(Artigo de Opinião)
Autor: Steven Erikson
Título Original: Gardens Of The Moon (1999)
Tradução: Carol Chiovatto
Adaptação: Susana Clara
Título Original: Gardens Of The Moon (1999)
Tradução: Carol Chiovatto
Adaptação: Susana Clara
ISBN: 978-989-637-627-7
Nº de páginas: 656
Nº de páginas: 656
Editora: Saída de Emergência
Sinopse
Quebrado pela guerra, o vasto império Malazano ferve de descontentamento. Os Queimadores de Pontes do Sargento Whiskeyjack e Tattersail, a feiticeira sobrevivente, nada mais desejam do que chorar os mortos do cerco de Pale. Mas Darujhistan, a última das Cidades Livres, ainda resiste perante a ambição sem limites da Imperatriz Laseen.
Todavia, parece que o Império não está sozinho neste grande jogo. Sinistras forças das trevas estão a ser reunidas à medida que os próprios deuses se preparam para entrar na contenda…
Todavia, parece que o Império não está sozinho neste grande jogo. Sinistras forças das trevas estão a ser reunidas à medida que os próprios deuses se preparam para entrar na contenda…
Concebido e escrito a uma escala panorâmica, Jardins da Lua é uma fantasia épica da mais elevada qualidade, uma aventura cativante da autoria de uma excecional nova voz.
Este exemplar foi-me gentilmente cedido pela Saída de Emergência em troca de uma opinião sincera
Opinião
Começo por agradecer à Saída de Emergência pelo gentil envio do livro.
Steven Erikson criou um mundo sólido e extremamente complexo, onde cada personagem ocupa o seu devido lugar e desempenha um papel que, por mais insignificante que aparente ser, tem um propósito no panorama geral da trama. A formação do autor, nas áreas da arqueologia e da antropologia, é bem notória na História que cerca o Império Malazano. Todos os pormenores se encaixam para dar a máxima credibilidade ao universo criado, e as descrições sublimes do espaço, do tempo, das personagens e da ação vêm reforçar a magistralidade da obra.
Confesso que, numa primeira fase, não me senti muito à vontade com o modo como o autor introduzia a história e as personagens, e com a forma como a trama era narrada. Houve alturas em que senti que Erikson partia do pressuposto de que o leitor teria a capacidade de entender e de entrar no mundo criado sem que este lhe fosse devidamente apresentado, como se partíssemos para a leitura já com um conhecimento avançado sobre a história. Além disso, neste livro encontramos um enredo complexo - um mundo novo, com muitas personagens (muitas delas com nomes verdadeiramente estranhos!), muitas intrigas e muito pormenores - e, se não estivermos devidamente concentrados, é fácil perdermo-nos nos detalhes e, consequentemente, na ação. O autor criou um universo tão fantasticamente intrincado e dinâmico, onde há tanto a explorar e a apreender, que uma pequena distração momentânea pode significar uma perda da linha condutora. Porém, o ritmo de leitura vai aumentando progressivamente assim que nos vamos habituando ao estilo do autor.
Encontramos todo o tipo de elementos que poderíamos desejar que povoassem um bom livro de fantasia, e a diversidade de seres e de personagens é, de facto, mais um factor que contribui para a singularidade da leitura. Palco de criaturas singulares, desde dragões a zombies, passando por uma variedade de povos e raças com costumes, tradições e regras próprias, "Jardins da Lua" é também pautado por inúmeras conspirações e possui um sistema de magia inovador e bem construído. A par da incrível e original dimensão mágica, é também forte a componente estratega presente em quase toda a obra.
Este livro prima também pelas reviravoltas sucessivas, intrigas múltiplas e pela ação intensa, o que pode ser algo bom ou mau, consoante o prisma segundo o qual encaramos a questão. Se por um lado significa que a história nunca se torna aborrecida - pelo contrário, consegue surpreender -, por outro, implica que o leitor faça um novo esforço para se reajustar aos novos moldes. Ao longo do livro, o autor leva-nos a adotar a perspetiva de determinados personagens, o que é interessante por nos permitir compreender determinadas atitudes e comportamentos, mas algo confuso por partilharmos a ignorância da personagem e só percebermos a dimensão de alguns acontecimentos um pouco mais à frente - sentindo que talvez nos tenha escapado algo importante e cedendo à tentação de voltar atrás e reler. Mas, finda a história, é fácil perceber porque é esta obra considerada um arquétipo da fantasia épica.
Devo destacar o formidável trabalho da editora no grafismo e no design do livro: a edição está realmente bonita! São também de salientaros elementos "extra" que nos ajudam a conhecer melhor os locais e as personagens, como os mapas e uma espécie de compêndio de personagens no início do livro, um glossário no final e, no interior da capa, ilustrações das principais personagens, legendadas, que facilitam a atribuição de um rosto aos nomes.
"Jardins da Lua" vem iniciar a Saga do Império Malazano, uma série de dez livros que é considerada uma das melhores da fantasia épica, sendo Steven Erikson até comparado a George R. R. Martin, autor das mundialmente famosas "Crónicas de Gelo e Fogo". Apesar de ter partido para a leitura com expectativa elevada e de, a princípio, não ter conseguido inteirar-me da história como pretendia, a verdade é que esta foi uma leitura espetacular!
Steven Erikson criou um mundo sólido e extremamente complexo, onde cada personagem ocupa o seu devido lugar e desempenha um papel que, por mais insignificante que aparente ser, tem um propósito no panorama geral da trama. A formação do autor, nas áreas da arqueologia e da antropologia, é bem notória na História que cerca o Império Malazano. Todos os pormenores se encaixam para dar a máxima credibilidade ao universo criado, e as descrições sublimes do espaço, do tempo, das personagens e da ação vêm reforçar a magistralidade da obra.
Confesso que, numa primeira fase, não me senti muito à vontade com o modo como o autor introduzia a história e as personagens, e com a forma como a trama era narrada. Houve alturas em que senti que Erikson partia do pressuposto de que o leitor teria a capacidade de entender e de entrar no mundo criado sem que este lhe fosse devidamente apresentado, como se partíssemos para a leitura já com um conhecimento avançado sobre a história. Além disso, neste livro encontramos um enredo complexo - um mundo novo, com muitas personagens (muitas delas com nomes verdadeiramente estranhos!), muitas intrigas e muito pormenores - e, se não estivermos devidamente concentrados, é fácil perdermo-nos nos detalhes e, consequentemente, na ação. O autor criou um universo tão fantasticamente intrincado e dinâmico, onde há tanto a explorar e a apreender, que uma pequena distração momentânea pode significar uma perda da linha condutora. Porém, o ritmo de leitura vai aumentando progressivamente assim que nos vamos habituando ao estilo do autor.
Este livro prima também pelas reviravoltas sucessivas, intrigas múltiplas e pela ação intensa, o que pode ser algo bom ou mau, consoante o prisma segundo o qual encaramos a questão. Se por um lado significa que a história nunca se torna aborrecida - pelo contrário, consegue surpreender -, por outro, implica que o leitor faça um novo esforço para se reajustar aos novos moldes. Ao longo do livro, o autor leva-nos a adotar a perspetiva de determinados personagens, o que é interessante por nos permitir compreender determinadas atitudes e comportamentos, mas algo confuso por partilharmos a ignorância da personagem e só percebermos a dimensão de alguns acontecimentos um pouco mais à frente - sentindo que talvez nos tenha escapado algo importante e cedendo à tentação de voltar atrás e reler. Mas, finda a história, é fácil perceber porque é esta obra considerada um arquétipo da fantasia épica.
Devo destacar o formidável trabalho da editora no grafismo e no design do livro: a edição está realmente bonita! São também de salientaros elementos "extra" que nos ajudam a conhecer melhor os locais e as personagens, como os mapas e uma espécie de compêndio de personagens no início do livro, um glossário no final e, no interior da capa, ilustrações das principais personagens, legendadas, que facilitam a atribuição de um rosto aos nomes.
"Jardins da Lua" é o início perfeito para uma saga que promete dar cartas e que tem tudo para agradar ao fãs mais exigentes do género fantástico. Apesar de não ser uma leitura leve e de carecer de algum tempo e concentração para ser verdadeiramente compreendida e apreciada, é, sem dúvida, uma série que recomendo aos leitores que gostam de uma leitura desafiante, e principalmente aos amantes de fantasia! Felicito a Saída de Emergência pela aposta neste autor e nesta série, e espero que o segundo volume esteja para breve!
Música que aconselho para acompanhar a leitura: Soldier_Fleurie
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