crítica - foi a oportunidade perfeita. No entanto, e apesar de "Carry On" ser um livro único, os protagonistas fazem parte de uma história que podemos encontrar em "Fangirl", motivo pelo qual decidi ler este primeiro. E a verdade é que gostei!
Cath e Wren são gémeas idênticas e, desde pequenas, têm sido sempre o apoio uma da outra. Desde que a mãe as deixou, ainda crianças, que se refugiam no universo de Simon Snow - um personagem de uma história de fantasia -, tendo acabado por passar grande parte da sua adolescência a escrever fancfics sobre ele, habitando esse mundo de fantasia onde tudo faz sentido.
No entanto, chegou a hora de ir para a universidade e Wren sente que precisa de se distanciar um pouco da irmã para poder criar a sua própria identidade. Porém, Cath está habituada a viver na sombra de Wren e não sabe bem o que fazer agora que não tem a irmã para a guiar.
Como se isso não bastasse, tem de aprender ainda a lidar com a sua peculiar - e algo rabugenta - colega de quarto, bem como com o amigo desta - com o qual se cruza involuntariamente de cada vez que este vai ao seu quarto -, com um professor que não compreende os seus gostos e com um colega de escrita criativa, cujas intenções ainda não conseguiu perceber. E tudo isto enquanto se preocupa com o estado de saúde do pai.
Conseguirá Cath adaptar-se à nova vida na universidade? E se para isso tiver de deixar Simon Snow no passado?
Gostei de observar a evolução de Cath ao longo do livro, bem como acompanhá-la na descoberta de si própria. No início da história, Cath é uma rapariga introspetiva e algo dependente, muito inocente, acostumada a seguir o exemplo da irmã e refugiando-se constantemente no seu mundo de fantasia, o seu ambiente seguro. Mas a ida para a faculdade e o afastamento da sua outra metade obrigam-na a crescer e a começar a fazer decisões por si própria, bem como a encontrar um grupo de amigos fora dos livros e da internet. Com o decorrer da história, Cath vai aprender que é importante adotar pequenas mudanças que a façam feliz, mas que deve sempre manter-se fiel a si própria.
Os capítulos que narram a vida de Cath alternam com alguns excertos da história de Simon Snow ou da fanfiction que esta escreve. No início, tive alguma curiosidade na história de Simon Snow - verdade seja dita, muito semelhante à de Harry Potter -, mas confesso que, mais ou menos a meio do livro, comecei a perder algum interesse nestes capítulos, pois queria regressar rapidamente às aventuras e desventuras de Cath.
Apesar de "Fangirl" ser essencialmente sobre Cath, acabamos por também seguir alguns episódios da vida de Wren. Wren é substancialmente diferente da irmã, o que, inicialmente, me levou por múltilplas vezes a questionar como é que, durante tantos anos, as duas foram tão unidas e depois sofreram uma rutura tão abrupta na relação ao chegarem à universidade. Ao contrário de Cath, Wren é uma rapariga mais extrovertida, que gosta de ir a festas e que facilmente se destaca, mas que nem sempre faz as escolhas mais corretas. Não gostei do facto de simplesmente ter abandonado a irmã ao chegar à universidade.
Nick, o colega de "Escrita Criativa" de Cath, foi uma personagem que me irritou. Tendo algum relevo na história, Nick foi-se insinuando na vida da protagonista, mas os seus motivos não eram os mais nobres. Por mais estranho que possa parecer, gostei de "não gostar" de Nick, pois fez-me ver que Rowell também consegue criar personagens egoístas e mesquinhas.
Já Levi foi uma constante lufada de ar fresco! Melhor amigo (ou namorado?) da colega de quarto de Cath, Levi é uma personagem que eu gostava que fosse real. Sempre bem disposto e um eterno otimista, é um rapaz amoroso que consegue ver Cath como ela é: uma rapariga tímida e com dificuldades em relacionar-se com as pessoas, mas que vale a pena conhecer.
Um dos grandes pontos positivos deste livro é, sem dúvida, a escrita da autora: adoro os diálogos entre as personagens, ver a forma como estas interagem. Rainbow Rowell sabe como prender os leitores nas pequenas perfeições e imperfeições das personagens que cria, mostrando não o lado bom ou o lado mau, mas sim o lado humano.
À semelhança de "Anexos", em "Fangirl" encontramos uma história bastante divertida e envolvente, com personagens interessantes e cheias de defeitos e de qualidades, o que as torna simultaneamente únicas e comuns: em suma, reais. Com uma escrita bem disposta e fácil de acompanhar, este é não só um livro que prova que um pouco de mudança pode trazer ao de cima um lado nosso que desconhecíamos e ajudar-nos a ganhar confiança em nós próprios, mas que é também uma homenagem a todos os leitores que sonham vidas para o seus heróis literários. Gostei muito!
Música que aconselho para acompanhar a leitura: Ed Sheeran_Who you are
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