segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

Opinião sobre "O Lar da Senhora Peregrine Para Crianças Peculiares" (O Lar da Senhora Peregrine Para Crianças Peculiares #1) - Ransom Riggs

O Lar da Senhora Peregrine Para Crianças Peculiares
(O Lar da Senhora Peregrine Para Crianças Peculiares #1)
(Artigo de Opinião)



Autor: Ransom Riggs
Título Original: Miss Peregrine's Home for Peculiar Children (2015)
Tradução: Victor Antunes
ISBN: 978-989-657-861-9
Nº de páginas: 344
Editora: Bertrand Editora


Sinopse


       Uma terrível tragédia familiar leva Jacob, um jovem de dezasseis anos, a uma ilha remota na costa do País de Gales, onde encontra as ruínas do lar para crianças peculiares, criado pela senhora Peregrine.


     Ao explorar os quartos e corredores abandonados, apercebe-se de que as crianças do lar eram mais do que apenas peculiares; podiam também ser perigosas. É possível que tivessem sido mantidas enclausuradas numa ilha quase deserta por um bom motivo. E, por incrível que pareça, podem ainda estar vivas...


     Um romance arrepiante, ilustrado com fantasmagóricas fotografias vintage, que fará as delícias de adultos, jovens e todos aqueles que apreciam o suspense.



Este exemplar foi-me gentilmente cedido pela Bertrand Editora em troca de uma opinião sincera


Opinião

      Começo por agradecer à Bertrand Editora pelo gentil envio do livro.

    "O Lar da Senhora Peregrine Para Crianças Peculiares" conseguiu dividir-me. Se por um lado adorei a ideia-base em que a história assenta, por outro estava à espera de um desenvolvimento mais marcante e dinâmico.
   
     Em primeiro lugar, tenho de elogiar a edição do livro: está simplesmente fantástica! Tenho de deixar os meus parabéns à Bertrand, porque desde os detalhes na paginação até às páginas de mudança dos capítulos, tudo está verdadeiramente perfeito!

    Conhecemos Jacob Portman, um rapaz de dezasseis anos, no dia em que o seu avô morre em circunstâncias muito suspeitas. Atormentado com pesadelos sobre monstros que não podem ser reais, Jacob começa a frequentar um psicólogo e a fazer terapia, enquanto tenta esquecer as últimas palavras de Abe Portman. Porém, quando as pistas começam a fazer sentido e o levam a uma pequena ilha do País de Gales - aquela onde o avô cresceu, num alegre lar e sob a tutela da Senhora Peregrine - Jacob começa a ponderar que talvez o avô não seja tão louco como pensava e que talvez, só talvez, as suas assustadoras histórias possam ter um fundo de verdade.

    Jacob é um jovem que cresceu ao som das histórias da infância do avô - um homem obrigado a fugir durante a 2ª Guerra Mundial - e que tem com ele uma grande ligação afetiva, ligação essa que o leva a querer perceber que pessoa foi e o que terá realmente acontecido no dia da sua morte. É através do rapaz que entramos na história e gostei bastante do seu sentido de humor - como dizer? - peculiar. Consegue transmitir a confusão, o abandono e, acima de tudo, o facto de se sentir deslocado, como se não pertencesse a lugar nenhum. Gostava que o autor se tivesse debruçado mais sobre as personagens, uma vez que esperava que elas tivessem mais profundidade. Apesar disso, gostei das crianças, das suas peculiaridades e, principalmente, das explicações sobre quem são e como funciona a sua forma de vida.

    Na minha opinião, o maior ponto forte do livro é, sem dúvida, o facto de o autor ter escolhido algumas fotos vintage com elementos peculiares e ter conseguido criar uma história a partir daí. A originalidade é o fator determinante neste livro e gostei muito de ver como o autor ia encaixando as fotos na história de uma forma credível e convincente.

    A primeira parte do livro, antes de Jacon chegar à ilha, é muito detalhada, o que deveria ser bom, mas atrasou bastante a leitura e demorou um pouco até conseguir entrar na história. Serve de contexto ao que depois acontece - situa o ambiente familiar de Jacob, descreve o trauma com que o jovem ficou após o assassinato do homem por quem tanto carinho nutria e explica os motivos que o levaram a querer ir desvendar o passado do avô -, mas, excetuando alguns momentos pontuais, não conseguiu agarrar-me verdadeiramente.

     O livro está muito bem escrito, mas o decorrer da ação é demasiado lento, com muitas passagens desnecessárias que quebram o ritmo de leitura e que acabam por se tornar aborrecidas. Gostei do facto de realmente conseguir visualizar o ambiente, graças às detalhadas descrições do autor, mas gostava que a história tivesse tido mais força. Quando as crianças entraram no plano de ação, senti que a narrativa ganhava um novo ímpeto e que começava realmente a avançar, o que me levou a gostar bem mais da segunda parte da história. Porém, a sinopse prometia algo mais assustador, com crianças que poderiam ser perigosas e, na minha opinião, tal não poderia estar mais longe da realidade do livro.

   Confesso que esperava bem mais terror e suspense, o que me levou a ficar um bocadinho desiludida. Tudo indiciava elementos mais sombrios, misteriosos, e a sua ausência gorou as minhas expectativas. Acho que a história é boa, mas a verdade é que estava à espera de mais. No entanto, com viagens no tempo, um pano de fundo ligado à 2ª Guerra Mundial, um ambiente estranhamente bizarro, uma componente romântica agradável e personagens invulgares, "O Lar da Senhora Peregrine Para Crianças Peculiares" é um livro esteticamente bonito e apelativo, com uma premissa original, que parte de uma ideia interessante e que proporciona uma leitura diferente. Apesar de nem tudo ter sido perfeito, gostava de continuar a acompanhar este grupo de pessoas singulares, embarcando em "Cidade sem Alma", porque, depois um final que, não sendo completamente aberto, também não é nem por sombras conclusivo, estou curiosa sobre o que o futuro reserva para os peculiares!
 Música que aconselho para acompanhar a leitura: Wish That You Were Here_Florence + The Machine

Sem comentários:

Enviar um comentário